terça-feira, dezembro 15, 2009

O AMOR E A FÉ


Mensagem pregada em 12/12/2009, no casamento de Ruben Marcelino e Carla Saueresig na paróquia Luterana dos Três Reis Magos, em Novo Hamburgo - RS.

O AMOR E A FÉ


Deus é Amor


"E o amor consiste no seguinte: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou, e nos enviou o seu filho como vítima expiatória por nossos pecados". I João 4.10


INTRODUÇÃO


Estamos reunidos aqui para celebrar o amor, este sentimento que não pode ser completamente explicado em palavras, mas que nasce no coração, supera as distâncias, une duas histórias de vida diferentes e as transforma numa só. O amor uniu Carla e Ruben.


Com a sua poderosa força, o amor produz esperança, porque alimenta os sonhos. Quando ele é experimentado no ambiente do lar, que é onde nos refugiamos após as lutas diárias, então seremos fortes e capazes de lutar por um mundo melhor e mais justo.


De onde vem este sentimento tão poderoso? Como ele enternece o coração e nos torna mais humanos?



1) O Amor Vem de Deus


É iniciativa de Deus para os seus filhos.


A tendência moderna dos relacionamentos aponta para pessoas cada vez mais isoladas. A alta competitividade em todos os setores da vida aumenta a insegurança e aguça o medo de sermos condenados á exclusão profissional, acadêmica ou familiar. Neste sentido, a palavra de Deus vem nos consolar quando afirma que o amor não parte do ser humano, mas é uma iniciativa Divina em nossa direção.


Ao soprar em nossas narinas o fôlego da vida, Deus compartilhou conosco a sua essência, nos tornou semelhantes a ele e nos fez capazes de amar.


Ruben e Carla estão aqui, diante de sua família, amigos e da igreja, porque Deus plantou em seus corações a semente do amor que permitiu que um se tornasse tão importante para o outro que eles decidiram seguir juntos pelo resto de suas vidas.


Em sua encarnação, Jesus nos comunica o grande amor de Deus.


Apesar de tanto cuidado, o ser humano decidiu caminhar por conta própria e se afastou de Deus. Como resultado de sua aventura ele descobriu o ódio, a intolerância e as guerras.


Triste e com saudade dos seus filhos queridos, Deus enviou Jesus para viver entre os homens, a fim de anunciar o seu amor de uma forma que eles pudessem entender, e para lhes ensinar o caminho de volta para casa paterna.



2) O Amor é Uma Experiência Comunitária.


É impossível amar sozinho.


A solidão corrompe o amor e o transforma em narcisismo, egoísmo e em outras patologias. Como dizia o poeta: "É impossível ser feliz sozinho." (Tom Jobim). Não podemos ver Deus. Esta barreira que parece ser intransponível começa a ser superada a partir do convívio com as outras pessoas.


Nos momentos em que a tristeza e a angústia machucam o coração, os amigos encarnam o amor de Deus trazendo o seu consolo, o conforto e a orientação na hora em que nos oferecem o ombro para chorarmos ou simplesmente quando ouvem o nosso desabafo com paciência.


Ao passarem por situações difíceis, ou se sentirem sufocados pelas obrigações do dia a dia, Carla e Ruben terão a chance ajudar um ao outro e, assim, experimentarem a alegria de se sentirem amados pelo Pai.


O amor é o ambiente a partir do qual podemos perceber a presença de Deus.


O Avanço tecnológico das últimas décadas tornou simples algumas tarefas que antes eram muito complicadas. O fácil acesso a computadores cada vez mais rápidos produziu a falsa impressão de onipotência: uma pessoa sendo capaz de realizar o serviço de dez, representa a liberdade prometida pela globalização.


O conforto de substituir o esforço físico por apenas alguns cliques no mouse, produziu um sério efeito colateral: o acúmulo de atividades. Todo o tempo está preenchido, cada segundo é monitorado pelas empresas que buscam o aumento de sua produtividade.


Estar ocupado é sinal de sucesso. Ninguém quer ser visto parado porque isto é sinal de irrelevância. Separar um momento para interromper as atividades e orar, soa como uma proposta absurda. No meio de toda esta agitação Deus continua falando e para ouvir a sua voz, precisamos parar prestar atenção nos detalhes e nos pequenos milagres do dia a dia.


Pelo amor, entramos em sintonia com Deus e nos tornamos capazes de ouvir a sua voz. Meu desejo para Ruben e Carla é que eles exercitem o seu amor de tal forma, que no seu lar seja possível ouvir a voz de Deus em cada palavra que um disser ao outro.



3) Medo: Antítese do amor.


O amor dispensa o uso das máscaras.


No convívio social nos esforçamos para ser cordiais e bem humorados, mesmo quando, na realidade, estamos profundamente irritados. Nós fazemos isto porque tememos a rejeição.


A grande bênção do amor é que não precisamos fingir para sermos aceitos. O (a) meu (minha) amado (a) me ama do jeito que eu sou, apesar dos meus defeitos. Porque eu amo, buscarei corrigir as minhas falhas, pois quero vê-lo (a) feliz.


O verdadeiro amor expulsa o medo.


O ser humano é um conjunto de qualidades e defeitos. Por mais que desejemos fazer tudo certo, em algum momento, alguma coisa sairá errada. Ninguém é inocente diante de Deus ou de seu próximo, por isso precisamos de humildade para pedir perdão, e para admitir que é a partir do relacionamento com o outro, que vamos nos corrigir e nos aperfeiçoar enquanto pessoas, conforme afirma o texto de Provérbios 27.17: “O ferro se afia com o ferro, e a pessoa se afia com a presença do seu próximo”.



CONCLUSÃO


Para finalizar, deixo a minha recomendação ao casal, que foi proferida pelo sábio escritor do livro do Eclesiastes: "Portanto, vá, coma o seu pão com alegria e beba o seu vinho com satisfação, porque com isso Deus já foi bondoso para com você. Que suas roupas sejam brancas o tempo todo, e nunca falte perfume em sua cabeça. Goze a vida com a esposa (esposo) que você ama, durante todos os dias da vida fugaz que Deus lhe concede debaixo do sol. Essa é a porção que lhe cabe na vida e no trabalho com que você se afadiga debaixo do sol". Eclesiastes 9.7-9. Curtam-se, amem-se, e sejam muito felizes. Amém.



REFERÊNCIAS


BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral – Tradução Ivo Storniolo, Euclides Martins Balancin – Paulus – SP – 1991.

Nenhum comentário: