quinta-feira, dezembro 31, 2009

CRISE? QUE CRISE?


CRISE? QUE CRISE?

Ainda que a figueira não brote e não haja fruto na parreira; ainda que a oliveira negue seu fruto e o campo não produza colheita; ainda que as ovelhas desapareçam do curral e não haja gado nos estábulos eu me alegrarei em Javé e exultarei em Deus, meu salvador. Meu Senhor Javé é a minha força, ele me dá pés de gazela e me faz caminhar pelas alturas". Habacuque 3.17-19

Este ano de crise chega ao fim com a esperança de que o mercado venha a se recuperar do susto que começou em 2008. No auge da tempestade o presidente conclamou o povo a um ato de cidadania: comprar, para que a roda da economia não interrompesse o seu movimento. A população atendeu ao chamado. Hoje, as lojas cheias, os voos lotados e as ruas repletas de carros novos, dão a impressão de que a prosperidade tomou conta do país.

Habacuque também passou por uma grande crise durante o seu ministério. Os judeus sofriam com a corrupção das autoridades e para complicar um pouco mais, o invasor estava a caminho, porém "não vem para fazer justiça, mas para substituir uma opressão por outra".(1) O texto acima mostra que o profeta não estava muito otimista com o futuro, pois o panorama que ele descreve, equivale a uma tragédia para uma sociedade agrária.

Os pobres sofrem mais quando o país enfrenta situações difíceis, porque eles têm menos opções para socorrrê-los na hora do aperto. As grandes corporações recebem auxílio do governo. Elas não podem quebrar, por este motivo demitem para sanear as suas finanças. Desempregado, como o trabalhador fará para honrar os seus compromissos? As necessidades não pedem licença para chegar, elas simplesmente aparecem e exigem uma resposta adequada.

Ao observar tanta injustiça acontecendo diante dos seus olhos e sem ter ferramentas para impedir que ela se estabeleça em sua comunidade, Habacuque declara que a estratégia do justo para viver em momentos de crise é a fé, de cuja raiz provém a palavra fidelidade. A fidelidade proporciona uma estrutura moral que sustenta o indivíduo nos momentos em que as referências conhecidas estão ocultas sob a neblina. O fiel aposta que seguir a Deus é a melhor opção diante da possibilidade de corromper-se. Mesmo sem nenhuma evidência a favor, ele crê que Deus está no controle e isto é o suficiente.

A fé alegra o coração do profeta diante de um cenário de caos: não há colheita e mesmo quem tem dinheiro não pode comprar nada. Mas Deus é a salvação, confere um propósito à vida, por isso não há como se afastar dele. A fé permite que as crises, ao invés de destruir, forjem a persistência e ressaltem as qualidades do caráter humano. Ao apostar em Deus, renunciamos às compensações imediatas da injustiça e optamos pela recompensa de vida eterna que ele prometeu.

2009 foi um ano de fé. Não posso dizer que foi ruim, porque progredi em vários aspectos, mas estes últimos doze meses foram muito difíceis de superar. Em alguns momentos a impressão era de que eu dava um passo para frente e dois para trás. Neste período, as disciplinas espirituais da leitura bíblica e da oração mostraram o seu valor a cada manhã quando, na hora de levantar, eu me perguntava: vale a pena todo este sacrifício? Como resposta, a esperança produzia forças e enchia o coração de ânimo para enfrentar as lutas daquele dia.

Os problemas sempre virão, o desafio que o texto propõe é: Não deixar que eles ofusquem as bênçãos que o Senhor concede. "Penso que os sofrimentos do momento presente não se comparam com a glória futura que deverá ser revelada em nós". Romanos 8.18, é a promessa bíblica para os que crêem.

A alegria do profeta, apesar de toda dificuldade que ele contemplava ao seu redor, não era fruto da alienação, mas da certeza de que Deus não o deixaria desamparado. Em seu livro "Ser é o Bastante", Carlos Queirós afirma: "O discípulo, para ser feliz, não depende da alegria ou tristeza durante a noite nem das circunstâncias de uma nova manhã. Sua felicidade independe do tempo. Não porque o discípulo tenha domínio sobre o tempo, mas pela sua capacidade de administrar seus sentimentos em relação ao tempo". (p.52).

Neste último dia do ano, desejo que a fé que animou o profeta invada o seu coração e lhe permita cantar como ele o fez: "Meu Senhor Javé é a minha força, ele me dá pés de gazela e me faz caminhar pelas alturas". Na celebração desta noite reflita sobre as alegrias e tristezas e as deposite nas mãos de Deus, pois ele as transformará em sementes que produzirão frutos de alegria e paz para 2010, 2011, 2012 e por toda a eternidade.

NOTA
(1) BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral - P.1147

REFERÊNCIAS
BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral – Tradução Ivo Storniolo, Euclides Martins Balancin – Paulus – SP – 1991.
QUEIROZ, Carlos - Ser é o Bastante: Felicidade à luz do Sermão do Monte - Curitiba - Encontro - 2009
MÁRCIUS, Stênio - E Se

terça-feira, dezembro 29, 2009

ESPERANÇA - Eduardo Mano e Banda

COELET - Roberto Diamanso



COELET

Roberto Diamanso

Antes que não tenha rima
A imensa lida
Antes que saias a perguntar nas avenidas:
- Cadê lua, cadê a tua luz amiga?
- Cadê, cadê você querida

Antes que venha aquela atrevida
Tomar tudo debalde
Antes que seja tarde
Antes que venham venham aqueles dias
Em que digas:
- Não tenho mais prazer na vida!
A vida furta-cor
Furta sabor
E rouba melodia

Antes que se parta
O copo de ouro
E se despedace o cântaro
E a roda junto ao poço
Lembra-te do teu Criador
Enquanto és moço

UM TECELÃO E UM TEAR - Roberto Diamanso

SALMO DO PASSARIM - Glauber Plaça



SALMO DO PASSARIM

Glauber Plaça

Como ave peregrina sou
A rasgar livre no céu
A usufruir deste infinito azul
E o vento a me tocar
É bom ser livre, ser teu

Como é bom sentir a tua mão
Me livrando das armadilhas
Mas, senhor me perdoe,
Pois por vezes sou levado
Por meus instintos de ave
A desejar os graos do passarinheiro
Olho os grãos, me esqueço de ti
Livra-me senhor da prisão

(bis)

Quero viver tua liberdade
Rasgando nos céus rumo a ti
Voar neste azul da tua paz
Sentir o vento do teu espírito
A soprar sobre mim

Como ave peregrina sou

FIM DE TARDE NO PORTÃO - Stenio Botelho & Silvestre Kuhlmann




FIM DE TARDE NO PORTÃO

Stenio Botelho & Silvestre Kuhlmann

Fim de tarde no portão
A cabeça branca ao relento
Teimosia de paixão
Faz das cinzas renascer alento
Na estrada o seu olhar
Procurando um vulto conhecido
Espera um dia abraçar
Quem diziam já estar perdido

O seu amor é tão forte
Mais que o inferno e a morte
São torrentes que arrebentam o chão
Mais fácil secar os mares,
Apagar a estrela Antares,
Que arrancar o amor de seu coração
Fim de tarde
Se debruça no portão

Mas um dia aconteceu
E o moço retornou mendigo
O pai depressa correu
E abraçou o filho tão querido
Tragam roupas e o anel
Calcem logo os seus pés
Milagre!
Vinho do melhor tonel
Tanta alegria em mim não cabe

O seu amor é tão forte
Mais que o inferno e a morte
São torrentes que arrebentam o chão
Mais fácil secar os mares,
Apagar a estrela Antares,
Que arrancar o amor de seu coração
Fim de tarde
Está deserto o portão

segunda-feira, dezembro 28, 2009

FEITO DE BARRO - Palavrantiga

DEUS ONDE ESTÁS? - Palavrantiga

SOBRETUDO QUANDO CHOVE - Gerson Borges

É DE CORAÇÃO - Gerson Borges

domingo, dezembro 27, 2009

VIVO - Lenine

sábado, dezembro 26, 2009

TENTE OUTRA VEZ - Raul Seixas



TENTE OUTRA VEZ

Raul Seixas

Veja
Não diga que a canção está perdida
Tenha fé em Deus, tenha fé na vida
Tente outra vez

Beba
Pois a água viva ainda está na fonte
Você tem dois pés para cruzar a ponte
Nada acabou, não não não não

Tente
Levante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça agüenta se você parar,
não não não não
Há uma voz que canta,
uma voz que dança,
uma voz que gira
Bailando no ar

Queira
Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo, vai
Tente outra vez

Tente
E não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez

http://vagalume.uol.com.br/raul-seixas/tente-outra-vez.html

sexta-feira, dezembro 25, 2009

CALVIN ESPECIAL DE NATAL - Bill Watterson

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Fonte: Depósito do Calvin - http://depositodocalvin.blogspot.com/search?q=NATAL

O REINO DE DEUS XII - O REINO DOS FILHOS DE DEUS

O REINO DOS FILHOS DE DEUS

A Palavra estava no mundo, o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a conheceu. Ela veio para a sua casa, mas os seus não a receberam. Ela, porém, deu o poder de se tornarem filhos de Deus a todos aqueles que a receberam, isto é, àqueles que acreditam no seu nome. Estes não nasceram do sangue, nem do impulso da carne, nem do desejo do homem, mas nasceram de Deus. E a Palavra se fez homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do pai, cheio de amor e fidelidade". João 1.10-14

Jesus é chamado de Palavra e Verbo, porque foi através dele que o Deus invisível estabeleceu contato com a sua criação e lhe comunicou, de maneira direta, o seu amor.

Apesar da esperança messiânica encher o coração dos judeus que viviam debaixo do jugo do império Romano, a notícia do início do ministério terreno de Jesus não agradou a muita gente. Este não é o Messias que esperamos! Diziam alguns. Ele não possui e nem deseja alcançar o poder político necessário para fazer de Israel uma potência mundial. Onde estão os seus exércitos e sua comitiva de ministros? Ao contrário, A sua mensagem era o amor e a resistência pacífica. Uma de suas declarações soava especialmente frustrante para os revolucionários de plantão: "Dai a César o que é de César" (Mateus 22.20, Marcos 12:17 e Lucas 20:25).

Seu poder estava em reatar o relacionamento rompido entre Deus e a humanidade. Apenas boas intenções não bastavam para superar o grande abismo que o pecado abriu entre a criatura e o seu criador. Foi necessário que o próprio Deus viesse à terra para proporcionar a todo aquele que se dispusesse a crer, a chance de ingressar no Reino dos céus na condição de filho do altíssimo. Privilégio que garante um coração transformado, um espírito sensível para as questões da justiça e um desejo ardente de proclamar a todos que puderem ouvir, que Deus existe e se importa com a nossa felicidade.

No tempo em que habitou entre nós Jesus confrontou as estruturas de poder político e religioso, contaminadas pela hipocrisia que, ao invés de servirem ao povo, promoviam a opressão. Ele atentou para detalhes da espiritualidade que, embora sejam esquecidos por muitos, são fundamentais para transformar a vida numa experiência mais humana e feliz. A religiosidade do messias desagradou, porque em seus discursos, ele afirmava que o Reino de Deus não era propriedade dos poderosos, mas estava disponível aos fracos, aos pobres e a todos os que, apesar de serem desprezados pelo seu semelhante, eram profundamente amados por Deus.

O natal é tempo de anunciar que o Reino de Deus chegou, que a sua esperança pode começar a se vivida hoje, e que este mundo mau pode ser redimido, pela mensagem de amor que Jesus pregou enquanto esteve conosco manifestando "(...) a sua glória: glória do Filho único do pai, cheio de amor e fidelidade"

FELIZ NATAL!

O Natal e sua Inquietadora Mensagem - Caio Marçal

O NATAL E SUA INQUIETADORA MENSAGEM

Caio Marçal

Na empreitada missionária de salvar a humanidade, Deus se fez carne e nos visitou de forma radical na pessoa de Jesus. Para relembrar o nascimento do Cristo, todo ano celebramos o Natal. Infelizmente, as luzes, festas e a imagem de um velhinho de gorro vermelho, doando presentes a todos aqueles que detêm poder de consumo, fez com que a profundidade da mensagem natalina perdesse quase que inteiramente a mística do significado revolucionário da encarnação. O mercado dá uma nova roupagem para os símbolos e data, enquanto rouba a essência do maior evento acontecido em todos os tempos.

Quais são os ensinamentos que precisamos recordar do Natal? Como podemos perceber sua relevância para nossa realidade? Quais são os códigos que apontam para a promoção de uma vida comprometida com mudanças?

Parido numa manjedoura e longe dos espaços de status quo e reconhecimento social, Jesus nasce numa pequena e pobre cidade de uma nação subjugada pelo poder opressor da superpotência romana. Mesmo assim, na insignificante Belém, não encontra amparo. Passados mais de dois mil anos, meninos feitos a imagem de Jesus também são rejeitados na cidade dos homens...

A vinda Dele nos ensina que Deus se esvaziou de todo seu poder para ser menino indefeso nascido numa fétida estrebaria. Fez-se o menor entre os menores para sinalizar que são nos espaços de antivida e de enfrentamento social, que Ele se identifica com aqueles que as vitrines dos shoppings centers e Outdoors insistem em esconder. Abdica de todo seu poder para desvendar o seu mais supremo poder: o amor.

Em meio ao choro de mães, que perderam seus filhos pelo infanticídio promovido por um déspota ensandecido, nasce a Esperança que corajosamente desafia a morte. Ainda hoje a lógica do sistema vigente sacrifica o futuro e a perspectiva de crianças e jovens, seja aqui ou no Haiti.

Na sua fraqueza revela-se como a boa notícia para aqueles que se tornaram invisíveis e descartáveis, pois deles é o Seu Reino. É na periferia do mundo que Ele se solidariza com os que padecem e manifesta sua Glória, derramando bondade para essa gente simples. Cristo veio ao mundo para reconciliar consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra, quanto as que estão no céu e apregoar o ano do perdão. Sua paixão arrebatadora é própria de um Criador que não desiste de amar sua criação.

Hoje a saga do Filho de Deus é continuada por aqueles que dizem ser “propriedade exclusiva do Senhor”. Esses são convocados a serem pequenos cristos, e assim como o Messias, trazer cura para a sociedade doente e manifestar os valores de um Reino onde o maior é aquele que serve! O grande ensinamento da encarnação é que o Senhor insiste em nos chamar para iluminar nos espaços onde a face mais cruel do sofrimento teima em produzir discriminação, miséria e injustiça.

Nesse Natal, lembre-se que Deus te convida para por os pés no chão do mundo real e ser a voz Dele em favor daqueles que não tem voz. Fale. Una sua voz junto conosco em favor de Justiça!

Tenham um feliz ano novo!

Caio Marçal é Secretário de Mobilização da Rede FALE

quinta-feira, dezembro 24, 2009

DEZEMBRO - Paula Maximiano

DEZEMBRO

Paula Maximiano

As ruas parecem formigueiros, não se fala em outra coisa a não ser presentes. Shoppings enfeitados enquanto a cidade se ilumina de estômagos vazios.

Dinheiro, propagandas, fitas, papai noel, presentes, músicas e cartões prontos.

A ironia parece explodir entre as bolas vermelhas das árvores comerciais.

Amanhã milhares de rostos pela cidade irão negar o sorriso do Aniversariante com deboche enquanto comem ceias rodeadas por parentes distantes e presentes caros quando marcar 12:00 horas.

Amanhã crianças vão andar pelas ruas sem presentes, imaginando que o sentido do natal é justamente ganhar coisas.

Amanhã alguns asilos e orfanatos vão transmitir dor entre olhos sem luz.

Amanhã familiares distantes que só aparecem em velórios e casamentos chegarão na sua casa com sorrisos largos e frases prontas.

Ainda dá tempo de fazer este natal valer a data.

Ainda dá tempo de provocar um sorriso do Menino que é muito mais que um bebê do presépio da sua sala. O Menino cresceu para nos ensinar o Amor.

Ame.

HOJE É DIA DE FESTA

HOJE É DIA DE FESTA

Vejam como é bom e agradável os irmãos viverem unidos. É como o óleo fino sobre a cabeça, descendo pela barba, a barba de Aarão; descendo sobre a gola de suas vestes. É como o orvalho do Hermon, descendo sobre os montes de Sião. Porque aí Javé manda a bênção e a vida para sempre". Salmo 133

Eu gosto das celebrações de final de ano. Muitas pessoas ficam estressadas pela correria para comprar os presentes para toda a família. Eu não. Até o momento tenho conseguido escapar desta loucura. Dou poucos presentes, recebo menos ainda, mas não tem problema. Eu gosto mesmo é da festa.

A alegria do natal e do ano novo, para mim, é reunir a família e os amigos para conversar, rir e desfrutar horas agradáveis ao redor da mesa. Lembro de duas ocasiões em que foi possível reunir toda a família quando eu era criança. naqueles dias trocamos presentes, mas não faço idéia do que eu ganhei. O que ficou na memória foi ver todos sorrindo, contando piadas, sendo família mesmo. Os outros anos também forma comemorados, mas não de forma tão marcante.

Mais tarde, passei a fazer parte de uma igreja Batista, o que me ajudou a aprofundar o sentido comunitário do natal e do ano novo. Os cultos, as ceias, e o caminho de volta para casa de madrugada, ou com o sol brilhando forte, foram os melhores presentes que já recebi. Sinto saudades daquela época e de pessoas a quem eu não vejo faz muito tempo mas, a cada ano, tento preservar esta alegre expectativa de comemorar com a família e com os amigos, as bênçãos do ano que passou e, principalmente, o desejo de que nunca percamos esta comunhão, que permite que as lutas sejam menos árduas e traz um sabor delicioso à vida.

Desejo a todos uma ótima noite de natal!

BELA ESTRELA - Thiago Azevedo

BELA ESTRELA

Thiago Azevedo

Uma estrela grita
Para longe no horizonte
Bem além de onde a vista avista
Bela estrela que guia
Os caminhantes perdidos
Na escuridão da vida
Rumo a um destino
A lhes dar guarida.

Estrela guia
Os simples e humildes
Que dormem sob sua luz
Ansiando um novo caminho
A dar boa paz, paz que reluz
De dentro da alma, dos corações
Estrela que anuncia
Boas novas de vida
Boas novas de paz.

Estrela de paz
Que trazes o que nasceu
E amor e vida nos deu
Pequena estrela
Veio nosso caminho iluminar
Um caminho de trevas
Um caminho sem paz
Bela e maravilhosa estrela
Que se chama amor
Que provém do Pai
Anuncia as boas novas de luz
Nos conduz de volta ao lar.

Fontes:

FELIZ NATAL!

NÃO QUERO MAIS SER EVANGÉLICO!

NÃO QUERO MAIS SER EVANGÉLICO!

Ariovaldo Ramos

“Irmãos, uni-vos! Pastores evangélicos criam sindicato e cobram direitos trabalhistas das Igrejas”. Esse, o título da matéria, chocante, publicada pela revista Veja de 9 de junho de 1999 anunciando formação do “Sindicato dos Pastores Evangélicos no Brasil”.

Foi a gota d’água! Ao ler a matéria acima finalmente me dei conta de que o termo “evangélico” perdeu, por completo, seu conteúdo original. Ser evangélico, pelo menos no Brasil, não significa mais ser praticante e pregador do Evangelho (Boas Novas) de Jesus Cristo, mas, a condição de membro de um segmento do Cristianismo, com cada vez menor relacionamento histórico com a Reforma Protestante – o segmento mais complicado, controverso, dividido e contraditório do Cristianismo. O significado de ser pastor evangélico, então, é melhor nem falar, para não incorrer no risco de ser grosseiro.

Não quero mais ser evangélico! Quero voltar para Jesus Cristo, para a boa notícia que Ele é e ensinou. Voltemos a ser adoradores do Pai porque, segundo Jesus, são estes os que o Pai procura e, não, por mão de obra especializada ou por “profissionais da fé”. Voltemos à consciência de que o Caminho, a Verdade e a Vida é uma Pessoa e não um corpo de doutrinas e/ou tradições, nascidas da tentativa de dissecarmos Deus; de que, estar no caminho, conhecer a verdade e desfrutar a vida é relacionar-se intensamente com essa Pessoa: Jesus de Nazaré, o Cristo, o Filho do Deus vivo. Quero os dogmas que nascem desse encontro: uma leitura bíblica que nos faça ver Jesus Cristo e não uma leitura bibliólatra. Não quero a espiritualidade que se sustenta em prodígios, no mínimo discutíveis, e sim, a que se manifesta no caráter.

Chega dessa “diabose”! Voltemos à graça, à centralidade da cruz, onde tudo foi consumado. Voltemos à consciência de que fomos achados por Ele, que começou em cada filho Seu algo que vai completar: voltemos às orações e jejuns, não como fruto de obrigação ou moeda de troca, mas, como namoro apaixonado com o Ser amado da alma resgatada.

Voltemos ao amor, à convicção de que ser cristão é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos: voltemos aos irmãos, não como membros de um sindicato, de um clube, ou de uma sociedade anônima, mas, como membros do corpo de Cristo. Quero relacionar-me com eles como as crianças relacionam-se com os que as alimentam – em profundo amor e senso de dependência: quero voltar a ser guardião de meu irmão e não seu juiz. Voltemos ao amor que agasalha no frio, assiste na dor, dessedenta na sede, alimenta na fome, que reparte, que não usa o pronome “meu”, mas, o pronome “nosso”.

Para que os títulos: “pastor”, “reverendo”, “bispo”, “apóstolo”, o que eles significam, se todos são sacerdotes? Quero voltar a ser leigo! Para que o clericalismo? Voltemos, ao sermos servos uns dos outros aos dons do corpo que correm soltos e dão o tom litúrgico da reunião dos santos; ao, “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu lá estarei” de Mateus 18.20. Que o culto seja do povo e não dos dirigentes – chega de show! Voltemos aos presbíteros e diáconos, não como títulos, mas, como função: os que, sob unção da igreja local, cuidam da ministração da Palavra, da vida de oração da comunidade e para que ninguém tenha necessidade, seja material, espiritual ou social. Chega de ministérios megalômanos onde o povo de Deus é mão de obra ou massa de manobra!

Para que os templos, o institucionalismo, o denominacionalismo? Voltemos às catacumbas, à igreja local. Por que o pulpitocentrismo? Voltemos ao “instruí-vos uns aos outros” (Cl 3. 16).

Por que a pressão pelo crescimento? Jesus Cristo não nos ordenou a sermos uma Igreja que cresce, mas, uma Igreja que aparece: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. “(Mt 5.16). Vamos anunciar com nossa vida, serviço e palavras “todo o Evangelho ao homem… a todos os homens”. Deixemos o crescimento para o Espírito Santo que “acrescenta dia a dia os que haverão de ser salvos”, sem adulterar a mensagem.

Fonte: http://solomon1.com/a/2009/08/nao-quero-mais-ser-evangelico/

quarta-feira, dezembro 23, 2009

O DEUS BAILARINO - Ed René Kivitz

O DEUS BAILARINO

Ed René Kivitz

O que acreditamos a respeito de uma coisa determina a maneira como nos relacionamos com ela. Eu, por exemplo, gosto de brincar com cachorros, mas se percebo que um cachorro é bravo, fico longe dele; mas se é brincalhão, chego perto. Assim é também com o mundo. Antigamente, acreditava-se que o mundo era uma estrutura hierarquizada, sempre do mais complexo ou poderoso para o mais simples ou fraco, sendo que Deus ocupava o topo da pirâmide. O imaginário das pessoas era construído a partir das relações entre reis e súditos, senhores e escravos, generais e soldados, e assim por diante. Cada um tinha seu papel e quase todo mundo se respeitava. Naquela época, a Igreja tinha autoridade, e quem não concordava com o que ela dizia morria na fogueira - mesmo que essa Igreja dissesse que índios e escravos não tinham alma e que o sol girava ao redor da Terra.

Quem acredita numa realidade estruturada a partir de autoridade e poder acha que a fé em Deus resolve tudo; afinal de contas, “agindo Deus, quem impedirá?”. Basta orar com fé e esperar a cura, a prosperidade, a volta do marido, a libertação do filho, enfim, a solução de qualquer problema. Deus manda, o resto obedece. Tudo quanto se tem a fazer é aprender os truques para fazer Deus mandar exatamente o que a gente quer que ele mande. Surgem então as correntes de fé e as ofertas compensadoras da falta de fé, e, principalmente, os gurus que sabem manipular Deus em favor de quem paga bem. Feitiçaria pura.

Copérnico, Galileu, Newton, Einstein e sua teorias científicas fizeram com que o mundo passasse a ser visto como uma máquina, ou como um relógio, sendo Deus o relojoeiro. Neste mundo-máquina, tudo pode ser decodificado, explicado e controlado. As coisas funcionam em relações de causa e efeito previsíveis, como por exemplo as estações do ano, as fases da lua, os movimentos das marés, a órbita dos planetas e os eclipses solares. No dia-a-dia, estas relações também são previsíveis: a partir de informações sobre massa, força, aceleração e direção, sabemos calcular em quanto tempo o carro vai se chocar contra o poste, ou qual bolinha vai acertar a amarela e qual delas vai cair na caçapa.

No mundo-máquina é possível também consertar quase tudo. Quando seu microondas pára de funcionar, basta chamar um técnico e ele vai dizer qual peça deverá ser substituída. O problema é que quem acredita que o mundo funciona assim acaba extrapolando isso para todas as suas relações: o casamento quebrou? Seu filho está dando trabalho? A vida não está funcionando? Então, basta chamar o especialista. Quase tudo tem conserto e pode voltar a funcionar como antes. Mais do que isso, se é verdade que as relações de causa e efeito obedecem precisão matemática, basta apertar o botão certo que as coisas acontecem. Quer fazer discípulos? Quer fazer a igreja crescer? Quer evitar problemas na família? Quer garantir uma boa carreira profissional? Então, basta fazer o curso certo, encontrar o método indicado, seguir as regras apropriadas. Logo, “A” sempre conduz a “B”. Caso você faça “A” e o resultado não seja “B”, então você pensa que fez “A”, mas não fez. O mundo-máquina é assim: tudo sempre funciona direitinho – você é que nem sempre funciona.

Desta compreensão é que surgem o fenomenal ministério para fazer a igreja funcionar com propósitos; a estratégia de sete passos para fazer o ministério ser relevante; as quatro leis espirituais para ganhar a vida eterna; as técnicas de ministração para libertação espiritual e cura interior; os grupos de 12 para fazer o rebanho se multiplicar. É apostila para tudo quanto é coisa, curso para tudo quanto é treco e guru especialista para tudo quanto é tranqueira. Quase todos bem intencionados, mas geralmente funcionando como se o mundo fosse mesmo uma máquina.

Mais recentemente apareceram no cenário algumas teorias elaboradas a partir de outras percepções das ciências da física e da biologia. Na mecânica quântica, os movimentos não são tão previsíveis quanto na mecânica newtoniana. Então, o mundo já não é uma hierarquia nem uma máquina, mas um organismo vivo. As palavras mais adequadas para descrever a realidade são “teia”, “rede”, “arena”, e até mesmo “dança”. A realidade é complexa e os fenômenos naturais e sociais não são previsíveis nem manipuláveis. As pessoas são singulares. Basta verificar que dez pessoas que ganham na loteria reagem de dez maneiras diferentes. Os relacionamentos também são singulares. Dez casais que ganham um filho reagem de dez maneiras diferentes. Da mesma forma, dez igrejas que iniciam um projeto reagem de dez maneiras diferentes. Seres vivos não são padronizáveis. Eles não obedecem relações exatas de causa e efeito. Seres vivos não são coisas. E a vida não é exata.

Quem acredita no mundo como um ser vivo onde cada ser e cada relação é singular, não consegue se submeter a esquemas, não tem a pretensão de gerenciar pessoas, não confia em métodos e nem se impressiona com números, estatísticas e probabilidades. Prefere outros caminhos. Escolhe o caminho da intimidade com o outro; encanta-se com o mistério do sagrado; maravilha-se com a diversidade; presta atenção no jovem em conflito; ouve os dramas do homem que não pára em emprego; fica em silêncio diante da dor e se ajoelha para orar antes de dar um passo sequer em qualquer direção. Esses não se dão muito bem com o Deus-general, ou o Deus-relojoeiro. Curtem mais o Deus-bailarino.

O MESSIAS, SINAL DE CONTRADIÇÃO

O MESSIAS, SINAL DE CONTRADIÇÃO (1)

"Movido pelo Espírito, Simeão foi ao templo. Quando os pais levaram o menino Jesus, para cumprirem as prescrições da lei a respeito dele, Simeão tomou o menino nos braços, e louvou a Deus dizendo: Agora Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar o teu servo partir em paz. Porque os meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: Luz para iluminar as nações e glória do teu povo, Israel. O pai e a mãe estavam maravilhados com o que se dizia do menino: Eis que este menino vai ser causa de queda e elevação em muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição". Lucas 2.27-34

Deus leva às últimas consequências a sua preferência pelos fracos, quando escolhe o nascimento para entrar na historia da humanidade. O que pode ser mais frágil que a figura de um bebê? Mas a partir de crianças como Moisés e Jesus, Deus manifestou os seus planos ao mundo.

Conforme determinavam os preceitos de sua religião, Jesus foi levado ao templo quando completou oito dias de vida. Um encontro surpreendeu os pais do menino; Simeão, um senhor de idade avançada, havia sido revelado, pelo Espírito Santo, que teria o privilégio de segurar o ungido de Deus em seus braços. Desde então, esta era a sua expectativa.

O que deve ter passado pela cabeça dos pais ao perceber que tantas esperanças estavam sendo depositadas sobre um bebê que não sabia falar, e era incapaz de se cuidar sozinho? O texto bíblico diz que eles estavam maravilhados. Conforme o comentário da Bíblia Sagrada - Edição Pastoral, a presença de Simeão e Ana no templo representava a esperança dos pobres de que o Messias traria a libertação para aqueles que viviam oprimidos debaixo do jugo de seus ricos e poderosos senhores.

Como sempre, Deus inicia as suas obras a partir do improvável, do mais fraco, daquele que diz: "eu não tenho condições para fazer isto". Ao contrário de nossa sociedade de fortes e poderosos, no Reino de Deus a força é ser fraco e o poder vem pela dependência de Deus. Os últimos serão os primeiros, quando somos fracos, então estamos fortes. Esta inversão positiva de valores é a contradição sobre a qual Simeão profetizou. Qual é a sua fraqueza? Nas mãos de Deus ela pode se tornar em força e produzir esperança.

NOTA
(1) BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral - P.1252

REFERÊNCIAS
BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral – Tradução Ivo Storniolo, Euclides Martins Balancin – Paulus – SP – 1991.

terça-feira, dezembro 22, 2009

THIS LITTLE LIGHT OF MINE



Esta música tem tocado num comercial da TV. Ao ouví-la eu me lembrei de alguns projetos missionários, com equipes americanas, em que eles cantavam esta canção, ensinando para as crianças brasileiras. Acho que ela tem a ver com o clima de natal

Tentei procurar uma letra em potuguês, mas as versões são muito diferentes.

O NATAL PERMANENTE - Júlia Silveira

O NATAL PERMANENTE

Júlia Silveira

Escrever sobre o Natal é tarefa complexa. Difícil porque parece que tudo já foi dito, entre análises, metáforas e mensagens cristãs. Os ritos, os símbolos e as palavras chaves se repetem há anos, embalados pelos shoppings cheios e as promoções nos supermercados. O espírito natalino espalha-se com rapidez e é comemorado em ceias fartas, durante reuniões de família em casas cuidadosamente decoradas em vermelho, dourado e verde. E por mais que os natais sejam sempre iguais, há neles uma beleza e um misticismo tão intensos que fazem com que, a cada ano, se faça tudo novamente.

Mas o que me intriga nesta data especial é outra prática que se repete: com a mesma rapidez que vem, em uma madrugada do dia 24 para o dia 25, a dedicação à memória da vida de Cristo, a paz, a cordialidade e a celebração da família se esvaem como em um passe de mágica ao raiar do dia 26. Se na noite feliz nos lembramos dos pobres, doamos roupas e dividimos alimentos, nos outros dias do ano seguimos com as nossas vidas, cheios de pressa, correndo sem saber para onde. Mas sabemos que, quando chegar o fim do ano, pararemos por um dia, reuniremos nossos familiares e falaremos com devoção do menino Jesus. O natal é um oásis no deserto, uma pausa na engrenagem, uma válvula de escape. Pequenos atos praticados em nome do aniversário de Cristo garantem a consciência tranqüila para dormir bem nos próximos 364 dias do ano.

Mas nem tudo é hipocrisia. Portanto, viva a todos os esforços para lembrar e homenagear a vida de um bebê pobre que nasceu para mudar a história da humanidade. Viva às luzes, a solidariedade, o cheiro das comidas preparadas com carinho, os abraços fraternos, a desaceleração da rotina e o afeto. Ainda que, para muitos, durem apenas uma madrugada.

Desejo a todos uma noite feliz repleta de alegria, fraternidade e amor, baseada exclusivamente na incrível história do menino e do homem Jesus de Nazaré. Mas desejo, sobretudo, que o seu natal seja mais do que um evento: um estado de espírito que dure o ano todo.

O MESSIAS CHEGOU!

O MESSIAS CHEGOU!

"Naquela região havia pastores, que passavam as noites nos campos, tomando conta do rebanho. Um anjo do Senhor apareceu aos pastores; a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo. Mas o anjo disse aos pastores: Não tenham medo! Eu anuncio para vocês a Boa Notícia, que será uma grande alegria para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um Salvador, que é o Messias, o Senhor. Isto lhes servirá de sinal vocês encontrarão um recém nascido, envolto em faixas e deitado na manjedoura. De repente, juntou-se ao anjo uma grande multidão de anjos. Cantavam louvores a Deus dizendo: Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados".

Seria apenas mais uma noite de trabalho para aqueles pastores que ganhavam a vida levando os rebanhos de seus patrões para pastar. O trabalho era duro e grande a responsabilidade, pois se uma daquelas ovelhas se ferisse ou fosse devorada pelas feras, o valor correspondente seria deitado de seu salário.

A rotina daquela noite foi quebrada pela aparição de anjos. O medo que els sentiram tinha justificativa, porque aquele que contemplasse a santa presença de Deus morreria fulminado. A boa notícia que os anjos anunciavam era que a partir daquele momento não haveria mais razão para temer por estar face a face com Deus., porque ele se tornou humano para viver entre nós e anunciar a esperança de salvação.

Por ter nascido pobre, por estar abrigado numa estrebaria e deitado numa manjedoura, o Messias estava acessível a tantos quantos desejassem procurá-lo. Se tivesse nascido num palácio e fosse filho de um governante haveria uma equipe de cerimonial selecionando aqueles que teriam permissão para visitá-lo.

Ainda que a chegada do Messias tivesse um profundo significado religioso, ela não foi anunciada aos sacerdotes no templo. Apenas aqueles humildes pastores, desprezados por sua baixa cultura e pouco dinheiro. Os últimos, os invisíveis socialmente falando, foram os primeiros a saber das novidades daquela noite. Diferentemente dos religiosos, que têm o seu prestígio poder político a preservar, os pobres não têm mais nada a perder e se entregam de coração aberto quando percebem que Deus se dirige a eles.

Os pastores viram os anjos e saíram na hora para procurar onde estava aquela criança tão especial. Quando a encontraram, contaram á sua mãe tudo o que haviam visto e ouvido. Entre orgulhosa e preocupada, maria guardava tudo em seu coração, pois tinha consciência do privilégio e da respoonsabilidade que o Senhor lhe havia concedido.

Os pastores voltaram ao trabalho felizes porque comprovaram que a sua visão não havia sido alucinação, e contemplaram com os seus próprios olhos o cumprimento da profecia: o Messias está entre nós!

segunda-feira, dezembro 21, 2009

JÁ É NATAL NA LEADER MAGAZINE - Marcia Carvalho

JÁ É NATAL NA LEADER MAGAZINE

Marcia Carvalho

Eu vim de uma família grande, bem grande. Minha mãe tem doze irmãos e meu pai, nove. Esses meus dezenove tios tem uma média de quatro filhos, o que me deixa com cerca de 76 primos de primeiro grau. Todos os meus primos são casados e quase todos tem filhos, o que faz com que eu tenha mais de cem primos de segundo grau. Ah! Eu tenho uma filha, dois irmãos, três sobrinhas...

E na minha família, marido de tia também é tio, mulher do primo também é prima e por aí vai. Então, imagina como eram as festas de fim de ano!

Bem, o que mais me lembro da época de Natal dos meus tempos de criança era a alegria por encontrar tanta gente, pois muitos moravam longe e ficávamos sem nos ver o ano todo. É lógico que como toda criança, estávamos ansiosos por nossos presentes, mas isso não era o principal.

Meu fim de ano era uma correria. A família da minha mãe, minha avó e a minha bisavó, todos batistas, moravam na mesma cidade que eu, Teresópolis. Meus avós paternos, muito católicos, moravam numa outra cidade, muito pequena, ainda no estado do Rio, mas já pertinho de Minas. A rotina era passar a noite do dia 24 na igreja, quando tinha culto, seguir para a casa dos meus avós paternos no dia 25, onde um grande almoço reunia boa parte da família do meu pai, e na volta dar uma passada na casa da minha avó materna. No dia 31 de dezembro passávamos a noite na igreja e o dia na casa da minha avó materna, onde acontecia o amigo oculto e um almoço.

Sinto saudade dessa época, em que o nascimento de Jesus era comemorado e o maior presente era poder estar com quem se ama, se sentir amado, se sentir parte da família, pertencer.

Hoje, infelizmente, dificilmente vejo esse “clima de Natal” nas pessoas. Todo mundo parece muito mais preocupado com os preparativos da festa e a compra de presentes do que com o sentido do Natal. Vitrines enfeitadíssimas convidam ao consumismo, num mundo em que o ter passou a valer mais do que o ser. Pessoas saem do supermercado com todos os ingredientes da ceia de Natal, mas nem percebem o menino sujo, esfarrapado e faminto sentado na calçada. Enquanto carregam sacolas e mais sacolas de presentes, não têm tempo de perceber a tristeza e a solidão no olhar de muitos com quem esbarram nos corredores lotados dos shoppings.

Alguns dizem que a culpa é da pós-modernidade, essa fatia do tempo em que estamos vivendo e que ensinou as pessoas a serem cada vez mais preocupadas com o eu e se esquecerem do nós. Pode ser que sim, pode ser que não. O que hoje é muito claro para mim é que vivemos a cultura do descartável: amo-muito-tudo-isso enquanto me der prazer, enquanto me for útil, enquanto eu puder tirar alguma vantagem; quando isso acabar, simplesmente descarto, sem ter o trabalho de me envolver, de me comprometer. Aliás, acho que essas são as palavras-chave: envolvimento e comprometimento. A maioria das pessoas quer distância delas e do que elas significam.

Mas o que me incomoda de verdade é ver que isso acontece entre os que se declaram cristãos. Penso na parábola do bom samaritano e me pergunto se no cristianismo pós-moderno tem lugar para o próximo ou se o eu tomou todo o espaço. E se não houver, ainda pode ser chamado de cristianismo?

Talvez seja menos complicado deixar essas perguntas de lado. Porque se formos pensar, talvez nos deparemos com a nossa própria falta de envolvimento e comprometimento. Então, comemoremos! Afinal, já é Natal na Leader Magazine!

FELIZ NATAL!

Que o sua vida seja marcada pela simplicidade do menino que teve a manjedoura como berço.

Ps: Para quem não conhece, a Leader é a loja que tem o jingle “natalino” que mais gruda na minha cabeça, todo ano, nessa época: "Já é Natal na Leader Magazine..."

Leia mais textos de Marcia Carvalho em: http://pensando-comigo-mesma.blogspot.com/