AS FRONTEIRAS DO REINO
Entrou Jesus em Cafarnaum. Um centurião veio a ele e lhe fez esta súplica: Senhor, meu servo está em casa, de cama, paralítico, e sofre muito. Disse-lhe Jesus: Eu irei e o curarei. Respondeu o centurião: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado. Pois eu também sou um subordinado e tenho soldados às minhas ordens. Eu digo a um: Vai, e ele vai; a outro: Vem, e ele vem; e a meu servo: Faze isto, e ele o faz... Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel. Por isso, eu vos declaro que multidões virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão no Reino dos céus com Abraão, Isaac e Jacó, Enquanto os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes. Depois, dirigindo-se ao centurião, disse: Vai, seja-te feito conforme a tua fé. Na mesma hora o servo ficou curado. Mateus 8.5-13
O ambiente religioso da Palestina dos tempos de Jesus era tenso. Os Romanos impunham aos povos sob o seu domínio a adoração ao imperador. Os Judeus resistiam com todas as forças e afirmavam a plenos pulmões: Javé é Deus e o Messias virá para ser o nosso Rei!
O exclusivismo, marca forte da religião judaica, dizia que somente os judeus, povo escolhido, teriam a alegria de fazer parte do Reino de Deus. Sírios, egípcios, romanos e nativos de outros povos, eram gentios e, portanto, estavam fora do alcance da geografia divina.
Jesus subverteu esta ordem ao interromper o seu caminho para ouvir a súplica de um oficial romano pela saúde do seu empregado. Com esta atitude ele deslocou as fronteiras do Reino de Deus, de um povo específico e a estendeu para todas as nações.
A religião é a tentativa humana de compreender o mistério divino. A partir de uma visão parcial, ela tenta definir padrões para orientar o relacionamento com Deus. O problema acontece quando esta ou aquela denominação, assume para si o status de compreensão definitiva do Todo-Poderoso, e deixa de considerar como aceitáveis aqueles que discordam de sua doutrina.
A quantas pessoas o visto de entrada no Reino de Deus é negado, simplesmente porque elas n]ao atendem a critérios que, longe de serem bíblicos, são históricos, sociais, e culturais. Ruben Alves, em seu livro: Dogmatismo e Tolerância, diz o seguinte: "Deus criou os pássaros.As religiões criaram as gaiolas. As gaiolas criadas pelas religiões são feitas com palavras. Elas têm o nome de dogmas. Dogmas são gaiolas de palavras que pretendem prender o Pássaro.(...) Um Deus engaiolado nas gaiolas de palavras chamadas dogmas é sempre menor que a gaiola. Esse Deus não é pássaro que voa, é pássaro empalhado". (P 9-10). O Reino de Seus vai além dos limites impostos pelas declarações doutrinárias das denominações.
Ao afirmar que muitos viriam do Ocidente e do Oriente, para sentar-se à mesa com Abraão, Isaque e Jacó, patriarcas da religião, Jesus queria dizer que participariam naquele banquete, muitos rejeitados pela igreja, mas que haviam sido acolhidos por ele.
Os limites do reino têm a ver com o amor divino, que se renova a cada dia e oferece uma nova chance a todos os que desejam sinceramente encontrá-lo.
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