A ECOLOGIA E O REINO DE DEUS
Escutarei o que diz o Senhor Deus, porque ele diz palavras de paz ao seu povo, para seus fiéis, e àqueles cujos corações se voltam para ele. Sim, sua salvação está bem perto dos que o temem, de sorte que sua glória retornará à nossa terra. A bondade e a fidelidade outra vez se irão unir, a justiça e a paz de novo se darão as mãos. A verdade brotará da terra, e a justiça olhará do alto do céu. Enfim, o Senhor nos dará seus benefícios, e nossa terra produzirá seu fruto. A justiça caminhará diante dele, e a felicidade lhe seguirá os passos. Salmo 85.8-13
A ecolologia tem a ver com temas importantes da vida. A preservação da floresta amazônica e a transposição do Rio São Francisco, não são temas isolados das regiões norte e nordeste, pois os bons ou maus resultados das polítias aplicadas hoje afetarão a todo o país.
Não é possível falar de ecologia e se esquecer da justiça social. Onde uma é desrespeitada, a outra é esquecida. Nos lugares onde o meio ambiente é intensamente devastado, os pobres sofrem mais com a destruição da natureza. Os ricos têm como fugir para lugares seguros para se protegerem dos desastres naturais, mas os pobres, não têm para onde ir, após perderem tudo o que conquistaram com o seu trabalho árduo.
Justiça, fidelidade e bondade são conceitos devem regular o relacionamento entre as pessoas, pois eles impedem que determinados grupos prevaleçam sobre os outros. A esperança de redenção, apresentada pela mensagem do reino de Deus, alcança as almas humanas e inclui o cuidado com toda a criação.
Em nome de uma sociedade de mercado livre tem-se buscado uma flexibilização dos regulamentos que protegem a população, para garantir a sobrevivência lucrativa das grandes corporações que se quebrassem, trariam desemprego e até miséria a inúmeras pessoas. É a escolha do mal menor.
O dinheiro é fundamental para a sobrevivência. Sem ele, não se pode dar conta das necessidades mais elementares de uma sociedade. O problema, de acordo com o sociólogo Zigmunt Bauman, está no fato de que quanto maior for este capital, menos sujeito ele se encontrará às regulamentações locais, pois quando as exigências se tornam muito altas, a solução é mudar-se para um lugar que ofereça mais liberdade com pouca vigilância.
Esta falta de cuidado com a localidade se evidencia pelo descaso com a natureza. O chamado desenvolvimento econômico tem prioridade em relação aos cuidados ambientais. O festejado agro negócio concentra seus investimentos em produtos considerados mais lucrativos e ocupa grandes regiões do país abandonando as suas culturas tradicionais, para dedicar-se àquelas que estão na moda, ignorando o risco de esgotamento do solo que certamente ocorrerá no futuro.
Enquanto há tempo precisamos repensar o modelo de desenvolvimento adotado na sociedade e substituí-lo por outro que respeite o meio ambiente e promova a dignidade das pessoas.
Não se pode esperar que esta mudança de paradigma venha do mercado, que não deseja abandonar a fórmula que está lhe rendendo muito dinheiro. nem dos governos, que se submetem aos desejos das grandes corporações por medo de perder os empregos e os impostos gerados por suas atividades.
Cabe a igreja a tarefa de lutar por uma sociedade onde a justiça e a paz andem de mãos dadas e os meios de produção sejam acessíveis a todos e não apenas a uns poucos privilegiados. Por não estar submetida às leis do mercado e por não ser refém de interesses políticos, a igreja se legitima como porta voz dos excluídos em sua luta para alcançar o sonho de existir dignamente.
O conceito vigente na sociedade diz que a verdadeira liberdade é consumir, mas o evangelho faz uma séria advertência aos que vivem achando que não há limites para a obtenção de riquezas: "Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma. E as coisas, que ajuntaste, de quem serão?" Lucas 12.20
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as conseqüências humanas — tradução Marcus Penchel. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999
BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral – Tradução Ivo Storniolo, Euclides Martins Balancin – Paulus – SP – 1991.
http://www.bíbliaonline.com.br
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