sábado, outubro 23, 2010

Último Debate Lula X Collor 1989

Último Debate Lula X Collor 1989

O nível do debate político entre os evangélicos nestas eleições anda mesmo sofrível. Não aguento mais receber e-mails pintando a Dilma como o Diabo e recomendando o voto no Serra que, segundo os remetentes, é o candidato que vai salvar o pais da iniquidade institucionalizada lulopetista.

Parte 1



Estas mensagens, cuja maioria eu deleto sem ler, me recordam o ano de 1989, quando os evangélicos se mobilizaram para detonar a candidatura do Lula afirmando que, se ele fosse eleito, as igrejas seriam fechadas, a cor da bandeira brasileira seria alterada de verde, amarelo azul e branco para o vermelho comunista, etc.

Parte 2



O cara daquela época era o Collor, caçador de corruptos, que ele chamava de marajás. Os pastores usavam o púlpito para conclamar os seus fiéis a votar no Fernando Collor de Melo pois ele era a grande esperança dos evangélicos para salvar o pais da iniquidade que o lulopetismo queria institucionalizar. Quem quiser ter uma idéia do ambiente político em que as eleições de 1989 aconteceram, é só assistir aos vídeos do último debate da campanha presidencial, daquele ano.

Parte 3



O Collor foi eleito e todos sabem como esta história acabou em 1992. Em 2002 o Lula foi eleito, está aí até hoje e a nossa bandeira não mudou de cor e, nunca antes na história deste país, tantas igrejas foram abertas. Quer dizer, os temores de 21 anos atrás não tinham fundamento.

Parte 4



Eu não estou muito animado para votar na Dilma, mas isto não é resultado desta "guerra santa virtual". Reconheço os benefícios da administração petista, citados pelo meu amigo Clemir Fernandes num e-mail:

  1. 1. O país cresceu e promoveu distribuição de renda,
  2. 2. Aumentou efetivamente salários;
  3. 3. Ampliou o número de postos de emprego e com garantias sociais, etc etc.

Parte 5



Mas não me agrada mais o estilo petista de governar e a maneira como foram tratadas as denúncias dos tantos escândalos que têm vindo à tona. Ninguém foi punido e os caciques do partido, envolvidos até o pescoço, estão aí dando as cartas nesta eleição.

Parte 6



Também não quero votar no José Serra. Citando mais uma vez o Clemir, apresento os meus motivos: Ele representa o grupo que:

  1. 1. Entregou de bandeja as riquezas nacionais ao grande capital,
  2. 2. Destruiu postos de trabalho e aumentou vertiginosamente o desemprego,
  3. 3. Achatou salários, além de muitas outras cositas más.

Parte 7



No primeiro turno, eu me despenquei da minha casa, em Niterói, até o centro do Rio de Janeiro, apenas para ser + 1 a votar na Marina. Mas neste segundo turno estou pensando seriamente em justificar, pois não quero legitimar com o meu voto nenhum dos dois candidatos que me desagradam.

Parte 8



Reconheço que a Marina não era a candidata perfeita, que o PV não é o partido dos meus sonhos e que possui algumas alianças indigestas. Mas eu não queria votar nem na Dilma nem no Serra.

Parte 9



Se eu mudar de idéia, votarei na Dilma, pois a considero o mal menor diante da opção de ter o Serra como presidente. O fato de ela ter sido terrorista/ativista no passado, pouco importa para mim, são outros tempos e até o PT, em sua prática política, já admitiu isto ao manter boa parte dos fundamentos da política economica do Itamar/FHC, para garantir a estabilidade e ter condições para governar.

Parte 10 Não localizada

Se eu mudar de idéia, votarei na Dilma, pois a considero o mal menor diante da opção de ter o Serra como presidente. O fato de ela ter sido terrorista/ativista no passado, pouco importa para mim, são outros tempos e até o PT, em sua prática política, já admitiu isto ao manter boa parte dos fundamentos da política economica do Itamar/FHC, para garantir a estabilidade e ter condições para governar.

Parte 11



Eu acho que esta discussão sobre aborto e casamento gay (sou contra ambos) está sendo utilizada pelos dois candidatos como cortina de fumaça para que eles fujam da discussão de temas relevantes da saúde pública, da economia, e outros, que exigiriam respostas mais elaboradas e a exibição de planos de governo consistentes.

Parte 12



Evangélicos e católicos deveriam trazer para o debate eleitoral as questões da injustiça social que afetam o nosso povo. Para ser relevante a igreja precisa pregar às almas perdidas, mas sem se esquecer de cuidar dos corpos que sofrem. Como diz Leonardo Boff: “sem a pregação da justiça não há evangelho que seja de Jesus Cristo. Isso não é politizar a igreja: é ser fiel”. (Igreja Carisma e Poder – p. 65).

Parte 13



Assistir ao último debate da campanha presidencial de 1989 é um exercício muito interessante para perceber a transformação que os candidatos sofrem ao longo dos anos. Naquela época Lula e Collor eram inimigos ferrenhos, trocavam sérias acusações entre si, cada um tentando demonstrar que se o outro fosse eleito, o país iria sofrer amargamente.

Parte 14


O Collor se classificava como um candidato cristão, cujo plano de governo seria defender os valores da família cristã. Discurso é bem semelhante ao que vem sendo apresentado na propaganda do Serra, que acusa a Dilma de ser favorável ao aborto, enquanto ele defende a vida.

Em 1989, o portugês do Lula era bem ruim mesmo, se compararmos com os discursos atuais, e notório o progresso que ele obteve no domínio do idioma. O Collor falou que era contra o calote, contra mexer na poupança...

O Collor também falou do risco de se eleger um candidato que não tinha nenhuma experiência na administração pública. Ele, que tinha sido governador de Alagoas, era a melhor opção, porque sabia o que era governar. Parece bastante com os discursos que temos ouvido hoje, não?

Enfim, é importante prestar atenção no processo político que o nosso país vivencia. Ele não aconteceu de ontem para hoje, é fruto de um amadurecimento político e histórico que precisa ser aperfeiçoado sempre, para que nas próximas eleições possamos observar mais progressos do que retrocessos no Brasil.

sábado, outubro 16, 2010

TV PIRATA






sábado, outubro 09, 2010

PIRATININGA















BUSCAR A DEUS É VIVER

BUSCAR A DEUS É VIVER

“Buscai o bem e não o mal, e vivereis; e o Senhor Deus dos exércitos estará convosco, como o dizeis. Detestai o mal, amai o bem, fazei reinar a justiça nas vossas assembléias; talvez então o Senhor, o Deus dos exércitos, tenha piedade do que resta de José!” Amós 5.14-15

A corrupção generalizada produz a decadência de uma nação, porque a riqueza por ela produzida fica concentrada na mão de poucos. Quando esta riqueza é fruto do trabalho honesto, ela estimula o amor do povo à sua terra, pois o indivíduo valorizará o lugar de onde ele tira o seu sustento.

A corrupção estimula o egoísmo predatório, cada um cuida do seu e ninguém olha para o seu próximo como um semelhante criado e amado por Deus. O outro é sempre uma ameaça que precisa ser contida. Dividida contra si mesma, a terra se enfraquece e sofre.

Sentindo a ameaça das nações ao seu redor, Israel buscou alianças políticas e militares com vizinhos que pudessem lhe oferecer proteção contra os grandes e poderosos impérios inimigos. O erro desta estratégia estava em se esquecer de cuidar do principal problema: a injutiça social e o consequente afastamento de Deus.

Cada esfera da vida pública estava contaminada e não conseguia se desvincular da iniquidade. Os ricos não tinham mais pudor de enriquecerem à custa da exploração dos mais pobres. O versículo 7 afrma: “Convertem o direito em absinto, e lançam por terra a justiça”. Os pesados tributos retiravam da mesa do trabalhador o que ele produzia de melhor e o restante, não era suficiente para alimentar a sua família.

É impossível suportar tanto desequilíbrio indefinidamente. De tão comum, a iniquidade já não causava indignação. O jogo sujo dominava a conduta social e se alguém ousasse discordar, sofreria as consequências. Novamente o profeta observa: “Por isso o prudente se cala neste tempo, porque é tempo mau”. (V13). O medo de falar a verdade calava os justos.

O profeta anunciava a mensagem de Deus: “Buscai o bem e não o mal”. E não bastava somente bucar o bem, uma mudança radical era exigida: “Detestai o mal”. Para que o Senhor voltasse a se agradar do seu povo, eles precisariam estabelecer a justiça como o a regra máxima a orientar as suas decisões.

As celebrações religiosas seriam inúteis se não acontecessem como fruto de um verdadeiro arrependimento e do desejo de fazer com que a justiça se tornasse a ofertas principal a ser apresentada no altar.

Deus chama o seu povo para se afastar do mal e buscar a justiça e a misericórdia como estilo de vida.

CAMINHADA ENTRE OS FORTES DE NITEROI -23/10/2010















RELIGIOSIDADE E OPRESSÃO

RELIGIOSIDADE E OPRESSÃO

Ide a Betel e pecai! Ide a Gálgala e pecai ainda mais! Trazei cada manhã vossos sacrifícios, e ao terceiro dia vossos dízimos. Queimai com fermento vossas ofertas de ação de graças; anunciai, publicai oblações voluntárias! Porque isto é o que amais, filhos de Israel - oráculo do Senhor Javé. Amós 4.4-5

A religião carrega e seus preceitos os valores de um povo. É a ela que se costuma recorrer quando se percebe a necessidade de restaurar os princípios éticos de uma sociedade. Os líderes espirituais precisam ser íntegros, para serem capazes de liderar a nação em sua peregrinação espiritual em busca de um encontro com Deus.

Depois de superar o difícil período do êxodo pelo deserto, Israel vivia um momento de estabilidade, fruto da política expansionista promovida por Davi e solidificada por Salomão. As famílias mais ricas conquistavam os seu espaço, dividiam o poder e organizavam a economia. Enfim, Israel começava a exercer influência entre as nações do seu tempo.

Mas nem tudo ia bem. O progresso do país não correspondia a uma melhora na condição de vida de todos. As diferenças sociais aumentavam: as riquezas se concentravam nas mãos de poucos, enquanto que para os mais pobres, a vida ficava cada vez mais difícil e sem opções dignas para dar conta das necessidades básicas de um indivíduo.

Ao invés de protestar contra a injustiça, a religião institucionalizada buscava garantir a estabilidade, para agradar aos que detinham o poder. As belas cerimônias tranquilizavam a consciência da alta sociedade e serviam para frear os ímpetos revolucionários dos insatisfeitos.

Não faltavam rituais, peregrinações e ofertas mas, ainda que bem intencionados, estes cultos não agradavam a Deus porque produziam alienação.

A oposição do profeta era desagradável. Quem desejaria ouvir palavras tão duras quando tudo parecia caminhar bem? Porque alguém teimava em ser tão radical e intransigente? Naquele momento, desenvolver no povo a capacidade de analisar criticamente a própria situação era a atitude mais inconveniente que se poderia adotar.

A destruição prometida na profecia de Amós nada mais era do que a opressão e a violência voltando-se contra a sociedade que a praticava. Fome e penúria eram cenários familiares aos pobres, que estavam fora da vista dos ricos, que viviam confortavelmente isolados em suas bolhas de prosperidade.

Deus estava chamando o seu povo à conversão antes que ele fosse destruído por sua iniquidade. “Por isso, Israel, eis o que te infligirei; e porque te farei isso, prepara-te, Israel, para sair ao encontro de teu Deus!” (v12) Este encontro não seria ocasião de festa, mas de acerto de contas.

Não é uma atitude sábia endurecer o coração para Deus. Ele conhece cada detalhe de nossos pensamentos e deseja trazer esperança para quem não encontra mais razão para viver.

Amós decidiu permanecer fiel a Deus, mesmo quando as atitudes politicamente corretas recomendavam calar e concordar com o rei. Israel decidiu ignorar as advertências do profeta. Eles não imaginavam que esta decisão equivoada lhes custaria muito caro no futuro.

PRAIA DO FORTE - SALVADOR - BAHIA















sexta-feira, outubro 08, 2010

O PACTO DESFEITO

O PACTO DESFEITO

Proclamai este oráculo nos palácios de Azot, nos palácios do Egito. Clamai: Juntai-vos nos montes da Samaria, e vede quantas desordens há nessa cidade, quanta violência se pratica no seu seio! Não sabem fazer o que é reto - oráculo do Senhor - amontoam em seus palácios {o fruto} de suas violências e de seus roubos. Amós 3.9-10

A aliança com Deus é o ponto de partida para a origem de Israel. Javé queria tornar o seu amor conhecido à toda humanidade e, por isso, elegeu um povo que seria o seu porta voz. Os profetas ouviriam a palavra Divina e a transmitiriam a todas as pessoas, sem distinção de raça, cultura ou nível econômico.

Ser escolhido por Deus é um privilégio que traz consigo uma grande responsabilidade: Israel deveria se transformar num exemplo de justiça para as nações vizinhas. Para se tornar realidade, um acordo exige compromisso de ambas as partes: "Porventura caminharão juntos dois homens, se não tiverem chegado previamente a um acordo?" Amós 3.3. O pacto celebrado com os patriarcas foi abandonado pelas gerações posteriores, que preferiram erguer altares a outros deuses, ao invés de adorar ao Senhor.

Os oficiais da religião hebraica cumpriam a função de intermediários entre Deus e os homens. Caberia a eles ouvir a palavra Divina e transmití-la ao povo. Entre as suas obrigações constava a tarefa de fiscalizar as autoridades, para não permitir que práticas injustas tomassem conta do país. Mas, a proximidade com o poder afrouxou o senso crítico dos sacerdotes. Entre indispor-se com os reis e deixar tudo como estava, eles preferiram a segunda opção. A religião foi contaminada e perdeu a sua voz profética.

Apesar de rejeitado, Deus não se calou. Periodicamente ele despertava servos fiéis para anunciar ao povo as consequências do pecado e o caminho para o arrependimento e para o perdão dos pecados: “Porque o Senhor Javé nada faz sem revelar seu segredo aos profetas, seus servos”. Amós 3.7

O Senhor enviou Amós às capitais, ao centro do poder, com o objetivo de clamar contra a injustiça de maneira que as pessoas certas pudessem ouvir e ter a oportunidade para se converter. As estruturas sociais corruptas não serão transformadas se não houver uma pressão direcionada aos líderes das comunidades para lutar pelos direitos sonegados. É preciso tirar os corruptos de sua zona de conforto: Se o povo permanecer calado, as autoridades pensarão que está tudo bem e pouco farão para corrigir os problemas.

A riqueza que é fruto da corrupção tem pés de barro. Ela traz conforto e alegrias, mas não proporciona a felicidade, porque em qualquer momento suas estruturas podem desmoronar. "No dia em que eu punir Israel por seus crimes, punirei os altares de Betel: os cornos do altar serão quebrados e cairão por terra. Derrubarei a residência de inverno e a residência de verão; as moradas de marfim serão destruídas, muitas casas serão aniquiladas - oráculo do Senhor". Amós 3.14-15.

A destruição, que parece uma atitude radical demais da parte de Deus, é a única saída para o recomeço de uma sociedade em bases sólidas e justas.