sexta-feira, janeiro 28, 2011

O FIM DO PERDÃO

O FIM DO PERDÃO

"Dias virão - oráculo do Senhor Javé - em que vou mandar a fome sobre o país: não será fome de pão, nem sede de água, e sim fome de ouvir a palavra de Javé”. Amós 8.11

Fome e sede são sentimentos básicos. O pão e a água permitem que o corpo mantenha as funções vitais, mas a simples sobrevivência não é suficiente para trazer sentido à vida.

Para ser feliz, o ser humano precisa de algo que faça o seu trabalho valer a pena. O homem é capaz de grandes renúncias, ele pode se dedicar a tarefas extenuantes, desde que receba uma recompensa pelo esforço feito. Definitivamente, não havia recompensas na terra do profeta Amós.

A distância entre as classes sociais aprofundava a opressão Enquanto os ricos viviam nos palácios comendo o que havia de melhor e fazendo do desperdício o seu estilo de vida, os pobres eram vendidos como escravos para pagar as suas dívidas. "Para comprar os fracos por dinheiro, o necessitado por um par de sandálias, e vender o refugo do trigo?” (v.6)

A cesta de frutos apresentada ao profeta representava o fim da tolerância divina com os desmandos da classe dominante "Isto me mostrou o Senhor Javé: Vi uma cesta de frutas maduras” (v.1). A partir daquele momento, os profetas iriam se calar e não clamariam mais pelo arrependimento, pois a chance do perdão havia chegado ao fim. "E Javé me perguntou:” O que é que você está vendo, Amós?”Eu respondi:” Uma cesta de frutas maduras “. Ele me disse:” Está maduro o fim para o meu povo Israel; não o perdoarei mais “(v.2)”.

A invasão daquela terra conquistada após tanta luta, a captura do povo, que seria levado ao exílio para ser escravizado, interromperá o sono de soberania acalentado no coração de cada israelita.

De que adianta ter todo o dinheiro do mundo, se não há onde gastá-lo, se não há amigos com quem celebrar as conquistas, se o país está devastado? É neste momento que a palavra de deus faz a diferença. Ela toca o coração e fortalece o espírito cansado.

O pecado de Israel consistia em abandonar a misericórdia, transformar as pessoas em mercadorias e fazer planos para enriquecer fraudulentamente: "Escutem aqui, exploradores do necessitado, opressores dos pobres do país! Vocês ficam maquinando: Quando vai passar a festa da lua nova, para podermos pôr à venda o nosso trigo? Quando vai passar o sábado, para abrirmos o armazém, para diminuir as medidas, aumentar o peso e viciar a balança?” (v.4-5).

O castigo não seria o exílio, ou a escravidão, a verdadeira punição consistia em desejar encontrar a Deus e não conseguir, ter fome e sede da palavra e não poder saciá-las. "Irão cambaleando de um mar a outro, irão sem rumo do Norte para o Oriente, à procura da palavra de Javé, e não a encontrarão. Nesse dia, vão desmaiar de sede as jovens mais belas, e também os rapazes”.(v.12-13).

A fartura econômica que se apóia na exploração dos humildes ofende a Deus e precisa ser abandonada. O pouco produzido com justiça, será multiplicado e os que confiam no Senhor vão prosperar e viver em paz.

segunda-feira, janeiro 24, 2011

DEUS, JUSTIÇA E PAZ

DEUS, JUSTIÇA E PAZ.

“E Javé me disse:” O que é que você está vendo, Amós? ‘Eu respondi: Um prumo’. E ele me disse: Vou tirar o nível do meu povo Israel. Não o perdoarei mais.”Amós 7.8”.


Após vários anos de aparente descontrole, Israel está prestes a encarar o juízo contra a iniquidade que se disseminou em seu estilo de vida. O prumo exibe a medida certa em que determinada construção deve estar. Tudo o que está fora, precisa ser derrubado e refeito.

Em sua indignação, Deus profere pesados juízos contra os Hebreus. Amós escuta consternado e, antes de transmiti-los, decide interceder pelo seu povo: “Por favor, Javé, perdoa! Jacó é tão pequeno! Como poderá resistir?” (v.2).

Por duas vezes ele tem as suas orações atendidas, e o Senhor desiste de enviar o mal que havia prometido. "Então Javé se compadeceu, e disse: ’Isso não vai acontecer, - diz Javé" (v.3). As profecias de Amós tinham o objetivo de abrir os olhos da população contra a exploração política, econômica e religiosa, que se institucionalizara como parte do cotidiano.

Este fervor religioso desagradava às altas esferas do governo. Os poderosos precisavam saber que o juízo viria. Eles insistiam em dizer que tudo estava bem; e a prosperidade daquele momento trazia a falsa impressão de que nada poderia dar errado. A religião, em aliança com o governo, tratava de acalmar o povo, para deixar tudo como estava.

Desejando defender o seu cargo, Amasias fazia intrigas, diante do rei. "Amasias, sacerdote de Betel, mandou falar assim a Jeroboão, rei de Israel: 'Amós está tramando contra Vossa Majestade, dentro do reino de Israel. O país não pode tolerar mais as suas palavras, pois Amós está dizendo que Jeroboão deverá ser morto pela espada e que Israel deverá ir para o exílio, para longe do seu país'”. (v.10-11)

Depois desta audiência com Jeroboão, o sacerdote foi falar diretamente com Amós, para sugerir-lhe que voltasse para a sua terra, onde atrapalharia menos. “Vidente, vá embora daqui. Retire-se para a terra de Judá. Vá ganhar a sua vida fazendo lá suas profecias. Não me venha mais fazer profecias em Betel, pois isto aqui é o santuário do rei, e é templo do reino”.(v.12-13).

Amós não era um profeta profissional, figura muito comum naquela época, desta forma, ele estava livre para propagar a sua mensagem, ainda que ela desagradasse ao às autoridades: "Amós respondeu a Amasias: ‘Eu não sou profeta, nem discípulo de profeta. Eu sou criador de gado e cultivador de sicômoros. Foi Javé quem me tirou de trás do rebanho, e me ordenou: ‘Vá profetizar ao meu povo Israel’". (v.14-15).

Quando a religião se contamina com o poder, ela se torna alérgica à palavra de Deus. O que movia o ministério de Amós não eram os compromissos políticos, mas o ideal de ver o seu povo servindo fielmente a Deus.

O juízo contra os sacerdotes corruptos seria pesado: "Pois bem, escute agora a palavra de Javé! Você está dizendo: ‘Não profetize contra Israel, não despeje suas palavras contra a casa de Isaac’. Pois bem, assim diz Javé: ‘A sua mulher vai se tornar a prostituta da cidade; seus filhos e suas filhas vão morrer a golpe de espada; sua terra será repartida na corda, e você mesmo irá morrer em terra estrangeira. E Israel será levado para o exílio, longe de sua terra’ ”.(v.16). O temido exílio virá para derrotar aqueles que pensavam ser possível ignorar a justiça e escapar impunes.

sábado, janeiro 22, 2011

O PREÇO DE NÃO ESCUTAR A NATUREZA - Leonardo Boff


O PREÇO DE NÃO ESCUTAR A NATUREZA

Leonardo Boff

O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do Estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam frequentemente deslizamentos fatais.

Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que destribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.

A causa principal deriva do modo como costumamos tratar a natureza. Ela é generosa para conosco pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrário, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.

Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.

Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela, a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras. O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela Terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam.

Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d’água. Chico Mendes com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens. Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.

No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas. Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais freqüentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles. Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar. O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes e outro maior que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e morar.

Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser de cada encosta, de cada vale e de cada rio.

Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.

Fonte: http://vidaemeioambiente.wordpress.com/2011/01/18/o-preco-de-nao-escutar-a-natureza/ - Acesso em: 22/01/2011

MENTIRAS E PROSPERIDADE

MENTIRAS E PROSPERIDADE

“No meio de pedras, podem os cavalos correr? No meio do mar, os bois podem arar? No entanto, vocês fizeram do direito um veneno, e do fruto da justiça um amargor!” Amós 6.12

A prosperidade, fruto da corrupção, produz lucros excessivos e permite aos donos do poder, e seus apadrinhados, desfrutarem de um conforto inimaginável à grande maioria da população, que luta para sobreviver com dignidade.

Amós se levantou contra esta situação, porque não compactuava com a tranquilidade dos governantes, dos líderes políticos e dos religiosos, que estavam satisfeitos e não desejavam qualquer mudança naquele cenário: "bebem canecões de vinho, usam os mais caros perfumes, sem se importar com a ruína de José!" v.6.

O Juízo virá! Diz o profeta. A bolha de prosperidade vai estourar, e todos os que se aproveitaram do povo, sofrerão as consequências. As conquistas baseadas na desonestidade não vão subsistir, as estruturas iníquas serão destruídas. Não adianta maquiar ou esconder a sujeira, pois cedo ou tarde ela aparecerá, trazendo vergonha aos que a produziram: “Aplicando o poder da violência, vocês, pensam que estão afastando o dia fatal”. v.3.

O Inimigo de Israel estava pronto para invadir o país e conquistar a sua terra, riquezas e o povo, mas a cegueira produzida pela prosperidade, lhes impedia de ver a seriedade daquela ameaça, que a palavra do profeta impertinente insistia em alardear: “Oráculo de Javé, Deus dos exércitos: Jura o Senhor Javé por sua própria vida: Eu detesto o orgulho de Jacó, eu odeio seus palácios. Vou entregar a cidade inteira e tudo o que nela existe”. v.8.

Ao apresentar exemplos de impossibilidades da natureza tais como: o cavalo correr numa rocha, ou bois conseguirem arar num solo cheio de pedras, Amós enfatiza o absurdo que acontece em sua terra: o direito foi distorcido a tal ponto, que a justiça, ao invés de libertar e promover a vida, envenena e mata que precisa dela, porque legitima o erro, e absolve aqueles que deveriam ser condenados.

A única maneira de deter o juízo divino seria restabelecer a justiça, e torná-la acessível a todos sem nenhuma restrição de ordem financeira ou social. Apesar de parecer simples, a atitude de promover a justiça implicaria e transformações, que, provavelmente, as camadas mais privilegiadas daquela sociedade não estariam dispostas a admitir.

sábado, janeiro 15, 2011

Igreja, Lugar de Relacionamento - MP3

quinta-feira, janeiro 13, 2011

IGREJA, LUGAR DE RELACIONAMENTO - Video

Mensagem Pregada na I.B. do Caminho no dia 09/01/2011
Parte 1



Parte 2



Parte 3



Parte 4

segunda-feira, janeiro 03, 2011

PRUDÊNCIA E RISCO[1]

PRUDÊNCIA E RISCO[1]

"Jogue seu pão sobre a água, porque dias depois você o encontrará. Reparta com sete e até mesmo com oito, pois você não sabe que desgraças lhe poderão acontecer na terra. Quando as nuvens estão cheias, derramam chuva sobre a terra. Se uma árvore cai, seja para o sul, seja para o norte, no lugar onde cair, aí ficará. Quem fica olhando o vento, nunca semeará; quem fica olhando as nuvens, jamais colherá. Assim como você ignora o caminho por onde o sopro de vida entra nos ossos dentro do ventre da mulher grávida, assim também você ignora a obra de Deus, que fez todas as coisas. De manhã, semeie a sua semente, e de tarde não dê descanso à sua mão, porque você não sabe qual das sementes irá brotar, se esta ou aquela, ou se as duas serão boas". Eclesiastes 11.1-6

Viver é assumir riscos. A cada dia em que abrimos os olhos e levantamos de nossa cama, encaramos o desafio de fazer com que as horas que teremos pela frente sejam produtivas, alegres e realizadoras.

O olhar crítico do Coélet[2] sobre o cotidiano, destaca a importância da atitude proativa do indivíduo, para fazer acontecer os projetos há muito acalentados no coração. “Quem fica olhando o vento, nunca semeará; quem fica olhando as nuvens, jamais colherá” (v. 4). As coisas não vão acontecer simplesmente porque nós desejamos muito ou porque somos pessoas legais. Se não tomarmos decisões que encaminhem a vida aoencontro dos nossos objetivos, nunca chegaremos ao lugar desejado.

O melhor planejamento está sujeito aos imprevistos. Em 2007 ninguém poderia prever a crise mundial, que se iniciou em 2008. O sábio escritor do Eclesiastes nos aconselha a exercitar a generosidade e a desenvolver os relacionamentos pessoais como uma estratégia para amenizar as consequências dos momentos difíceis. "Reparta com sete e até mesmo com oito, pois você não sabe que desgraças lhe poderão acontecer na terra".

Entre os mais pobres, a generosidade é uma regra quase natural. Eles têm a consciência de que sozinhos não conseguirão ir muito longe, por isso se unem, repartem seus poucos recursos com os mais necessitados e descobrem a alegria da nas amizades e no relacionamento com o outro.

O agricultor no campo não coloca todas as suas esperanças numa única semente. Ele deposita diversas no solo e cuida de todas com a mesma atenção. Algumas sementes vão morrer, outras produzirão pouco, mas as que produzirem muito fruto, compensarão o investimento feito.

O ano que está começando trará alegrias, tristezas, sucessos e frustrações, que precisarão ser vividas e bem assimiladas para serem transformadas na esperança de que fala o apóstolo Paulo em Romanos 5.3-5: "E não só isso. Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, a perseverança produz a fidelidade comprovada, e a fidelidade comprovada produz a esperança. E a esperança não engana, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado".

Jogue o seu pão sobre a água, se entregue aos desafios que o novo ano lhe apresentar, para contemplar os resultados e ter a chance de celebrá-los com a família e os amigos, que, no final das contas, é o mais importante. Tudo é fugaz, diz o sábio escritor do Eclesiastes, mas ser feliz é uma decisão pessoal, que independe das condições econômicas, sociais ou climáticas, que se apresentem no momento.

Que em 2011 sigamos os impulsos do nosso coração, os desejos dos nossos olhos, nos alegremos muito[3] sem nunca esqueçer de Deus, que nos ama e quer cuidar de nós em cada um dos próximos 365 dias.

FELIZ ANO NOVO!

Notas:
1 BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral - p. 825
2 Coélet é a forma aportuguesada do hebraico Qohélet, termo utilizado pelo autor para referir-se a si mesmo.
3 BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral - Eclesiastes 11.9-10 - p. 825

Referência Bibliográfica:
BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral – Tradução Ivo Storniolo, Euclides Martins Balancin – Paulus – SP – 1991