sábado, setembro 22, 2012

Sugestões para o voto consciente


*Caio Marçal




A Rede FALE está muito grata pela repercussão da campanha “FALE contra o Voto de Cajado”. Além da enorme divulgação em sites religiosos e matérias na mídia secular, vimos a manifestação diversas lideranças evangélicas ou de crentes de diversas partes do país de diferentes denominações. Agradecemos ao Senhor pelas palavras de apoio e por saber que não estamos sozinhos.

 

Porém, há muitos de nós que ainda tem dúvidas de como exercer o voto de forma responsável.  Nesses dias recebemos alguns e-mails com dicas importantes de pastores e igrejas que tentam conscientizar o seu rebanho de forma coerente com nossa campanha.  De antemão, acreditamos que valorizamos muito o voto livre e o direito a escolha de programas de governo ou de legisladores mediante a consciência que cada cidadão tem o privilégio de exercer no processo eleitoral. Colocamos abaixo algumas contribuições que podem ajudar na maturidade política de nossos irmãos em Cristo.

 

1.  Se um candidato oferece ajuda nos interesses da sua igreja ou um defensor dos “valores da igreja” ou afirme que quer fazer uma parceria, uma “dobradinha” entre o governo ou mandato dele a e Igreja, fuja dele!  A separação entre Igreja e Estado não é apenas institucional, mas uma salutar verdade para ambos.  Não podemos esquecer que a História já nos mostrou que ao ser cooptado pelo Estado ou se serviu do estado para “cristianizar” a sociedade, causou muitos estragos para a espiritualidade da própria Igreja. Lembremos também que uma das contribuições positivas da Igreja Evangélica no Brasil foi a defesa do Estado Laico. Exercemos um papel diferente do Estado. Nosso papel é contribuir para o desenvolvimento da humanidade em diversos níveis, e a natureza da missão da Igreja é: testemunhar de Cristo e seu amor; proclamar o Evangelho que reconcilia toda ordem criada; forjar mulheres e homens para servirem no mundo com os valores do Reino de Deus; cuidar dos pobres, defender o direito dos órfãos, viúvas, excluídos; viver de maneira profética, emprestando sua voz aos marginalizados e desamparados. Quanto a Igreja se mancomuna com o Estado, ela prostitui e trai sua vocação de ser instrumento de Deus para abençoar a Humanidade.

 

2.  Conheça e avalie a vida pregressa de seus candidatos.  O papel do cidadão é também de fiscalizador! Se um candidato não é probo e honesto no trato da coisa pública ou tem péssimo testemunho nos espaços onde ele atua (sindicato, escola, conselho comunitário, etc.) o que o fará crer que será um bom administrador ou legislador para sua cidade? Embora a Lei da Ficha Limpa esteja em voga, é o eleitor que deve fazer a verdadeira “limpa” que livra nossa cidade de políticos corruptos, lenientes e irresponsáveis.

 

3.  Nessa época não é incomum que alguns candidatos (ou cabos eleitorais) façam panfletagem nas portas de nossas igrejas ou de eventos evangélicos. Além de ser uma enorme falta de respeito e de constrangimento para os congregados e visitantes de nossas comunidades de fé, mesmo que estes aleguem ser "evangélicos" ou mesmo "pastores", você já tem um bom indicativo em quem não votar nessas eleições. Se esses profanam o local de um culto religioso, o que pode se dizer então quando estiverem nas câmaras de vereadores ou na sede da prefeitura de sua cidade?

 

4.  Comece a participar da vida da cidade e se envolva com os problemas de sua realidade local. Perceba como é a vida que te cerca( analise questões como transporte público, educação, acesso a cultura, etc, por exemplo). Tire um tempo para avaliar as propostas dele e de seu partido e mais uma vez repetimos: o exercício do voto deve ser livre e o faça conforme aquilo que supõe ser o melhor para o bem comum de todo povo.

 

Não esqueça que política não se faz apenas em época de eleição. Judson Malta, liderança da Aliança Bíblica Universitária no Nordeste e articulador da Rede FALE em Sergipe nos alerta: o voto é somente uma parcela do nosso papel enquanto cidadãos, uma parcela importante que deve ser garantido e promovido como um ato individual e consciente de cada cidadão baseado nas propostas e integridade dos candidatos e não em barganhas de politicagem entre lideres, nem como o fim em si de nosso papel. No entanto, a nossa cidadania vai muito além do voto, somos seres políticos que precisam estar organizados e conscientes do nosso processo de construção social.

 
Em Cristo,
 

Caio Marçal – Sec. De Mobilização da Rede FALE.

 
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