*Caio Marçal
A
Rede FALE está muito grata pela repercussão da campanha “FALE contra o Voto de
Cajado”. Além da enorme divulgação em sites religiosos e matérias na mídia
secular, vimos a manifestação diversas lideranças evangélicas ou de crentes de
diversas partes do país de diferentes denominações. Agradecemos ao Senhor pelas
palavras de apoio e por saber que não estamos sozinhos.
Porém,
há muitos de nós que ainda tem dúvidas de como exercer o voto de forma
responsável. Nesses dias recebemos
alguns e-mails com dicas importantes de pastores e igrejas que tentam
conscientizar o seu rebanho de forma coerente com nossa campanha. De antemão, acreditamos que valorizamos muito
o voto livre e o direito a escolha de programas de governo ou de legisladores
mediante a consciência que cada cidadão tem o privilégio de exercer no processo
eleitoral. Colocamos abaixo algumas contribuições que podem ajudar na
maturidade política de nossos irmãos em Cristo.
1. Se um candidato oferece ajuda nos interesses
da sua igreja ou um defensor dos “valores da igreja” ou afirme que quer fazer
uma parceria, uma “dobradinha” entre o governo ou mandato dele a e Igreja, fuja
dele! A separação entre Igreja e Estado
não é apenas institucional, mas uma salutar verdade para ambos. Não podemos esquecer que a História já nos
mostrou que ao ser cooptado pelo Estado ou se serviu do estado para
“cristianizar” a sociedade, causou muitos estragos para a espiritualidade da própria
Igreja. Lembremos também que uma das contribuições positivas da Igreja Evangélica
no Brasil foi a defesa do Estado Laico. Exercemos um papel diferente do Estado.
Nosso papel é contribuir para o desenvolvimento da humanidade em diversos
níveis, e a natureza da missão da Igreja é: testemunhar de Cristo e seu amor;
proclamar o Evangelho que reconcilia toda ordem criada; forjar mulheres e
homens para servirem no mundo com os valores do Reino de Deus; cuidar dos
pobres, defender o direito dos órfãos, viúvas, excluídos; viver de maneira
profética, emprestando sua voz aos marginalizados e desamparados. Quanto a
Igreja se mancomuna com o Estado, ela prostitui e trai sua vocação de ser
instrumento de Deus para abençoar a Humanidade.
2. Conheça e avalie a vida pregressa de seus
candidatos. O papel do cidadão é também
de fiscalizador! Se um candidato não é probo e honesto no trato da coisa
pública ou tem péssimo testemunho nos espaços onde ele atua (sindicato, escola,
conselho comunitário, etc.) o que o fará crer que será um bom administrador ou
legislador para sua cidade? Embora a Lei da Ficha Limpa esteja em voga, é o
eleitor que deve fazer a verdadeira “limpa” que livra nossa cidade de políticos
corruptos, lenientes e irresponsáveis.
3. Nessa época não é incomum que alguns
candidatos (ou cabos eleitorais) façam panfletagem nas portas de nossas igrejas
ou de eventos evangélicos. Além de ser uma enorme falta de respeito e de
constrangimento para os congregados e visitantes de nossas comunidades de fé, mesmo
que estes aleguem ser "evangélicos" ou mesmo "pastores",
você já tem um bom indicativo em quem não votar nessas eleições. Se esses
profanam o local de um culto religioso, o que pode se dizer então quando
estiverem nas câmaras de vereadores ou na sede da prefeitura de sua cidade?
4. Comece a participar da vida da cidade e se
envolva com os problemas de sua realidade local. Perceba como é a vida que te
cerca( analise questões como transporte público, educação, acesso a cultura,
etc, por exemplo). Tire um tempo para avaliar as propostas dele e de seu
partido e mais uma vez repetimos: o exercício do voto deve ser livre e o faça
conforme aquilo que supõe ser o melhor para o bem comum de todo povo.
Não
esqueça que política não se faz apenas em época de eleição. Judson Malta, liderança
da Aliança Bíblica Universitária no Nordeste e articulador da Rede FALE em
Sergipe nos alerta: o voto é somente uma parcela do nosso papel enquanto
cidadãos, uma parcela importante que deve ser garantido e promovido como um ato
individual e consciente de cada cidadão baseado nas propostas e integridade dos
candidatos e não em barganhas de politicagem entre lideres, nem como o fim em
si de nosso papel. No entanto, a nossa cidadania vai muito além do voto, somos
seres políticos que precisam estar organizados e conscientes do nosso processo
de construção social.
Caio
Marçal – Sec. De Mobilização da Rede FALE.
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