quinta-feira, abril 26, 2007

TEMPO: O PRESENTE DA VIDA

TEMPO: O PRESENTE DA VIDA


Debaixo do Céu há momento para tudo, e tempo certo para cada coisa: tempo para nascer e tempo para morrer. Tempo para plantar e tempo para arrancar a planta. Tempo para matar e tempo para curar. Tempo para destruir e tempo para construir. Tempo para chorar e tempo para rir. Tempo para gemer e tempo para bailar. Tempo para atirar pedras e tempo para recolher pedras. Tempo para abraçar e tempo para se separar. Tempo para procurar e tempo para perder. Tempo para guardar e tempo para jogar fora. Tempo para rasgar e tempo para costurar. Tempo para calar e tempo para falar. Tempo para amar e tempo para odiar. Tempo para a guerra e tempo para a paz. Eclesisates 3.1-8


O TEMPO PRESENTE: LUGAR DE RELACIONAMENTO COM DEUS


Debaixo do Céu há momento para tudo, e tempo certo para cada coisa: Este é um dos pontos mais importantes do livro do Eclesiastes, pois nele, o Coélet realça a importância do tempo presente, mostrando-o como um lugar teológico por excelência, onde o homem pode encontrar-se com Deus. O passado já se foi, o futuro é uma probabilidade. O mais importante é o presente concreto onde de fato Deus se encontra e onde o homem poderá com ele se relacionar.
Ao introduzir a variável do tempo, o Coélet fala do ritmo da vida humana que deve adaptar-se à característica de cada tempo, mantendo o equilíbrio no movimento (como quem anda de bicicleta) e não de ficar sonhando com uma estabilidade imutável que simplesmente não existe.

Do versículo 2 ao 8, o autor apresenta uma série de 14 antíteses que pretendem representar todas as possibilidades que podem ocorrer durante a vida, transmitindo a idéia de que a existência humana se faz dentro de polaridades opostas que cobrem toda sua duração, desde o nascimento, (v. 2a) até a paz (v.8b).

Nesta alternância de situações boas e ruins, posso descobrir o relacionamento com Deus como algo possível já, independentemente do estado emocional em que eu me encontre. Isto me permite encarar os fatos da vida sob uma nova perspectiva: Minha vida é um projeto em construção. Em Deus eu sou maior do que meus erros e acertos, e sempre terei uma nova oportunidade para retornar à casa do Pai porque “O amor do Senhor não acaba jamais e a sua compaixão não tem fim. Pelo contrário, renovam-se a cada manhã.” Lm 3.22-23.

O PRESENTE E SUAS POSSIBILIDADES

Um encontro:
Que de alguma forma transformará minha vida.
Oferecerá orientação no tempo da dúvida.
Proporcionará a solução de um problema.

Uma amizade:
Para encorajar nos momentos difíceis.
Para celebrar na alegria.
Que me aceita do jeito que eu sou.

Um emprego
Trará a provisão para as necessidades.
Permitirá a construção de uma carreira.
Produzirá a realização pessoal.

Estas e incontáveis possibilidades estão ao seu alcance, neste exato momento. Para aproveitá-las basta estar aberto a relacionar-se com as pessoas, disposto a viver o momento, e sensível à voz de Deus que se manifesta das mais variadas formas ao seu redor.

O PRESENTE E A ETERNIDADE

Se pudéssemos escolher, todos iríamos preferir os momentos agradáveis aos ruins. Mas isto não é possível. A vida não permite a acomodação e a sabedoria consiste em assimilar a tensão que leva ao equilíbrio entre os opostos. A sabedoria do povo alcança este entendimento quando diz: “Não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe”, e a fórmula contrária é igualmente válida: “Não há mal que sempre dure nem bem que nunca se acabe.” G.K. Gibran diz isto de forma mais profunda quando se refere à alegria e à tristeza: elas “vêm sempre juntas; e quando uma está sentada à sua mesa, lembre-se de que a outra dorme em sua cama.” Por isso, a maior sabedoria está na tensão que nos leva ao equilíbrio da serenidade, sem que nos deixemos arrastar pelos extremos da alegria e da tristeza.

“O que existe, já havia existido; e o que existirá, também já existiu. Deus busca aquilo que foge.” v.15 Este versículo traz o ápice de toda a consideração sobre a temporalidade e eternidade em que está mergulhada a vida humana. Às vezes queremos nos refugiar no passado, mas não adianta: “o que existe já havia existido”. Outras vezes imaginamos que é no futuro que seremos felizes. Também não adianta. Sentimo-nos então constrangidos à única dimensão que nos resta: o presente. Isso, de início, nos parece pouco e limitado demais. Contudo, se olharmos bem a dimensão do presente, veremos que é nele que se realiza ou pode se realizar aquilo que mais buscamos, seja qual for o momento e o tempo (3.1-8) que nele estiver acontecendo. Porque no presente se manifesta o principal da vida humana: o encontro com a eternidade, a comunhão com Deus, porque “Deus busca aquilo que passa”. Nessas poucas palavras está o que de mais profundo se diz no livro do Eclesiastes.“Aquilo que passa” (literalmente, “aquilo que é perseguido” ou “aquilo que foge”) é o próprio presente, a dimensão fugitiva da vida, a dimensão extremamente efêmera. Todavia, é neste efêmero e fugitivo momento que Deus está presente, e em movimento: a eternidade toda está junto de nós, incidindo nesse ponto zero em que tempo e espaço se cruzam. Deus esteve no passado e também estará no futuro, mas, concretamente, aqui e agora ele se encontra neste momento, passando por este presente fugitivo. Se deixarmos de lado este presente, arriscaremos a nos perder na saudade ou na mera expectativa, deixando escapar pelo vão dos dedos o lugar e o tempo teológico por excelência, o presente no qual Deus se encontra.

CONCLUSÃO

“Viver o presente” pode soar para nós como algo extremamente óbvio. Contudo, não é exatamente no óbvio que está o maior mistério? A sabedoria consiste justamente em atentar para a extrema simplicidade do óbvio, procurando entendê-lo e compreendê-lo. Em geral, porém, imaginamos que a verdade é extremamente complexa e buscamos o complexo, perdendo-nos no meio de grandes complicações.


NOTA:

Este texto é uma síntese das páginas 54 a 60 do livro citado na referência bibliográfica, com alguns comentários pessoais do organizador.

RERERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

STORNIOLO, Ivo. Trabalho e Felicidade – O Livro do Eclesiastes – Paulus – SP – 2002.

terça-feira, abril 24, 2007

FÉ E OBRAS

FÉ E OBRAS
Numa conversa via e-mail sobre o tema acima, eu recebi esta mensagem do Prof. Ruben Marcelino. Gostei muito desta declaração e resolvi publicá-la aqui.
"Em minha opinião, fé e obras vivem em tensão dialética no que se refere à vivência da salvação. Não são as obras que salvam, tampouco a fé. Somos salvos pela graça de Deus, a qual recebemos pela fé e confirmamos pelas obras. Fé e obras são duas dimensões que se afiam enquanto vivemos a salvação que recebemos, de modo que, se uma quiser existir sem a outra, anula o sentido da gratuidade da salvação na vivência dela. Por que cremos? Justamente porque somos receptores e não doadores da graça divina. Por que agimos? Justamente porque somos distribuidores e não armazenadores da graça divina."

quinta-feira, abril 19, 2007

QUANDO A MORTE ENCONTRA A VIDA

QUANDO A MORTE ENCONTRA A VIDA

"Pouco tempo depois Jesus foi para uma cidade chamada Naim. Os seus discípulos e uma grande multidão foram com ele. Quando ele estava chegando perto do portão da cidade, ia saindo um enterro. O defunto era filho único de uma viúva, e muita gente ia com ela. Quando o Senhor a viu, ficou com muita pena dela e disse: – Não chore".
Lucas 7.11-13

Certo dia, dois grupos que viviam situações completamente diferentes encontraram-se. Um vivia a dor da morte e o segundo, a alegria da presença de Jesus. No primeiro grupo, está uma mãe que perdeu o seu único filho. Sua dor é tremenda, a saudade e a certeza de que nunca mais o veria dilaceravam o seu coração.

Outros problemas também afligiriam aquela mulher: sendo viúva e, segundo os costumes da época, ela dependeria de seus filhos para sobreviver. Como o rapaz não tinha irmãos, suas perspectivas de uma vida digna eram pequenas. Mas esse quadro de tristeza iria mudar no momento em que o cortejo fúnebre se encontrasse com Jesus.

Ao ver o sofrimento daquela mulher, Jesus se encheu de compaixão. Deus não precisa de matéria-prima para criar, basta uma palavra e a vida se renova. A sua palavra tem poder para criar soluções e devolver a esperança de dignidade ao que está desesperado. Ele ordenou ao defunto para levantar-se no mesmo momento houve a ressurreição.

Eram dois grupos, duas situações opostas, mas a palavra de Jesus foi suficiente para juntá-los numa única multidão alegre, que saiu pelas ruas louvando a Deus. Esse poder não ficou restrito ao passado, ele está disponível ainda hoje aos que desejam encontrar-se com Jesus. Não vale a pena viver longe desse amor. Junte-se a ele e saia com de alegria, espalhando as boas-novas do evangelho por todos os lugares.

sexta-feira, abril 13, 2007

ENXERGANDO PESSOAS COMO ÁRVORES

ENXERGANDO PESSOAS COMO ÁRVORES

"Ele pegou o cego pela mão e o levou para fora do povoado. Então cuspiu, passou a saliva nos olhos do homem, pôs a mão sobre ele e perguntou: – Você está vendo alguma coisa? O homem olhou e disse: – Vejo pessoas; elas parecem árvores, mas estão andando".
Marcos 8: 23-24

O ministério de Jesus era caracterizado por milagres. Diante de sua presença endemoninhados foram libertos, mortos ressuscitaram, mudos começaram a falar e cegos passaram a enxergar.

O relato desse milagre apresenta uma característica que o destaca de todos os outros: ele aconteceu em duas etapas. Num primeiro momento, o homem começara a enxergar pessoas como árvores andando. Ele já não poderia dizer que era cego, pois via vultos apesar de não conseguir definir detalhes de feições ou formas. Para quem já tinha sido completamente cego, qualquer progresso representaria uma tremenda vitória. Recuperar ao menos um pouco da visão já faria uma diferença incrível na qualidade de vida daquele homem.

Para Jesus, o autor da cura, a história não havia terminado. Logo após a primeira imposição de mãos, ele perguntou ao homem: "Você está vendo alguma coisa?" e o homem descreveu a situação de sua visão. Será que houve falha no controle de qualidade desse milagre? Será que Jesus usou uma dose mais fraca do seu poder que não foi suficiente para curar o cego de uma vez? Diferentemente de outros milagres que ocorreram logo de primeira, nessa situação Jesus quis chamar a atenção para um fato bastante comum: algumas pessoas, ao ter um contato inicial com ele, recebem os primeiros benefícios, acostumam-se com o pequeno progresso e desistem de buscar a bênção completa. Acham que está tudo bem e não se preocupam em desenvolver um relacionamento com Deus, nem em conhecer melhor a Bíblia.

Jesus não se contenta com nada menos do que a perfeição. Aquele cego buscava a cura também e não queria a obra pela metade. Ele já ouvira relatos de outros milagres de Jesus onde as pessoas foram curadas completamente e não queria sair de lá enxergando vultos. O homem permaneceu firme enquanto Jesus punha outra vez as mãos nos seus olhos: "Dessa vez o cego olhou firme e ficou curado; aí começou a ver tudo muito bem" (v. 25). Quando Jesus age em sua vida, você não sai abençoado pela metade, mas fica completamente restabelecido e é capaz de enxergar muito bem cada detalhe da atuação de Deus em sua vida.

Qual é a sua situação neste momento? Você está como cego vivendo na escuridão, dependendo de todos para tudo sem encontrar esperança? Ou está como aquele homem na primeira etapa do processo de cura, que obteve uma resposta parcial para o mal que o afligia sem, contudo, ter o problema resolvido? Ou você assume uma atitude de fé persistente como esse mesmo homem que acreditou que apenas em Jesus ele encontraria a cura que ele tanto desejava? A terceira atitude é a decisão correta que traz cura, paz, alegria e nos faz compreender claramente todo o poder de Deus que se encontra à nossa disposição. Não permaneça na escuridão ou apenas enxergando pessoas como árvores. Jesus quer dar-lhe uma nova vida agora!