sexta-feira, março 25, 2011

Petição Campanha pela criação do Centro de Memória, Verdade e Justiça de Petrópolis – RJ

Companheiras e companheiros!

Estamos divulgando o abaixo-assinado que tem por objetivo desapropriar a ‘Casa da Morte’, também conhecida como ‘Casa dos Horrores’, localizada em Petrópolis e considerada por alguns historiadores o pior porão da ditadura militar brasileira, e transformá-la no Centro de Memória, Verdade e Justiça de Petrópolis.

No desejo de compor mais parcerias para esta empreitada e pressionar o poder público petropolitano, pedimos para que difundam ao máximo este abaixo-assinado entre seus contatos!

Aqui o link para assinar o documento e o texto na íntegra:

http://www.peticaopublica.com/?pi=P2011N7357

Campanha pela criação do Centro de Memória, Verdade e Justiça de Petrópolis – RJ

No dia 01 de dezembro de 2010, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis realizou um ato-evento em comemoração aos 25 anos de lançamento do livro Brasil Nunca Mais, ocasião na qual foram rememoradas as atrocidades cometidas pela ditadura militar neste país e reivindicadas a memória, a verdade e a justiça para os sobreviventes, seus familiares e todos os brasileiros.

Nesta história obscura marcada por extrema covardia dos agentes do Estado, Petrópolis ficou conhecida entre os opositores do regime político da época como sede de uma casa de tortura da qual, ao que tudo indicava, ninguém saía vivo: a “Casa da Morte” ou “Casa dos Horrores”, localizada à Rua Arthur Barbosa, Centro, nº 120.

Foram muitos os que ali estiveram clandestinamente presos, tendo sofrido cruéis e por vezes sofisticadas técnicas de violência: Inês Etienne Romeu, Aluísio Palhano Pedreira Ferreira, Heleny Teles Guariba, Paulo Celestino da Silva, Ivan Mota Dias e muitos outros que tiveram suas mentes dilaceradas, seus corpos destruídos ou enterrados em cemitérios clandestinos. De todos que passaram por esta nefasta casa, até onde se sabe, apenas Inês escapou à morte. Tudo por ousarem lutar pela liberdade e pela democracia.

O reconhecimento deste espaço como um lugar utilizado pela ditadura militar para torturar, matar e reprimir a luta pela democracia neste país, bem como a publicização dos documentos que revelem quem nesta casa esteve preso, é fundamental para que as novas gerações conheçam essa história e para que ela nunca mais se repita.

É por estes homens e mulheres e tantos outros assassinados nos porões da ditadura que o Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis, constituído em 1979, na luta pela democracia e defesa dos direitos humanos, unido a outras organizações, movimentos e pessoas que assinam este documento, vêm reivindicar que a Prefeitura Municipal de Petrópolis, através de seu prefeito, Paulo Mustrangi, adquira a “Casa da Morte” de Petrópolis e que ali crie um Centro de Memória, Verdade e Justiça de Petrópolis.

Nós, abaixo-assinados, somos favoráveis à Campanha pela criação do Centro de Memória, Verdade e Justiça de Petrópolis.

A cada companheiro tombado

nenhum minuto de silêncio

mas toda uma vida de luta.

Rua Monsenhor Bacelar, 400 - Centro - Petrópolis - RJ - 25685-113

www.cddh.org.br / cddh@cddh.org.br

As catástrofes naturais e teológicas - Caio Marçal

As catástrofes naturais e teológicas

Por Caio Marçal
Já se tornou algo corriqueiro: Toda vez que alguma catástrofe acontece, levantam-se debates acalorados sobre Deus e se Ele está ou não por detrás de tais acontecimentos. Nesse cabo de guerra teológico, estão subentendidos a disputa do monopólio sobre o sagrado e a necessidade de mostrar quem tem todas as respostas.

No meio desse turbilhão de opiniões sobre a ação divina, está subjacente o interesse em encaixotar o sagrado em nossas teses e posicionamentos já que, para esses, caso Ele não caiba em suas fórmulas, suas convicções serão postas em descrédito e, no jogo de poder do torneio da fé, estarão em desvantagem. Quem ousa rebater essa ou aquela posição, logo é denominado de ser não pensante (um jeito bacana e politicamente correto de chamar o outro de burro) ou de herege (um jeito religioso de fustigar quem pensa diferente).

Não quero entrar no mérito da questão, até porque sei que não tenho todas as respostas. Reforço meu silêncio com a experiência que tive ao visitar a região serrana do Rio de Janeiro junto com meu amigos da Rede FALE, da Aliança Bíblica Universitária e Visão Mundial. Até hoje não encontro palavras para classificar tamanha destruição mesmo quase quarenta dias depois da calamidade. Confesso que ainda fico comovido e de olhos marejados.

Porém desejo chamar atenção para a ideia de que o fazer teológico deve nos levar à humildade e que diante do mistério só resta o silêncio reverente. Quando não se tem resposta para aquilo que não temos domínio, todos temos de ser honestos em admitir que não sabemos de tudo, em vez de fazer afirmações categóricas. Também devemos lembrar que Deus não cabe em nossas teologias e que afirmar onde Ele vai ou deixa de ir, além de um ato de arrogância, é uma completa tolice. Não dá pra colocá-Lo num tubo de ensaio!

Infelizmente não é isso o que acontece e o grau de infantilidade teológica nessas contendas é lamentável . Chega a ser doentio alguns setores da "inteligência evangélica" usarem os desastres naturais para defender seus “preciosos pontos de vista”. Além de ser um tremendo desrespeito às vítimas, atesta o tamanho da enfermidade da alma dos mesmos. Quando ideias e posições teológicas em enfrentamento são mais levadas em conta do que seres humanos em situação de extremo sofrimento, desamparo e carência, só revela que existe algo muito errado.

Se há algo que se pode falar sobre Deus em qualquer situação, seja boa ou ruim, é aquilo que o apóstolo João nos diz em uma de suas cartas: Deus é amor. Portanto, a única resposta cristã para as catástrofes é a solidariedade. A fé no Cristo, antes de ser uma elaboração de uma teologia ou de uma declaração de confessionalidade religiosa, é amar e dar a vida assim como o Mestre o fez.

Se nossos “doutores da lei” das diversas correntes que disputam a hegemonia nos debates relacionados às coisas da fé querem mostrar que sabem de Deus, que o demostrem sendo sensíveis à dor e ao sofrimento humano. Quem sabe talvez parem de praticar tanta "masturbação" teológica que só dão gozo a eles mesmos e não gera vida. Oremos para que os nossas lideranças evangélicas e teólogos de gabinete saiam de suas zonas de conforto e sejam promotores da vida!

Em Cristo, onde todas as divergências são dissipadas e onde todos hão de dobrar os joelhos.

Caio Marçal é cearense e missionário da Igreja de Cristo de Frecheirinha/CE. Atua também como Secretário de Mobilização da Rede FALE.

"Des-graçado Deus" - Lucas Gomes

"Des-graçado Deus"
Lucas Gomes

Em meio à correria do trabalho pesado, não nos faltou tempo com as famílias para os deliciosos cafezinhos nos finais das tardes. Juntos trabalhamos, rimos e choramos.

Nos últimos vinte dias estive trabalhando na pequena Vieira, vila que pertence ao município de Teresópolis. Lá, mais de oitenta pessoas perderam suas vidas devido à volumosa chuva da madrugada do dia 11 de Janeiro. Quem não perdeu algum membro da família, perdeu no mínimo um grande amigo. A quase dois meses da tragédia, o Anderson chora o luto dos que se foram. Ele perdeu sua esposa e seu único filho, um lindo menino de cinco anos. O Djalma chora a morte do pai e irmãos, a Patrícia chora a perda de sua casa, construída com o suor do trabalho duro na lavoura. O Zé chora a perda das cebolinhas que estavam prontas para serem colhidas, elas alimentariam as famílias da cidade grande, e o que sobraria do fracionado lucro o sustentaria por algum tempo. A Ângela chora porque o governo não tardou em desanimá-la, depois de idas e vindas à Caixa, o aluguel social ainda não está disponível. Outro dia ela assistiu uma reportagem sobre os desabrigados de Santa Catarina, que três anos após a tragédia, alguns dos de lá continuam morando em barracas “provisórias”.

Há uns “portadores da verdade” que sobem a Serra com seus carros e caminhões carregados de donativos, interesses e arrogância, que dizem para os Vieirenses: Deus está julgando a Serra, vocês precisam se voltar para Jesus... O Anderson não consegue entender porque que o Deus que ele pensava ser amoroso e misericordioso matou seu filho e esposa. As poucas palavras que sai de sua boca são: Eu não estou entendendo, mas Deus sabe o que faz!

Deus realmente sabe, Ele sabe por que boa parte das pessoas que estão nos abrigos são pobres e negras, Ele sabe!

Nossa fé animista não consola o Anderson e nem confronta as repetidas injustiças. No curto prazo, nossos caminhões e voluntários subiram a Serra, uns com boa vontade, outros com arrogância e respostas prontas, usando a situação de destruição e luto como estratégia para podermos empurrar nossa estranha visão sobre o causo.

Amanhã faz dois meses do acontecido. O cenário mudou completamente, as necessidades são outras. A grande maioria das pessoas já não precisa mais de roupas, água ou cestas básicas. O momento é de reconstrução. Reconstrução da casa da Patrícia, reconstrução do relacionamento entre o Anderson e seu “des-graçado” Deus. É momento de cobrarmos dos que prometeram, é momento de expressarmos o amor e a verdadeira graça do Deus que é Pai e amigo do Anderson, da Patrícia, Ângela, Djalma, Zé...

Lucas Gomes é Missionário da JOCUM-RJ (Jovens Com Uma Missão)

terça-feira, março 01, 2011

FOTOS DIVERSAS DO RIO E DE NITERÓI