terça-feira, dezembro 30, 2008

RETROSPECTIVA

RETROSPECTIVA
"Sabemos que todas as coisas concorrem para o bem dos que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o projeto dele" Romanos 8. 28
Fazer uma retrospectiva é olhar para trás, com distanciamento, para os fatos que marcaram um período. Este olhar pode ser de saudade, tristeza ou celebração, mas ele representa a verdade incontestável de que, por mais difícil que a vida tenha sido, ela avançou.
Em um ano planos são feitos e outros frustrados, pessoas nascem e morrem, tristezas e alegrias se revesam sem avisar com antecedência. Esta tensão produz a dinâmica da vida e a sabedoria está em trazer as boas memórias à tona a fim de que elas produzam esperança nos momentos difíceis.
A retrospectiva é um tempo para contabilizar erros e acertos, rever planos, corrigir rotas. Neste processo reconhecemos os limites e temos a chance de permitir a intervenção de Deus em nossas histórias.
A natureza humana é imperfeita, ainda que a intensão de acertar seja grande, estamos sujeitos a falhas. A graça divina oferece oportunidades porque recicla os erros, descobre valor mesmo no maior fracasso e é capaz de construir, a partir dele, novos caminhos onde não havia esperança.
Quando olhamos para a vida utilizando as lentes do amor divino, todas as coisas concorrem para o bem e nos preparam para enfrentar com a cabeça erguida, os desafios que virão pela frente.
FELIZ 2009!
É o desejo do Compartilhando Palavras a todos leitores amigos que nos acompanham.

segunda-feira, dezembro 29, 2008

APROVEITE A VIDA - PROG 01

APROVEITE A VIDA

“Então examinei as coisas que se fazem debaixo do sol, e cheguei à conclusão de que tudo é fugaz, uma corrida atrás do vento.” Eclesiastes 1.14 (Edição Pastoral)

Diante de uma sociedade obcecada pelo acúmulo de poder e de riqueza, onde uma pessoa não vale pelo que é, mas pelo que tem ou pelo que faz, o Coélet(1) exprime a sua opinião: tudo é fugaz.

Em busca do reconhecimento de seu valor como pessoa, o indivíduo se submete a pressões cada vez maiores e assume tantas tarefas que, para dar conta de tudo, ele se afasta da família e dos amigos porque não tem tempo. Esta sede de realização pessoal pelo ativismo leva a uma inversão de valores: o poder torna-se mais importante que o amor, os colegas de trabalho substituem os amigos e a solidão transforma-se no resultado de uma vida exclusivamente voltada para o trabalho. Uma corrida atrás do vento!

Por mais que se tente ignorar este fato, a vida é fugaz. O ser humano deseja ser eterno e poderoso, ele tenta convencer-se de que tem o controle sobre a sua vida, sobre o outro, sobre a natureza, etc. Mas freqüentemente é surpreendido pela doença, pelas tragédias e pela morte, sobre as quais ele não possui nenhum controle.

A fraqueza é um defeito imperdoável neste mundo de fortes, ela precisa ser escondida a qualquer custo. Os fracos não são bem-vindos e devem ser excluídos. A idéia da morte incomoda porque apresenta a fraqueza essencial do homem: desde o poderoso chefe de Estado até o anônimo mendigo, ninguém pode fugir dela.

Visto que a vida é um bem tão precioso, mas ao mesmo tempo tão tênue, qual é o proveito de se acumular tanto poder, tanta riqueza e depois não ter com quem desfrutar os resultados do “trabalho com que se afadiga debaixo do sol”? (Ecl. 1.3)

A preocupação do Coélet é com a qualidade de vida. De que forma este dom, que é a vida, tem sido utilizado? Que futuro será construído a partir das escolhas que são feitas hoje? Qual é o sentido de toda essa agitação? A maneira como estas perguntas serão respondidas determinarão se uma vida é produtiva e feliz ou se está sendo desperdiçada numa rotina desgastante de acordar, alimentar-se, trabalhar, voltar para casa, dormir, acordar...

O dinheiro, o poder e o sucesso só fazem sentido quando podem ser compartilhados. Ter uma comunidade com quem celebrar conquistas obtidas como fruto do trabalho traz uma razão para todo o esforço, é dom de Deus (Ecl. 5.18). “Fomos criados para amar, para conviver em amizade e comunhão com o Criador e toda a sua criação.” (2) A vida é curta e não deve ser desperdiçada. Aproveite a oportunidade que você recebeu, aproveite o dia. Esta é a vontade de Deus.

NOTAS

(1)Coélet é a forma aportuguesada do hebraico Qohélet, termo utilizado pelo autor para referir-se a si mesmo.(2) SOUZA, Ricardo Barbosa de. O Caminho do Coração, p. 61.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SOUZA, Ricardo Barbosa de. O Caminho do Coração – Ensaios sobre a Trindade e a Espiritualidade Cristã. Encontro Publicações - Curitiba – 2002

BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral – Tradução Ivo Storniolo, Euclides Martins Balancin – Paulus – SP – 1991

quinta-feira, dezembro 25, 2008

HANDEL - MESSIAH - FOR UNTO US A CHILD IS BORN




HANDEL - MESSIAH - FOR UNTO US A CHILD IS BORN
George Frederic Händel
Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Isaias 9.6

For unto us a Child is born, unto us a Son is given, and the government shall be upon His shoulder; and his name shall be called Wonderful, Counsellor, the Mighty God, the Everlasting Father, the Prince of Peace. Isaiah 9.6

quarta-feira, dezembro 24, 2008

G. F. HANDEL - MESSIAH - HALLELUJAH (GERMAN) - KARL RICHTER




The Messiah Hallelujah (tradução)
George Frederic Händel
Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia
Aleluia, aleluia
****************************
Para o Senhor Deus onipotente
Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia
Para o Senhor Deus onipotente
Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia
Para o Senhor Deus onipotente
Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia
****************************
Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia
(Para o Senhor Deus onipotente)
Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia
*****************************
Para o Senhor Deus onipotente
Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia
O reino deste mundo é tornado o reino de nosso Senhor
E do Seu Cristo, e do Seu Cristo
*****************************
E reinará para todo o sempre
E ele reinará eternamente
E reinará eternamente
E reinará eternamente
****************************
Ao Rei dos reis eternamente e sempre
Aleluia, aleluia
E Senhor dos senhores eternamente e sempre
Aleluia, aleluia
Ao Rei dos reis eternamente e sempre
Aleluia, alelui
aE Senhor dos senhores eternamente e sempre
Aleluia, aleluia
Ao Rei dos reis eternamente e sempre
Aleluia, aleluia
E Senhor dos senhores eternamente e sempre
Aleluia, aleluia
****************************
E reinará
E reinará
E reinará, reinará
E reinará eternamente e sempre
****************************
Ao Rei dos reis eternamente e sempre
E Senhor dos senhores eternamente e sempre
Aleluia, aleluia
E reinará eternamente e sempre
****************************
Ao Rei dos reis eternamente e sempre
E Senhor dos senhores eternamente e sempre
Aleluia, aleluia
E reinará eternamente e sempre
****************************
Eternamente e sempre e sempre e sempre
(Rei dos reis e Senhor dos senhores)
Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia, aleluia

VIVER É DECIDIR

VIVER É DECIDIR

"Que teu coração deposite toda a sua confiança no Senhor! Não te firmes em tua própria sabedoria! Sejam quais forem os teus caminhos, pensa nele, e ele aplainará tuas sendas". Provérbios 3.5-6
A vida é resultado das nossas escolhas. A decisão de hoje pode afetar o estilo de vida daqui a cinco ou dez anos, mas não há como testar previamente o resultado de cada opção para evitar desapontamentos. É necessário apostar no que consideramos melhor, e pagar o preço para saber se dará certo ou não.
Foto de Cristina Pacheco

Mesmo que aparentemente insignificante, uma escolha pode envolver pressões familiares, sociais e profissionais, que vão além do simples desejo de casar com alguém, ser um advogado ou tornar-e um artista. No processo de avaliar cada uma destas pressões, há o risco de se perder a autonomia e ceder para outros o direito da decisão. Desta forma, assumimos como nossa uma escolha pré- determinada, que não admite ser contestada.

O livro de provérbios é uma coletânea de ditados populares que exaltam o valor da sabedoria. De nada adianta ter dinheiro ou poder e não ser sábio. A orientação divina é o tesouro mais desejável. Confiar em Deus e não se apoiar no próprio entendimento não é assumir uma atitude passiva diante dos acontecimentos, pelo contrário, é olhar a vida por uma ótica libertadora, é avaliar com maturidade os prós e contras de uma decisão e receber os seus resultados, bons ou maus, com a cabeça erguida pela certeza de que foram as escolhas possíveis mas, acima de tudo, foram as nossas escolhas.

Lembrar de Deus é reconhecer a nossa humanidade, admitir que não há como dar conta de todas as exigências e que o seu amor sempre oferece uma oportunidade para recomeçar e a sua graça transforma até mesmo os erros em bênção.

NOITE SANTA

NOITE SANTA
Mark Hayes & Adolphe Adam
Noite de Amor, estrela radiante.
Porque nasceu o menino que é Deus.
Para salvar o homem do pecado,
Com grande glória se abrem os céus.
***********************************
O mundo enfim exulta de esperança,
Na noite em que nasceu o salvador
Cristo é o Rei. Agora e para sempre,
Natal, Natal! Nasceu o Redentor.
***********************************
O redentor livrou-nos do pecado,
E livres somos para adorarmos o Pai.
Cheios de amor levemos a mensagem,
Do evangelho do nosso Senhor.
***********************************
Felizes cantaremos a esperança,
Jesus o Rei dos reis e Salvador,
Cristo é o Rei agora e para sempre.
Natal, Natal! Nasceu o Redentor.

sábado, dezembro 20, 2008

TELEGRAMA - ZECA BALEIRO




TELEGRAMA
Zeca Baleiro
Eu tava triste tristinho
mais sem graça que a top model magrela na passarela
eu tava só sozinho
mais solitário que um paulistano
que um canastrão na hora que cai o pano
(que um vilão de filme mexicano)
tava mais bobo que banda de rock
que um palhaço do circo Vostok
*********************************
Mas ontem eu recebi um telegrama
era você de Aracaju ou do Alabama
dizendo nego sinta-se feliz
porque no mundo tem alguém que diz
que muito te ama que tanto te ama
**********************************
Por isso hoje eu acordei com uma vontade danada
de mandar flores ao delegado
de bater na porta do vizinho e desejar bom dia
de beijar o português da padaria
oh mama oh mama oh mama
quero ser seu
quero ser seu
quero ser seu

LENHA - ZECA BALEIRO





LENHA
Zeca Baleiro

Eu não sei dizer
O que quer dizer
O que vou dizer
Eu amo você
Mas não sei o quê
Isso quer dizer...
*********************
Eu não sei por que
Eu teimo em dizer
Que amo você
Se eu não sei dizer
O que quer dizer
O que vou dizer...
*********************
Se eu digo: Pare!
Você não repare
No que possa parecer
Se eu digo: Siga!
O que quer que eu diga
Você não vai entender
Mas se eu digo: Venha!
Você traz a lenha
Pro meu fogo acender
Mas se eu digo: Venha!
Você traz a lenha
Pro meu fogo acender...
**********************
Eu não sei dizer
O que quer dizer
O que vou dizer
Eu amo você
Mas não sei o quê
Isso quer dizer...
**********************
Eu não sei por que
Eu teimo em dizer
Que amo você
Se eu não sei
O que quer dizer
O que vou dizer...
***********************
Se eu digo: Pare!
Você não repare
No que possa parecer
Se eu digo: Siga!
O que quer que eu diga
Você não vai entender
Mas se eu digo: Venha!
Você traz a lenha
Pro meu fogo acender...
***********************
Mas se eu digo: Venha!
Você traz a lenha
Pro meu fogo acender...(5x)

quarta-feira, dezembro 17, 2008

"CHICO MENDES MATOU A SI MESMO"

"CHICO MENDES MATOU A SI MESMO"
Darly conta outra versão para morte do seringueiro

Vinte anos depois, o Fantástico volta à terra onde foi assassinado o líder seringueiro famoso no mundo inteiro que travava uma luta em defesa do meio ambiente. O repórter Ernesto Paglia conversou com as pessoas que ajudam a manter viva a floresta e a memória de Chico Mendes e encontrou o homem condenado como mandante do crime.

Caminhar na floresta bota as coisas em perspectiva. Seu Sebastião, primo-irmão de Chico Mendes, é guardião de uma história que acabou em tragédia. Tudo por causa deste chão: o seringal cachoeira que fica no município de Xapuri, no Acre.

Fantástico: Quer dizer, hoje isso aqui era para ser pasto?

Sebastião Mendes: Hoje isso aqui era só pasto e boi.

Fantástico: E o senhor prefere assim?

Sebastião Mendes: Eu prefiro a floresta, porque tem a caça, tem o peixe, tem o passarinho, o papagaio, o tucano, e o seringueiro hoje vive na sua matinha dele feliz da vida, muito melhor que na cidade, que não tem emprego.

Por essa vida de seringueiro, morreu Chico Mendes. Líder sindical, Chico brigou quase dez anos contra a derrubada da floresta para fazer pasto.

“Hoje, nós vivemos em uma situação muito difícil, que não é mais uma questão local, mas sim uma questão nacional”, disse Chico Mendes, em discurso.

O desmatamento acabava com as árvores. Mais do que isso, para os seringueiros, ele significava a expulsão do paraíso de onde tiravam o sustento: a seiva, o látex, matéria-prima da borracha natural.

Os seringueiros não eram donos da terra – trabalhavam na mata com autorização do fazendeiro, em troca de parte da produção. Quando os proprietários venderam a área para criadores de gado, vindos do Sul, começou a briga.

A turma de Chico Mendes inventou o "empate". Os seringueiros e suas famílias entravam na mata, confiscavam motosserras, faziam de tudo para impedir o trabalho do pessoal do fazendeiro.

O outro lado também estava decidido e reagia com violência. Ao longo do ano de 1988, vários sindicalistas foram assassinados em Xapuri. Em dezembro de 1988, Chico entrou na alça de mira dos matadores.

"Ele foi abrindo uma porta, pode ver que ainda há marcas de sangue. Ele foi atingido logo que saiu. Quando abriu a porta, se apoiou. Ainda tem marcas de sangue. Nós não mexemos na parede", conta Elenira Mendes, filha do seringueiro.

Aos 44 anos, Francisco Mendes morreu sem chance de socorro. Deixou mulher e dois filhos. A polícia prendeu o fazendeiro Darly Alves da Silva e seu filho, Darcy. A Justiça acusou o pai de ser o mandante do crime e o filho de ser o executor. Ambos foram condenados a 19 anos de cadeia.

Vinte anos depois do assassinato de Chico Mendes, 18 anos depois da sentença que condenou seus assassinos ser emitida pelo tribunal, voltamos a Xapuri e encontramos os personagens dessa tragédia. O clima entre eles continua sendo de muita tensão.

Darly e Darcy Alves da Silva, depois de fugir e serem recapturados, cumpriram suas penas e voltaram para Xapuri. Encontramos Darly em uma fazenda, a 14 quilômetros da cidade. Pego de surpresa, ele começou mandando desligar a câmera. Depois, botou pra fora o que pensa de Chico Mendes. "Eu fico insultado porque o homem não valia nada. Ele nunca foi seringueiro, o homem nunca trabalhou. Nunca pagou imposto”, afirma Darly.

Darly continua negando o crime, se diz injustiçado na terra, confia na Justiça dos céus e culpa a vítima pela própria morte. "O matador não é quem puxa o dedo, é quem provoca a morte. Ninguém matou Chico Mendes. Quem se matou foi ele mesmo, provocou a morte dele. Não porque ele mexeu só comigo, ele mexeu com todo mundo”, ele diz.

A menina que tinha 4 anos quando Darly mandou matar Chico Mendes seguiu a carreira que o pai sonhava: virou advogada. Elenira Mendes comanda a fundação que leva o nome do ambientalista. Preserva a memória de Chico fazendo trabalho social em Xapuri. Serena, ela não guarda rancor dos matadores do seu pai.

"Eu não tenho nenhum ressentimento contra Darly, contra sua família, porque eu sei que a Justiça de Deus é maior do que a Justiça do homem", avalia.

Xapuri, hoje com 15 mil habitantes, é a cidade de Chico Mendes. A placa na estrada anuncia isso. O museu da fundação relembra. O sindicato que Chico ajudou a criar foi esvaziado. O preço do látex anda baixo e os produtores se afastaram, mas a consciência de que é preciso preservar fez brotar outras oportunidades.

Uma beneficiadora de castanhas surgiu para limpar e embalar, pelo menos, parte da produção de Xapuri. A moderna fábrica de preservativos, feitos de látex natural, já está em fase de testes. Promete absorver, pelo menos, 10% da borracha produzida no Acre.

Até o seringal Cachoeira, berço da luta do seringueiro, também já investiu numa pousada para o ecoturismo. Chico Mendes morreu em Xapuri. E, lá mesmo, continua vivo.

Fonte:

http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL922617-15605,00-CHICO+MENDES+MATOU+A+SI+MESMO.html

segunda-feira, dezembro 15, 2008

MUDANÇA E ESTABILIDADE

MUDANÇA E ESTABILIDADE

"A palavra do nosso Deus dura para sempre". Isaías 40.8


Mudança é uma palavra que está na moda. As empresas querem contratar funcionários dispostos a aceitá-la sem muita discussão. A indústria lança novos equipamentos no mercado e insiste que o celular comprado a apenas um ano, está obsoleto e precisa ser substituído urgentemente sob pena de perda do status social.

Durar para sempre e permanecer atual é o desafio proposto pela bíblia. Ela alcança este objetivo porque ao invés de tentar suprir uma tendência da moda, fala ao coração humano que necessita de conforto, reconhecimento e solidariedade, artigos que não podem ser comprados no balcão de uma loja.

A tecnologia pode facilitar a vida, mas tão traz significado à existência, pois este só pode ser encontrado no amor, que é fruto do relacionamento com os amigos e a família, que materializam o cuidado de Deus trazendo a certeza prática de que ele se importa com os seus filhos. A estabilidade proporcionada pela confiança em Deus permite enfrentar com segurança os sobresaltos da vida.

domingo, dezembro 14, 2008

DIREITOS HUMANOS E MISSÃO DA IGREJA

PERFORMANCE CÊNICA APRESENTADA NO ENCONTRO SOBRE DIREITOS HUMANOS E MISSÃO DA IGREJA NO DIA 9/12/2008 - NO INSTITUTO CENTRAL DO POVO
(3 toques de caixa)

Leitor – Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito defraternidade. Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
(1 toque de caixa)

Todos – 14 de junho de 2008, Wellington Gonzaga Ferreira, 19 anos, David Wilson da Silva, 24 anos, e Marcos Paulo Campos, 17 anos, são detidos por militares no morro da Providência e entregues a traficantes do morro da Mineira. No dia seguinte, os três jovens apareceram mortos em um aterro sanitário.
(1 toque de caixa)

Leitor – Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.

(1 toque de caixa)

Todos – João Bosco Burnier, assassinado em 1976 no Araguaia, defendendo duas mulheres que estavam sendo torturadas. Padre Josimo Tavares, assassinado em 1986, no Maranhão, na luta pelos trabalhadores rurais. Chico Mendes, assassinado em 22 de Dezembro de 1988.

(1 toque de caixa)

Leitor – Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.

(1 toque de caixa)

Todos – Paulo Stuart Whright, desaparecido na ditadura. Paulo Freire, perseguido pela Ditadura militar, educador da pedagogia do oprimido e pela liberdade.

(1 toque de caixa)

Leitor – A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais.
(1 toque de caixa)

Todos – 1993, chacina da Candelária: 8 crianças, em situação de rua, mortas por policiais militares.
(1 toque de caixa)

Leitor – Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião e a liberdade de manifestar essa religião ou crença. Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica.
(1 toque de caixa)

Todos – Missionária Dorothy Stang, contribui para transformar a realidade da questão agrária no Brasil, foi assassinada no dia 12 de Fevereiro de 2005, em Anapu, no Pará. Richard Shaull, pastor e militante ecumênico pela justiça.
Leitor – Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. Todo ser humano tem direito ao trabalho, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana. Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas.

(1 toque de caixa)

Todos – Dom Hélder Câmara, Dom Paulo Evaristo Arns e Rev. Jaime Wrigth, defensores da lula pela liberdade e pela justiça social. Waldo César, militante pela justiça, um dos líderes da Conferência do Nordeste: Cristo e o processo revolucionário brasileiro. Pastores Darci Dusilek, e David Malta Nascimento, líderes e defensores da justiça social e dignidade da vida.
(1 toque de caixa)

Leitor – Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir das artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios.

(1 toque de caixa)
Todos – 1993, chacina de Vigário Geral: 21 pessoas mortas pela polícia.

(1 toque de caixa)
Leitor – Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.

(1 toque de caixa)
Todos – 2005, chacina Queimados e Nova Iguaçu: 29 pessoas mortas por policiais militares.
(1 toque de caixa)

Todos – Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
(1 toque de caixa)
Leitor – Mateus Rodrigues, 8 anos. Morto na última quinta-feira, no Complexo da Maré.
(1 toque de caixa)

quinta-feira, dezembro 11, 2008

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS COMPLETA 60 ANOS AINDA COMO UTOPIA



DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS COMPLETA 60 ANOS
AINDA COMO UTOPIA
Documento continua sendo violado no mundo inteiro, 60 anos depois de assinada, em Paris.
Há 60 anos, o mundo assinava um documento vital para a civilização. A Declaração Universal dos Direitos Humanos consagrava princípios dos grandes movimentos da história que puseram a vida humana como valor maior de todos. Desde então, parece mais um sonho e uma utopia do que uma realidade.

O século 21 avança, e a escravidão ainda é praticada em mais de cem países - inclusive no Brasil. Em Darfur, no Sudão, um genocídio está em curso. No Congo, o conflito entre tutsis e hutus foi reaberto - assassinatos, estupros e tortura são rotina. No Brasil, criminosos dominam territórios à margem do estado e mantém milhões de pessoas sob seu domínio, pela força da violência.
O país, que se intitula o guardião da liberdade, mantém prisioneiros isolados, sem direito a defesa e sem uma acusação formal. Guantánamo e Abu Ghraib são as prisões que tiraram dos Estados Unidos a autoridade moral nos direitos humanos.

Na China, os ativistas dos direitos humanos são presos sem direito a defesa. Entre os presos, um advogado cego que defendia mulheres forçadas a abortar.
No mundo inteiro, mulheres ganham muito menos para fazer o mesmo que trabalho que os homens. Nos países mais desenvolvidos, a diferença é menor: 30%. Neste momento, milhões de norte-coreanos vivem sob uma ditadura comunista que iguala o povo pela fome e opressão.

Artigo por artigo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos continua sendo violada no mundo inteiro, 60 anos depois de assinada, em Paris.
O mundo ainda tinha viva a memória da guerra. A esperança de que a vitória aliada pudesse fazer espalhar os ideais de igualdade, liberdade e fraternidade.

A primeira-dama americana, Eleanor Roosevelt, coordenou a comissão que elaborou a lista. Curta, objetiva, e extremamente abrangente. São 30 artigos enumerando os direitos básicos para toda a humanidade.
Assinada em Paris, a Declaração Universal dos direitos Humanos tem claramente uma inspiração na Declaração dos Diretos do Homem e do Cidadão, da Revolução Francesa, mas também na Lei dos Direitos, americana, do século 18.

No preâmbulo, os autores deixaram claro que a declaração é uma espécie de lista de tarefas, um padrão de conquistas que toda nação deve buscar. Uma série de eventos hoje, em Paris e no resto do mundo, deixa claro que essa busca está longe de terminar.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

PARA QUE SERVE A FÉ?


PARA QUE SERVE A FÉ?
"A fé é um modo de já possuir aquilo que se espera, é um meio de conhecer realidades que não se vêem. (...) Mas é impossível agradar a Deus sem a fé. De fato, quem se aproxima de Deus, deve acreditar que ele existe e que recompensa aqueles que o procuram". Hebreus 11.1,6

A fé assume muitas formas no coração da pessoa que a possui. Semelhante, é o fato de que todos os crentes depositam as suas esperanças num Deus que não pode ser fisicamente visto ou tocado, mas nem por isso ele deixa de ser real e de trazer sentido para a vida.
A fé permite ao ser humano o relacionamento com Deus. Ela funciona como uma janela de alma para o transcendente. Uma abertura vital para além das limitações humanas em direção aquele que possui todo o poder e que deseja ardentemente abençoar aos que se aproximam ansiando pelo seu amor que não se esgota nunca.
A fe é uma certeza cercada de dúvidas, é a confiança que gera fidelidade, mesmo quando não há nenhum sinal apontando um caminho a seguir, é a disposição de nunca desanimar, é a resposta do homem ao convite divino para a reconciliação.

segunda-feira, dezembro 01, 2008

O Reino de Deus VIII - AS FRONTEIRAS DO REINO

AS FRONTEIRAS DO REINO

Entrou Jesus em Cafarnaum. Um centurião veio a ele e lhe fez esta súplica: Senhor, meu servo está em casa, de cama, paralítico, e sofre muito. Disse-lhe Jesus: Eu irei e o curarei. Respondeu o centurião: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado. Pois eu também sou um subordinado e tenho soldados às minhas ordens. Eu digo a um: Vai, e ele vai; a outro: Vem, e ele vem; e a meu servo: Faze isto, e ele o faz... Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel. Por isso, eu vos declaro que multidões virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão no Reino dos céus com Abraão, Isaac e Jacó, Enquanto os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes. Depois, dirigindo-se ao centurião, disse: Vai, seja-te feito conforme a tua fé. Na mesma hora o servo ficou curado. Mateus 8.5-13

O ambiente religioso da Palestina dos tempos de Jesus era tenso. Os Romanos impunham aos povos sob o seu domínio a adoração ao imperador. Os Judeus resistiam com todas as forças e afirmavam a plenos pulmões: Javé é Deus e o Messias virá para ser o nosso Rei!

O exclusivismo, marca forte da religião judaica, dizia que somente os judeus, povo escolhido, teriam a alegria de fazer parte do Reino de Deus. Sírios, egípcios, romanos e nativos de outros povos, eram gentios e, portanto, estavam fora do alcance da geografia divina.

Jesus subverteu esta ordem ao interromper o seu caminho para ouvir a súplica de um oficial romano pela saúde do seu empregado. Com esta atitude ele deslocou as fronteiras do Reino de Deus, de um povo específico e a estendeu para todas as nações.

A religião é a tentativa humana de compreender o mistério divino. A partir de uma visão parcial, ela tenta definir padrões para orientar o relacionamento com Deus. O problema acontece quando esta ou aquela denominação, assume para si o status de compreensão definitiva do Todo-Poderoso, e deixa de considerar como aceitáveis aqueles que discordam de sua doutrina.

A quantas pessoas o visto de entrada no Reino de Deus é negado, simplesmente porque elas n]ao atendem a critérios que, longe de serem bíblicos, são históricos, sociais, e culturais. Ruben Alves, em seu livro: Dogmatismo e Tolerância, diz o seguinte: "Deus criou os pássaros.As religiões criaram as gaiolas. As gaiolas criadas pelas religiões são feitas com palavras. Elas têm o nome de dogmas. Dogmas são gaiolas de palavras que pretendem prender o Pássaro.(...) Um Deus engaiolado nas gaiolas de palavras chamadas dogmas é sempre menor que a gaiola. Esse Deus não é pássaro que voa, é pássaro empalhado". (P 9-10). O Reino de Seus vai além dos limites impostos pelas declarações doutrinárias das denominações.

Ao afirmar que muitos viriam do Ocidente e do Oriente, para sentar-se à mesa com Abraão, Isaque e Jacó, patriarcas da religião, Jesus queria dizer que participariam naquele banquete, muitos rejeitados pela igreja, mas que haviam sido acolhidos por ele.

Os limites do reino têm a ver com o amor divino, que se renova a cada dia e oferece uma nova chance a todos os que desejam sinceramente encontrá-lo.

sexta-feira, novembro 28, 2008

ORAÇÃO E AÇÃO

ORAÇÃO E AÇÃO
“Para ti eu levanto os meus olhos, para ti que habitas no céu. (...) Compaixão, Javé! Tem compaixão de nós, porque estamos fartos de desprezo! Nossa vida está farta por demais do sarcasmo dos satisfeitos e do desprezo dos soberbos”
Salmo 123.1,3-4
Escrever sobre a oração é um desafio, porque o processo da produção do texto leva a um confronto entre a desejada intimidade com Deus e a realidade que se experimenta no dia a dia. Nestes tempos de hiperatividade, parece um contra-senso separar alguns minutos para “não fazer nada” e orar. Especialmente se o assunto em questão é a justiça social.
No texto acima, o salmista apresenta a Deus seu estado de fraqueza, que o leva a depender e admitir que por suas próprias forças, não terá condições de vencer os problemas que tem diante de si. Na sua terra a injustiça impera, os corruptos se dão bem, quem não possui dinheiro e bons relacionamentos não consegue progredir, por mais que insista.
Neste contexto a oração se apresenta como um oásis num deserto escaldante, porque renova a esperança, que é o combustível daquele que sonha. Ela ajuda a transcender o momento atual de opressão e enxergar o sonho realizado.
“Estou farto! Não suporto mais! Tem compaixão Senhor!” Este grito ecoa no coração dos outros que sofrem. Ao saber que não estão sós, eles são encorajados a romper com o silêncio e dirigir a Deus as suas súplicas, porque em seus corações já habita a certeza de que Deus não abandona os seus filhos.
A oração estimula a sensibilidade espiritual e faz perceber que o pobre, o necessitado e o injustiçado são mais que simples adjetivos, eles são seres humanos que precisam de cuidado, que deve ser a premissa básica para orientar toda a ação daquele que pretende responder ao clamor desesperado de quem não agüenta mais sofrer.
O cuidado torna minha a necessidade do outro. O incômodo que ele gera, me obriga a reunir forças e tomar atitudes com o objetivo de enfrentar o mal que oprime ao meu semelhante. Quando a ação acontece respaldada pela oração, o risco do ativismo é menor. A oração humaniza, abre os ouvidos para escutar a doce voz de Deus, enche a boca com palavras e capacita para falar por aqueles que não têm voz, cumprindo o ministério profético ordenado por Deus: "Abre tua boca a favor do mudo, pela causa de todos os abandonados; abre tua boca para pronunciar sentenças justas, faze justiça ao aflito e ao indigente." Pv 31.8-9.

terça-feira, novembro 11, 2008

FALE - SANEAMENTO AMBIENTAL

segunda-feira, novembro 10, 2008

O PASSARINHO ENGAIOLADO


O PASSARINHO ENGAIOLADO
Rubem Alves
Dentro de uma linda gaiola vivia um passarinho. De sua vida o mínimo que se poderia dizer era que era segura e tranqüila, como seguras e tranqüilas são as vidas das pessoas bem casadas e dos funcionários públicos.

Era monótona, é verdade. Mas a monotonia é o preço que se paga pela segurança. Não há muito o que fazer dentro dos limites de uma gaiola, seja ela feita com arames de ferro ou de deveres. Os sonhos aparecem, mas logo morrem, por não haver espaço para baterem suas asas. Só fica um grande buraco na alma, que cada um enche como pode. Assim, restava ao passarinho ficar pulando de um poleiro para outro, comer, beber, dormir e cantar. O seu canto era o aluguel que pagava ao seu dono pelo gozo da segurança da gaiola.

Bem se lembrava do dia em que, enganado pelo alpiste, entrou no alçapão. Alçapões são assim; têm sempre uma coisa apetitosa dentro. Do alçapão para a gaiola o caminho foi curto, através da Ponte dos Suspiros.

Há aquele famoso poema do Guerra Junqueiro, sobre o melro, o pássaro das risadas de cristal. O velho cura, rancoroso, encontrara seu ninho e prendera os seus filhotes na gaiola. A mãe, desesperada com o destino dos filhos, e incapaz de abrir a portinha de ferro, lhes traz no bico um galho de veneno. Meus filhos, a existência é boa só quando é livre. A liberdade é a lei. Prende-se a asa, mas a alma voa... Ó filhos, voemos pelo azul!... Comei!

É certo que a mãe do passarinho nunca lera o poeta, pois o que ela disse ao seu filho foi: Finalmente minhas orações foram respondidas. Você esta seguro, pelo resto de sua vida. Nada há a temer. Não é preciso se preocupar. Acostuma-se. Cante bonito. Agora posso morrer em paz!

Do seu pequeno espaço ele olhava os outros passarinhos. Os bem-te-vis, atrás dos bichinhos; os sanhaços, entrando mamões adentro; os beija-flores, com seu mágico bater de asas; os urubus, nos seus vôos tranqüilos da fundura do céu; as rolinhas, arrulhando, fazendo amor; as pombas, voando como flechas. Ah! Os prudentes conselhos maternos não o tranqüilizavam. Ele queria ser como os outros pássaros, livres... Ah! Se aquela maldita porta se abrisse.

Pois não é que, para surpresa sua, um dia o seu dono a esqueceu aberta? Ele poderia agora realizar todos os seus sonhos. Estava livre, livre, livre!

Saiu. Voou para o galho mais próximo. Olhou para baixo. Puxa! Como era alto. Sentiu um pouco de tontura. Estava acostumado com o chão da gaiola, bem pertinho. Teve medo de cair. Agachou-se no galho, para ter mais firmeza. Viu uma outra árvore mais distante. Teve vontade de ir até lá. Perguntou-se se suas asas agüentariam. Elas não estavam acostumadas. O melhor seria não abusar, logo no primeiro dia. Agarrou-se mais firmemente ainda. Neste momento um insetinho passou voando bem na frente do seu bico. Chegara a hora. Esticou o pescoço o mais que pôde, mas o insetinho não era bobo. Sumiu mostrando a língua.

– Ei, você! – era uma passarinha. – Vamos voar juntos até o quintal do vizinho. Há uma linda pimenteira, carregadinha de pimentas vermelhas. Deliciosas. Apenas é preciso prestar atenção no gato, que anda por lá... Só o nome gato lhe deu um arrepio. Disse para a passarinha que não gostava de pimentas. A passarinha procurou outro companheiro. Ele preferiu ficar com fome. Chegou o fim da tarde e, com ele a tristeza do crepúsculo. A noite se aproximava. Onde iria dormir? Lembrou-se do prego amigo, na parede da cozinha, onde a sua gaiola ficava dependurada. Teve saudades dele. Teria de dormir num galho de árvore, sem proteção. Gatos sobem em árvores? Eles enxergam no escuro? E era preciso não esquecer os gambás. E tinha de pensar nos meninos com seus estilingues, no dia seguinte.

Tremeu de medo. Nunca imaginara que a liberdade fosse tão complicada. Somente podem gozar a liberdade aqueles que têm coragem. Ele não tinha. Teve saudades da gaiola. Voltou. Felizmente a porta ainda estava aberta.

Neste momento chegou o dono. Vendo a porta aberta disse:

– Passarinho bobo. Não viu que a porta estava aberta. Deve estar meio cego. Pois passarinho de verdade não fica em gaiola. Gosta mesmo é de voar...

14/2/94

REFERÊNCIA

ALVES, Rubem. Teologia do Cotidiano - Meditações sobre o momento e a eternidade. Editora Olho D'Água - RJ - 1994

sexta-feira, novembro 07, 2008

HAIKAIS - ALICE RUIZ



"fim de tarde
depois do trovão
o silêncio é maior"
*******************
"entre uma estrela
e um vagalume
o sol se põe"
*******************
"varal vazio
um só fio
lua ao meio"
*******************
"rede ao vento
se torce de saudade
sem você dentro"
*******************
"você deixou tudo a tua cara
só pra deixar tudo
com cara de saudade"
*******************
"fim do dia
porta aberta
o sapo espia"
*******************
"minha casa
o sapo já sabe
entrar e sair"
*******************
"amigo grilo
sua vida foi curta
minha noite vai ser longa"
*******************
"noite escura
a lesma na porta
guarda a casa"
*******************
"roubaram a casa
as moscas ficaram
às moscas"
*******************
"pensar letras
sentir palavras
a alma cheia de dedos"
*******************
"meio dia
dormem ao sol
menino e melancias"
*******************
"o que diz respeito ao pinheiro, aprenda do pinheiro;
o que diz respeito ao bambu, aprenda do bambu."
*******************
"Não imite os antigos.
Continue buscando o que eles buscavam."
*******************
"mar bravio
a cada ondanovo silêncio".
*******************
"diante do mar
três poetas
e nenhum verso"
*******************
"manhã de outono
o verde do mar
também amarela"
*******************
"procurando a lua
encontro o sol
mas já de partida"
*******************
"pôr do sol
em torno dele
todos os cinzas"
*******************
"começo de outono
cheia de si
a primeira lua"
*******************
"som alto
vento na varanda
a samambaia samba"
*******************
"trânsito parado
os mesmos olhares
e ninguém se olha"
*******************
"último raio de sol
primeiro da lua
outono nascendo"
*******************
"sob a folha verde escura
a folha verde clara
trêmula dissimula"



Alice Ruiz, poeta, haicaísta, letrista, tradutora, publicitária, nascida em Curitiba, Paraná, em 22 de janeiro de l946.

Fontes:

OBAMA - DISCURSO DE VITÓRIA (Versão Integral)



Parte 1



Parte 2


Parte 3



Leia o discurso completo do presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, pronunciado diante de mais de 100 mil pessoas no Grant Park de Chicago (Illinois) por volta das 23h locais (3h, horário de Brasília):
"Olá, Chicago!

Se alguém aí ainda dúvida de que os Estados Unidos são um lugar onde tudo é possível, que ainda se pergunta se o sonho de nossos fundadores continua vivo em nossos tempos, que ainda questiona a força de nossa democracia, esta noite é sua resposta.

É a resposta dada pelas filas que se estenderam ao redor de escolas e igrejas em um número como esta nação jamais viu, pelas pessoas que esperaram três ou quatro horas, muitas delas pela primeira vez em suas vidas, porque achavam que desta vez tinha que ser diferente e que suas vozes poderiam fazer esta diferença.

É a resposta pronunciada por jovens e idosos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, indígenas, homossexuais, heterossexuais, incapacitados ou não-incapacitados.
Americanos que transmitiram ao mundo a mensagem de que nunca fomos simplesmente um conjunto de indivíduos ou um conjunto de estados vermelhos e estados azuis.

Somos, e sempre seremos, os Estados Unidos da América.

É a resposta que conduziu aqueles que durante tanto tempo foram aconselhados por tantos a serem céticos, temerosos e duvidosos sobre o que podemos conseguir para colocar as mãos no arco da História e torcê-lo mais uma vez em direção à esperança de um dia melhor.

Demorou um tempo para chegar, mas esta noite, pelo que fizemos nesta data, nestas eleições, neste momento decisivo, a mudança chegou aos EUA.

Esta noite, recebi um telefonema extraordinariamente cortês do senador McCain.

O senador McCain lutou longa e duramente nesta campanha. E lutou ainda mais longa e duramente pelo país que ama. Agüentou sacrifícios pelos EUA que sequer podemos imaginar. Todos nos beneficiamos do serviço prestado por este líder valente e abnegado.

Parabenizo a ele e à governadora Palin por tudo o que conseguiram e desejo colaborar com eles para renovar a promessa desta nação durante os próximos meses.

Quero agradecer a meu parceiro nesta viagem, um homem que fez campanha com o coração e que foi o porta-voz de homens e mulheres com os quais cresceu nas ruas de Scranton e com os quais viajava de trem de volta para sua casa em Delaware, o vice-presidente eleito dos EUA, Joe Biden.

E não estaria aqui esta noite sem o apoio incansável de minha melhor amiga durante os últimos 16 anos, a rocha de nossa família, o amor da minha vida, a próxima primeira-dama da nação, Michelle Obama.

Sasha e Malia amo vocês duas mais do que podem imaginar. E vocês ganharam o novo cachorrinho que está indo conosco para a Casa Branca.

Apesar de não estar mais conosco, sei que minha avó está nos vendo, junto com a família que fez de mim o que sou. Sinto falta deles esta noite. Sei que minha dívida com eles é incalculável.

A minha irmã Maya, minha irmã Auma, meus outros irmãos e irmãs, muitíssimo obrigado por todo o apoio que me deram. Sou grato a todos vocês. E a meu diretor de campanha, David Plouffe, o herói não reconhecido desta campanha, que construiu a melhor campanha política, creio eu, da história dos Estados Unidos da América.

A meu estrategista chefe, David Axelrod, que foi um parceiro meu a cada passo do caminho.

À melhor equipe de campanha formada na história da política. Vocês tornaram isto realidade e estou eternamente grato pelo que sacrificaram para conseguir.

Mas, sobretudo, não esquecerei a quem realmente pertence esta vitória. Ela pertence a vocês. Ela pertence a vocês.

Nunca pareci o candidato com mais chances. Não começamos com muito dinheiro nem com muitos apoios. Nossa campanha não foi idealizada nos corredores de Washington. Começou nos quintais de Des Moines e nas salas de Concord e nas varandas de Charleston.

Foi construída pelos trabalhadores e trabalhadoras que recorreram às parcas economias que tinham para doar US$ 5, ou US$ 10 ou US$ 20 à causa.

Ganhou força dos jovens que negaram o mito da apatia de sua geração, que deixaram para trás suas casas e seus familiares por empregos que os trouxeram pouco dinheiro e menos sono.

Ganhou força das pessoas não tão jovens que enfrentaram o frio gelado e o ardente calor para bater nas portas de desconhecidos, e dos milhões de americanos que se ofereceram como voluntários e organizaram e demonstraram que, mais de dois séculos depois, um Governo do povo, pelo povo e para o povo não desapareceu da Terra.

Esta é a vitória de vocês.

Além disso, sei que não fizeram isto só para vencerem as eleições. Sei que não fizeram por mim.

Fizeram porque entenderam a magnitude da tarefa que há pela frente. Enquanto comemoramos esta noite, sabemos que os desafios que nos trará o dia de amanhã são os maiores de nossas vidas - duas guerras, um planeta em perigo, a pior crise financeira em um século.

Enquanto estamos aqui esta noite, sabemos que há americanos valentes que acordam nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para dar a vida por nós.

Há mães e pais que passarão noites em claro depois que as crianças dormirem e se perguntarão como pagarão a hipoteca ou as faturas médicas ou como economizarão o suficiente para a educação universitária de seus filhos.

Há novas fontes de energia para serem aproveitadas, novos postos de trabalho para serem criados, novas escolas para serem construídas e ameaças para serem enfrentadas, alianças para serem reparadas.

O caminho pela frente será longo. A subida será íngreme. Pode ser que não consigamos em um ano nem em um mandato. No entanto, EUA, nunca estive tão esperançoso como estou esta noite de que chegaremos.

Prometo a vocês que nós, como povo, conseguiremos.
Haverá percalços e passos em falso. Muitos não estarão de acordo com cada decisão ou política minha quando assumir a presidência. E sabemos que o Governo não pode resolver todos os problemas.

Mas, sempre serei sincero com vocês sobre os desafios que nos afrontam. Ouvirei a vocês, principalmente quando discordarmos. E, sobretudo, pedirei a vocês que participem do trabalho de reconstruir esta nação, da única forma como foi feita nos EUA durante 221 anos, bloco por bloco, tijolo por tijolo, mão calejada sobre mão calejada.

O que começou há 21 meses em pleno inverno não pode acabar nesta noite de outono.

Esta vitória em si não é a mudança que buscamos. É só a oportunidade para que façamos esta mudança. E isto não pode acontecer se voltarmos a como era antes. Não pode acontecer sem vocês, sem um novo espírito de sacrifício.

Portanto façamos um pedido a um novo espírito do patriotismo, de responsabilidade, em que cada um se ajuda e trabalha mais e se preocupa não só com si próprio, mas um com o outro.

Lembremos que, se esta crise financeira nos ensinou algo, é que não pode haver uma Wall Street (setor financeiro) próspera enquanto a Main Street (comércio ambulante) sofre.

Neste país, avançamos ou fracassamos como uma só nação, como um só povo. Resistamos à tentação de recair no partidarismo, na mesquinharia e na imaturidade que intoxicaram nossa vida política há tanto tempo.

Lembremos que foi um homem deste estado que levou pela primeira vez a bandeira do Partido Republicano à Casa Branca, um partido fundado sobre os valores da auto-suficiência e da liberdade do indivíduo e da união nacional.

Estes são valores que todos compartilhamos. E enquanto o Partido Democrata conquistou uma grande vitória esta noite, fazemos com certa humildade e a determinação para curar as divisões que impediram nosso progresso.

Como disse Lincoln a uma nação muito mais dividida que a nossa, não somos inimigos, mas amigos. Embora as paixões os tenham colocado sob tensão, não devem romper nossos laços de afeto.

E àqueles americanos cujo apoio eu ainda devo conquistar, pode ser que eu não tenha conquistado seu voto hoje, mas ouço suas vozes. Preciso de sua ajuda e também serei seu presidente.

E a todos aqueles que nos vêem esta noite além de nossas fronteiras, em Parlamentos e palácios, a aqueles que se reúnem ao redor dos rádios nos cantos esquecidos do mundo, nossas histórias são diferentes, mas nosso destino é comum e começa um novo amanhecer de liderança americana.

A aqueles que pretendem destruir o mundo: vamos vencê-los. A aqueles que buscam a paz e a segurança: apoiamo-nos.

E a aqueles que se perguntam se o farol dos EUA ainda ilumina tão fortemente: esta noite demonstramos mais uma vez que a força autêntica de nossa nação vem não do poderio de nossas armas nem da magnitude de nossa riqueza, mas do poder duradouro de nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e firme esperança.

Lá está a verdadeira genialidade dos EUA: que o país pode mudar. Nossa união pode ser aperfeiçoada. O que já conseguimos nos dá esperança sobre o que podemos e temos que conseguir amanhã.

Estas eleições contaram com muitos inícios e muitas histórias que serão contadas durante séculos. Mas uma que tenho em mente esta noite é a de uma mulher que votou em Atlanta.

Ela se parece muito com outros que fizeram fila para fazer com que sua voz seja ouvida nestas eleições, exceto por uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.

Nasceu apenas uma geração depois da escravidão, em uma era em que não havia automóveis nas estradas nem aviões nos céus, quando alguém como ela não podia votar por dois motivos - por ser mulher e pela cor de sua pele.

Esta noite penso em tudo o que ela viu durante seu século nos EUA - a desolação e a esperança, a luta e o progresso, às vezes em que nos disseram que não podíamos e as pessoas que se esforçaram para continuar em frente com esta crença americana: Podemos.

Em uma época em que as vozes das mulheres foram silenciadas e suas esperanças descartadas, ela sobreviveu para vê-las serem erguidas, expressarem-se e estenderem a mão para votar. Podemos.

Quando havia desespero e uma depressão ao longo do país, ela viu como uma nação conquistou o próprio medo com uma nova proposta, novos empregos e um novo sentido de propósitos comuns. Podemos.

Quando as bombas caíram sobre nosso porto e a tirania ameaçou ao mundo, ela estava ali para testemunhar como uma geração respondeu com grandeza e a democracia foi salva. Podemos.

Ela estava lá pelos ônibus de Montgomery, pelas mangueiras de irrigação em Birmingham, por uma ponte em Selma e por um pregador de Atlanta que disse a um povo: "Superaremos". Podemos.

O homem chegou à lua, um muro caiu em Berlim e um mundo se interligou através de nossa ciência e imaginação.

E este ano, nestas eleições, ela tocou uma tela com o dedo e votou, porque após 106 anos nos EUA, durante os melhores e piores tempos, ela sabe como os EUA podem mudar.

Podemos.

EUA avançamos muito. Vimos muito. Mas há muito mais por fazer. Portanto, esta noite vamos nos perguntar se nossos filhos viverão para ver o próximo século, se minhas filhas terão tanta sorte para viver tanto tempo quanto Ann Nixon Cooper, que mudança virá? Que progresso faremos?

Esta é nossa oportunidade de responder a esta chamada. Este é o nosso momento. Esta é nossa vez.

Para dar emprego a nosso povo e abrir as portas da oportunidade para nossas crianças, para restaurar a prosperidade e fomentar a causa da paz, para recuperar o sonho americano e reafirmar esta verdade fundamental, que, de muitos, somos um, que enquanto respirarmos, temos esperança.

E quando nos encontrarmos com o ceticismo e as dúvidas, e com aqueles que nos dizem que não podemos, responderemos com esta crença eterna que resume o espírito de um povo: Podemos.

Obrigado. Que Deus os abençoe. E que Deus abençoe os Estados Unidos da América".

Fonte:

segunda-feira, novembro 03, 2008

HAIKAIS - PAULO LEMINSKY


na rua
sem resistir
me chamam
torno a existir
************************
confira
tudo que respira
conspira
*************************
a palmeira estremece
palmas pra ela
que ela merece
**************************
verde a árvore caída
vira amarelo
a última vez na vida
**************************
casa com cachorro brabo
meu anjo da guarda
abana o rabo
*************************
pelos caminhos que ando
um dia vai ser
só não sei quando
**************************
abrindo um antigo caderno
foi que eu descobri
antigamente eu era eterno
***************************
o mar o azul o sábado
liguei pro céu
mas dava sempre ocupado
****************************
primeiro frio do ano
fui feliz
se não me engano
****************************
ano novo
anos buscando
um ânimo novo
****************************
tudo dito,
nada feito,
fito e deito
****************************
tarde de vento
até as árvores
querem vir pra dentro
***************************
tudo claro
ainda não era o dia
era apenas o raio
****************************
essa vida é uma viagem
pena eu estar
só de passagem
**************************
longo o caminho
até uma flor
só de espinho
**************************
nadando num mar de gente
deixei lá atrás
meu passo a frente
**************************
acabou a farra
formigas mascam
restos da cigarra
***************************
jardim da minha amiga
todo mundo feliz
até a formiga
***************************
relógio parado
o ouvido ouve
o tic tac passado
***************************
milagre de inverno
agora é ouro
a água das laranjas
****************************
saber é pouco
como é que a água do mar
entra dentro do coco?
*****************************
amar é um elo
entre o azul
e o amarelo

Fonte: - http://www.terebess.hu/english/haiku/leminski.html

Outros sites sobre Leminski:
http://planeta.terra.com.br/arte/PopBox/kamiquase/ensaio4.htm
http://www.cpunet.com.br/paralerepensar/p_leminski.htm
http://www.leminski.hpg.ig.com.br/ensaio3.htm
http://www.odisseu.com.br/fimdesemana/edicao/leminski/leminski.htm

terça-feira, outubro 21, 2008

REFLEXÃO SOBRE A PERCEPÇÃO DE VALOR INTRÍNSECO


Eu recebi esta mensagem por e-mail, seguida deste link com o vídeo do youtube. Achei interessante a questão que ela propõe e decidi compartilhá-la com vocês, porque ela expressa algo que eu já havia percebido, mas não tive a oportunidade de verbalizar. Acho que este assunto renderia um debate interessante.
Marcos Vichi
REFLEXÃO SOBRE A PERCEPÇÃO DE VALOR INTRÍNSECO
Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer. Eis que o sujeito desce na estação do metrô: vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal.
Mesmo assim, durante os 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes. Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares. Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares.
A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.
A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto. Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife.
Esse é um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas que são únicas, singulares, e a que não damos a menor bola porque não vêm com a etiqueta de seu preço. O que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes? É o que o mercado diz que você deve ter, sentir, vestir ou ser?
Essa experiência mostra como na sociedade em que vivemos os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia, e pelas instituições que detém o poder financeiro.

terça-feira, outubro 14, 2008

ENCONTRO ESTADUAL DA REDE FALE


terça-feira, outubro 07, 2008

ENQUANTO ISSO - MARISA MONTE

GENTILEZA - MARISA MONTE

domingo, setembro 28, 2008

UM SALMO

UM SALMO

Nos últimos tempos tenho andado bastante ocupado. Gostaria de escrever com mais freqüência, mas o trabalho e as outras tarefas, me consomem as energias produzindo o que eu chamo de seca literária. As idéias não deixam de aparecer, mas colocá-las no papel fica difícil nestes períodos. Recentemente eu aprendi como postar vídeos e isto será um auxílio e tanto na tarefa das atualizações.
Hoje à tarde eu fui à Igreja Presbiteriana de Vila Isabel. Durante o culto foi lido um salmo que para mim representou uma oração. Eu gosto de exercitar a oração utilizando os salmos, pois eles exprimem sentimentos e estados de espírito que, em alguns casos, minhas palavras não são suficientes para definir.
Graças a Deus, não estou passando por nenhum drama ou batalha específica, mas este texto me falou ao coração, por isso decidi compartilhá-lo.
Salmo 27

Salmo de Davi.

1. O SENHOR é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?
2. Quando os malvados, meus adversários e meus inimigos, se chegaram contra mim, para me destruir, tropeçaram e caíram.
3. Ainda que um exército me cercasse, o meu coração não temeria; ainda que a guerra se levantasse contra mim, nisto confiaria.
4. Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e aprender no seu templo.
5. Porque no dia da adversidade me esconderá no seu pavilhão; no oculto do seu tabernáculo me esconderá; por-me-ás sobre uma rocha.
6. Também agora a minha cabeça será exaltada sobre os meus inimigos que estão em redor de mim; por isso oferecerei sacrifício de júbilo no seu tabernáculo; cantarei, sim, cantarei louvores ao Senhor.
7. Ouve, Senhor, a minha voz quando clamo; tem também piedade de mim, e responde-me.
8. Quando tu disseste: Buscai o meu rosto; o meu coração disse a ti: O teu rosto, Senhor, buscarei.
9. Não escondas de mim a tua face, não rejeites ao teu servo com ira; tu foste a minha ajuda, não me deixes nem me desampares, ó Deus da minha salvação.
10. Porque, quando meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me recolherá.
11. Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e guia-me pela vereda direita, por causa dos meus inimigos.
12. Não me entregues à vontade dos meus adversários; pois se levantaram falsas testemunhas contra mim, e os que respiram crueldade.
13. Pereceria sem dúvida, se não cresse que veria a bondade do Senhor na terra dos viventes.
14. Espera no Senhor, anima-te, e ele fortalecerá o teu coração; espera, pois, no SENHOR.

Martin Luther King, Jr.: I Have a Dream

Discurso de Martin Luther King, Jr. em Washington, D.C, a capital dos Estados Unidos da América, em 28 de Agosto de 1963, após a Marcha para Washington por Emprego e Liberdade. (Versão Original)

QUE A LIBERDADE RESSOE

Há cem anos, um grande americano, sob cuja sombra simbólica nos encontramos, assinava a Proclamação da Emancipação. Esse decreto fundamental foi como um raio de luz de esperança para milhões de escravos negros que tinham sido marcados a ferro nas chamas de uma vergonhosa injustiça. Veio como uma aurora feliz para terminar a longa noite do cativeiro. Mas, cem anos mais tarde, devemos enfrentar a realidade trágica de que o Negro ainda não é livre.

Cem anos mais tarde, a vida do Negro é ainda lamentavelmente dilacerada pelas algemas da segregação e pelas correntes da discriminação. Cem anos mais tarde, o Negro continua a viver numa ilha isolada de pobreza, no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos mais tarde, o Negro ainda definha nas margens da sociedade americana, estando exilado na sua própria terra.

Por isso, encontramo-nos aqui hoje para dramaticamente mostrarmos esta extraordinária condição. Num certo sentido, viemos à capital do nosso país para descontar um cheque. Quando os arquitetos da nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração de independência, estavam a assinar uma promissória de que cada cidadão americano se tornaria herdeiro.

Este documento era uma promessa de que todos os homens veriam garantidos os direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à procura da felicidade. É óbvio que a América ainda hoje não pagou tal promissória no que concerne aos seus cidadãos de cor. Em vez de honrar este compromisso sagrado, a América deu ao Negro um cheque sem cobertura; um cheque que foi devolvido com a seguinte inscrição: "saldo insuficiente". Porém nós recusamo-nos a aceitar a idéia de que o banco da justiça esteja falido. Recusamo-nos a acreditar que não exista dinheiro suficiente nos grandes cofres de oportunidades deste país.

Por isso viemos aqui cobrar este cheque - um cheque que nos dará quando o recebermos as riquezas da liberdade e a segurança da justiça. Também viemos a este lugar sagrado para lembrar à América da clara urgência do agora. Não é o momento de se dedicar à luxuria do adiamento, nem para se tomar a pílula tranqüilizante do gradualismo. Agora é tempo de tornar reais as promessas da Democracia. Agora é o tempo de sairmos do vale escuro e desolado da segregação para o iluminado caminho da justiça racial. Agora é tempo de abrir as portas da oportunidade para todos os filhos de Deus. Agora é tempo para retirar o nosso país das areias movediças da injustiça racial para a rocha sólida da fraternidade.

Seria fatal para a nação não levar a sério a urgência do momento e subestimar a determinação do Negro. Este sufocante verão do legítimo descontentamento do Negro não passará até que chegue o revigorante Outono da liberdade e igualdade. 1963 não é um fim, mas um começo. Aqueles que crêem que o Negro precisava só de desabafar, e que a partir de agora ficará sossegado, irão acordar sobressaltados se o País regressar à sua vida de sempre. Não haverá tranqüilidade nem descanso na América até que o Negro tenha garantido todos os seus direitos de cidadania.

Os turbilhões da revolta continuarão a sacudir as fundações do nosso País até que desponte o luminoso dia da justiça. Existe algo, porém, que devo dizer ao meu povo que se encontra no caloroso limiar que conduz ao palácio da justiça. No percurso de ganharmos o nosso legítimo lugar não devemos ser culpados de atos errados. Não tentemos satisfazer a sede de liberdade bebendo da taça da amargura e do ódio.

Temos de conduzir a nossa luta sempre no nível elevado da dignidade e disciplina. Não devemos deixar que o nosso protesto realizado de uma forma criativa degenere na violência física. Teremos de nos erguer uma e outra vez às alturas majestosas para enfrentar a força física com a força da consciência.

Esta maravilhosa nova militância que engolfou a comunidade negra não nos deve levar a desconfiar de todas as pessoas brancas, pois muitos dos nossos irmãos brancos, como é claro pela sua presença aqui, hoje, estão conscientes de que os seus destinos estão ligados ao nosso destino, e que sua liberdade está intrinsecamente ligada à nossa liberdade.

Não podemos caminhar sozinhos. À medida que caminhamos, devemos assumir o compromisso de marcharmos em frente. Não podemos retroceder. Há quem pergunte aos defensores dos direitos civis: "Quando é que ficarão satisfeitos?" Não estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos incontáveis horrores da brutalidade policial. Não poderemos estar satisfeitos enquanto os nossos corpos, cansados das fadigas da viagem, não conseguirem ter acesso a um lugar de descanso nos motéis das estradas e nos hotéis das cidades. Não poderemos estar satisfeitos enquanto a mobilidade fundamental do Negro for passar de um gueto pequeno para um maior. Nunca poderemos estar satisfeitos enquanto um Negro no Mississipi não pode votar e um Negro em Nova Iorque achar que não há nada pelo qual valha a pena votar. Não, não, não estamos satisfeitos, e só ficaremos satisfeitos quando a justiça correr como a água e a retidão como uma poderosa corrente.

Sei muito bem que alguns de vocês chegaram aqui após muitas dificuldades e tribulações. Alguns de vocês saíram recentemente de pequenas celas de prisão. Alguns de vocês vieram de áreas onde a vossa procura da liberdade vos deixou marcas provocadas pelas tempestades da perseguição e sofrimentos provocados pelos ventos da brutalidade policial. Vocês são veteranos do sofrimento criativo. Continuem a trabalhar com a fé de que um sofrimento injusto é redentor.

Voltem para o Mississipi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para a Luisiana, voltem para os bairros de lata e para os guetos das nossas modernas cidades, sabendo que, de alguma forma, esta situação pode e será alterada. Não nos embrenhemos no vale do desespero.

Digo-lhes, hoje, meus amigos, que apesar das dificuldades e frustrações do momento, ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.

Tenho um sonho que um dia esta nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado da sua crença: "Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais".

Tenho um sonho que um dia nas montanhas rubras da Geórgia os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos proprietários de escravos poderão sentar-se à mesa da fraternidade.

Tenho um sonho que um dia o estado do Mississipi, um estado deserto, sufocado pelo calor da injustiça e da opressão, será transformado num oásis de liberdade e justiça.

Tenho um sonho que meus quatro pequenos filhos viverão um dia numa nação onde não serão julgados pela cor da sua pele, mas pela qualidade do seu caráter.

Tenho um sonho, hoje.

Tenho um sonho que um dia o estado de Alabama, cujos lábios do governador atualmente pronunciam palavras de (...) recusa, seja transformado num local onde pequenos rapazes negros, e moças negras, possam dar-se as mãos com outros pequenos rapazes brancos, e moças brancas, caminhando juntos, lado a lado, como irmãos e irmãs.

Tenho um sonho, hoje.

Tenho um sonho que um dia todo os vales serão elevados, todas as montanhas e encostas serão niveladas, os lugares ásperos serão polidos, e os lugares tortuosos serão endireitados, e a glória do Senhor será revelada, e todos os seres a verão, conjuntamente.

Esta é nossa esperança. Esta é a fé com a qual regresso ao Sul. Com esta fé seremos capazes de retirar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé poderemos transformar as dissonantes discórdias de nossa nação numa bonita e harmoniosa sinfonia de fraternidade. Com esta fé poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, ir para a prisão juntos, ficarmos juntos em posição de sentido pela liberdade, sabendo que um dia seremos livres.

Esse será o dia quando todos os filhos de Deus poderão cantar com um novo significado: "O meu país é teu, doce terra de liberdade, de ti eu canto. Terra onde morreram os meus pais, terra do orgulho dos peregrinos, que de cada localidade ressoe a liberdade".

E se a América quiser ser uma grande nação isto tem que se tornar realidade. Que a liberdade ressoe então dos prodigiosos montes do New Hampshire. Que a liberdade ressoe das poderosas montanhas de Nova Iorque. Que a liberdade ressoe dos elevados Alleghenies da Pensilvânia!

Que a liberdade ressoe dos cumes cobertos de neve das montanhas Rochosas do Colorado!

Que a liberdade ressoe dos picos curvos da Califórnia!

Mas não só isso; que a liberdade ressoe da Montanha de Pedra da Geórgia!

Que a liberdade ressoe da Montanha Lookout do Tennessee!

Que a liberdade ressoe de cada Montanha e de cada pequena elevação do Mississipi.

Que de cada localidade, a liberdade ressoe.

Quando permitirmos que a liberdade ressoe, quando a deixarmos ressoar de cada vila e cada aldeia, de cada estado e de cada cidade, seremos capazes de apressar o dia em que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão dar-se as mãos e cantar as palavras da antiga canção negra: "Liberdade finalmente! Liberdade finalmente! Louvado seja Deus, Todo Poderoso, estamos livres, finalmente!".

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O discurso de Martin Luther King, pronunciado na escadaria do Monumento a Lincoln, em Washington, foi ouvido por mais de 250.000 pessoas de todas as etnias, reunidas na capital dos Estados Unidos da América, após a «Marcha para Washington por Emprego e Liberdade». A manifestação foi pensada como uma maneira de divulgar de uma forma dramática as condições de vida desesperadoras dos negros no Sul dos Estados Unidos, e exigir ao poder federal um maior comprometimento na segurança física dos negros e dos defensores dos direitos civis, sobretudo no Sul.

Devido a pressões políticas exercidas pela Presidência dos Estados Unidos - ocupada por John Kennedy - as exigências a apresentar no comício tornaram-se mais moderadas, mas mesmo assim foram feitos pedidos claros: o fim da segregação no ensino público, passagem de legislação clara no que respeita aos direitos civis, assim como de legislação proibindo a discriminação racial no emprego; para além do fim da brutalidade policial contra militantes dos direitos civis e a criação de um salário mínimo para todos os trabalhadores, que beneficiaria, principalmente, os negros.

Realizado num clima muito tenso, a manifestação foi um estrondoso sucesso, e o discurso conhecido pela frase permanentemente repetida no meio do discurso «I have a Dream» (Eu tenho um sonho), mas também pela frase que é repetida no fim - «That Liberty Ring» (Que a Liberdade ressoe), que retoma o poema patriótico «América», tornou-se, com o discurso de Lincoln em Gettysburg, um dos mais importantes da oratória americana.

Em 1964 a Lei dos Direitos Civis foi votada e promulgada por Lyndon B. Johnson e em 1965 a Lei sobre o Direito de Votar foi aprovada.

Martin Luther King, Jr. Ganhou o Prêmio Nobel da Paz no ano seguinte, em 1964. Ele foi assassinado em 4 de abril de 1968.

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ENGLISH VERSION

I am happy to join with you today in what will go down in history as the greatest demonstration for freedom in the history of our nation.

Five score years ago, a great American, in whose symbolic shadow we stand today, signed the Emancipation Proclamation. This momentous decree came as a great beacon light of hope to millions of Negro slaves who had been seared in the flames of withering injustice. It came as a joyous daybreak to end the long night of their captivity.

But one hundred years later, the Negro still is not free. One hundred years later, the life of the Negro is still sadly crippled by the manacles of segregation and the chains of discrimination. One hundred years later, the Negro lives on a lonely island of poverty in the midst of a vast ocean of material prosperity. One hundred years later, the Negro is still languishing in the corners of American society and finds himself an exile in his own land. So we have come here today to dramatize a shameful condition.

In a sense we have come to our nation's capital to cash a check. When the architects of our republic wrote the magnificent words of the Constitution and the Declaration of Independence, they were signing a promissory note to which every American was to fall heir. This note was a promise that all men, yes, black men as well as white men, would be guaranteed the unalienable rights of life, liberty, and the pursuit of happiness.

It is obvious today that America has defaulted on this promissory note insofar as her citizens of color are concerned. Instead of honoring this sacred obligation, America has given the Negro people a bad check, a check which has come back marked "insufficient funds." But we refuse to believe that the bank of justice is bankrupt. We refuse to believe that there are insufficient funds in the great vaults of opportunity of this nation. So we have come to cash this check — a check that will give us upon demand the riches of freedom and the security of justice. We have also come to this hallowed spot to remind America of the fierce urgency of now. This is no time to engage in the luxury of cooling off or to take the tranquilizing drug of gradualism. Now is the time to make real the promises of democracy. Now is the time to rise from the dark and desolate valley of segregation to the sunlit path of racial justice. Now is the time to lift our nation from the quick sands of racial injustice to the solid rock of brotherhood. Now is the time to make justice a reality for all of God's children.

It would be fatal for the nation to overlook the urgency of the moment. This sweltering summer of the Negro's legitimate discontent will not pass until there is an invigorating autumn of freedom and equality. Nineteen sixty-three is not an end, but a beginning. Those who hope that the Negro needed to blow off steam and will now be content will have a rude awakening if the nation returns to business as usual. There will be neither rest nor tranquility in America until the Negro is granted his citizenship rights. The whirlwinds of revolt will continue to shake the foundations of our nation until the bright day of justice emerges.

But there is something that I must say to my people who stand on the warm threshold which leads into the palace of justice. In the process of gaining our rightful place we must not be guilty of wrongful deeds. Let us not seek to satisfy our thirst for freedom by drinking from the cup of bitterness and hatred.

We must forever conduct our struggle on the high plane of dignity and discipline. We must not allow our creative protest to degenerate into physical violence. Again and again we must rise to the majestic heights of meeting physical force with soul force. The marvelous new militancy which has engulfed the Negro community must not lead us to a distrust of all white people, for many of our white brothers, as evidenced by their presence here today, have come to realize that their destiny is tied up with our destiny. They have come to realize that their freedom is inextricably bound to our freedom. We cannot walk alone.

As we walk, we must make the pledge that we shall always march ahead. We cannot turn back. There are those who are asking the devotees of civil rights, "When will you be satisfied?" We can never be satisfied as long as the Negro is the victim of the unspeakable horrors of police brutality. We can never be satisfied, as long as our bodies, heavy with the fatigue of travel, cannot gain lodging in the motels of the highways and the hotels of the cities. We cannot be satisfied as long as the Negro's basic mobility is from a smaller ghetto to a larger one. We can never be satisfied as long as our children are stripped of their selfhood and robbed of their dignity by signs stating "For Whites Only". We cannot be satisfied as long as a Negro in Mississippi cannot vote and a Negro in New York believes he has nothing for which to vote. No, no, we are not satisfied, and we will not be satisfied until justice rolls down like waters and righteousness like a mighty stream.

I am not unmindful that some of you have come here out of great trials and tribulations. Some of you have come fresh from narrow jail cells. Some of you have come from areas where your quest for freedom left you battered by the storms of persecution and staggered by the winds of police brutality. You have been the veterans of creative suffering. Continue to work with the faith that unearned suffering is redemptive.

Go back to Mississippi, go back to Alabama, go back to South Carolina, go back to Georgia, go back to Louisiana, go back to the slums and ghettos of our northern cities, knowing that somehow this situation can and will be changed. Let us not wallow in the valley of despair.

I say to you today, my friends, so even though we face the difficulties of today and tomorrow, I still have a dream. It is a dream deeply rooted in the American dream.

I have a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed: "We hold these truths to be self-evident: that all men are created equal."

I have a dream that one day on the red hills of Georgia the sons of former slaves and the sons of former slave owners will be able to sit down together at the table of brotherhood.

I have a dream that one day even the state of Mississippi, a state sweltering with the heat of injustice, sweltering with the heat of oppression, will be transformed into an oasis of freedom and justice.

I have a dream that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character.

I have a dream today.

I have a dream that one day, down in Alabama, with its vicious racists, with its governor having his lips dripping with the words of interposition and nullification; one day right there in Alabama, little black boys and black girls will be able to join hands with little white boys and white girls as sisters and brothers.

I have a dream today.

I have a dream that one day every valley shall be exalted, every hill and mountain shall be made low, the rough places will be made plain, and the crooked places will be made straight, and the glory of the Lord shall be revealed, and all flesh shall see it together.

This is our hope. This is the faith that I go back to the South with. With this faith we will be able to hew out of the mountain of despair a stone of hope. With this faith we will be able to transform the jangling discords of our nation into a beautiful symphony of brotherhood. With this faith we will be able to work together, to pray together, to struggle together, to go to jail together, to stand up for freedom together, knowing that we will be free one day.

This will be the day when all of God's children will be able to sing with a new meaning, "My country, 'tis of thee, sweet land of liberty, of thee I sing. Land where my fathers died, land of the pilgrim's pride, from every mountainside, let freedom ring."

And if America is to be a great nation this must become true. So let freedom ring from the prodigious hilltops of New Hampshire. Let freedom ring from the mighty mountains of New York. Let freedom ring from the heightening Alleghenies of Pennsylvania!

Let freedom ring from the snowcapped Rockies of Colorado!

Let freedom ring from the curvaceous slopes of California!

But not only that; let freedom ring from Stone Mountain of Georgia!

Let freedom ring from Lookout Mountain of Tennessee!

Let freedom ring from every hill and molehill of Mississippi. From every mountainside, let freedom ring.

And when this happens, when we allow freedom to ring, when we let it ring from every village and every hamlet, from every state and every city, we will be able to speed up that day when all of God's children, black men and white men, Jews and Gentiles, Protestants and Catholics, will be able to join hands and sing in the words of the old Negro spiritual, "Free at last! free at last! thank God Almighty, we are free at last!"

Fontes: