segunda-feira, abril 27, 2009

JUSTIÇA SOCIAL TAMBÉM É VIDA DEVOCIONAL - Teologia e Prática da Missão Integral

JUSTIÇA SOCIAL TAMBÉM É VIDA DEVOCIONAL
Teologia e Prática da Missão Integral



“E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta os bodes das ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna”. Mateus 25.31-46



Introdução


A palavra devoção tem a ver com atitudes que envolvem a dimensão espiritual do indivíduo. É por este motivo que a oração, pública ou privada, a leitura da bíblia e a participação nos cultos e reuniões da igreja são tão facilmente identificadas como parte da vida devocional, cuja finalidade deve ser nos aproximar de Deus.


O conceito de justiça social é frequentemente relacionado à militância política, distribuição de alimentos, roupas, enfim, atividades que proporcionam o contato com as pessoas e as suas lutas para superar as adversidades.


É possível haver alguma conexão entre a espiritualidade e a justiça social? Um tema tão humano tem algo a ver com os propósitos de Deus na terra? O que o evangelho tem a dizer sobre este assunto?


1. Alcançando o Homem Todo


Em seu ministério, Cristo recebeu pessoas de todas as classes sociais com muitos problemas diferentes. Em nenhum momento é possível perceber que ele tenha feito uma classificação de seus milagres dividindo-os em: políticos, sociais, de cura física, etc. Os evangelhos expõem de forma muito clara a missão de Jesus, que é um dos princípios básicos do evangelho integral: “Porque o filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”. Lucas 19.10.


A) Cuidando do corpo que sofre


Ao curar coxos, mudos e portadores de várias doenças, além de ressaltar a importância da saúde física, Jesus estava colaborando para a inclusão daquelas pessoas na sociedade.


Num tempo onde não havia previdência social, carteira assinada, ou qualquer direito trabalhista, a única maneira de alguém obter o seu sustento era trabalhar diariamente. Uma doença prolongada ou incapacitante, representava um sério problema especialmente se a família fosse pobre.O preconceito também atormentava os portadores de algumas doenças. Os leprosos, por exemplo, sofriam porque eram obrigados a abandonar seu trabalho e a família, para viverem isolados fora da cidade.


"Falou mais o SENHOR a Moisés e a Arão, dizendo: Quando um homem tiver na pele da sua carne, inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, na pele de sua carne como praga da lepra, então será levado a Arão, o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes. E o sacerdote examinará a praga na pele da carne; se o pêlo na praga se tornou branco, e a praga parecer mais profunda do que a pele da sua carne, é praga de lepra; o sacerdote o examinará, e o declarará por imundo. (...) Leproso é aquele homem, imundo está; o sacerdote o declarará totalmente por imundo, na sua cabeça tem a praga. Também as vestes do leproso, em quem está a praga, serão rasgadas, e a sua cabeça será descoberta, e cobrirá o lábio superior, e clamará: Imundo, imundo. Todos os dias em que a praga houver nele, será imundo; imundo está, habitará só; a sua habitação será fora do arraial". Levítico 13.1-3;44-46


A cura devolvia muito mais que a saúde física, ela resgatava a dignidade do ser humano permitindo que ele retornasse para ao convívio de sua família e de sua comunidade.


"E levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós. E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos. E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz". Lucas 17.13-15


A luta pela justiça social recebeu atenção da mensagem de Jesus. Durante uma reunião na sinagoga de Nazaré, ele anunciou aos seus vizinhos e amigos que o reino de Deus também contemplava os pobres, os presos e aqueles que não tinham voz para protestar contra os abusos cometidos pelos donos do poder:


"O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, a pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor".Lucas 4.18-19


Jesus não ficou calado diante a corrupção que dominava o ambiente religioso de seu povo. Mesmo correndo o risco de tornar-se impopular, ele não teve medo de confrontar os interesses econômicos dos vendedores à porta do templo e falou para quem quisesse ouvir, que o que acontecia ali era pecado.


"Depois disso, desceu para Cafarnaum, com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos; e ali só demoraram poucos dias. Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo os negociantes de bois, ovelhas e pombas, e mesas dos trocadores de moedas. Fez ele um chicote de cordas, expulsou todos do templo, como também as ovelhas e os bois, espalhou pelo chão o dinheiro dos trocadores e derrubou as mesas. Disse aos que vendiam as pombas: Tirai isto daqui e não façais da casa de meu Pai uma casa de negociantes". João 2.12-15


Mas o evangelho não traz apenas uma mensagem de confrontação ao pecado, e às estruturas corrompidas da sociedade, ele apresenta também a esperança de redenção, que alcançará a todos os que crerem em Jesus.


B) Enchendo a alma de esperança


O progresso tem permitido ao homem fazer coisas que até alguns anos atrás eram consideradas impossíveis. Utilizando um computador uma pessoa pode realizar, sozinha e com mais rapidez, a tarefa que outras cinco cumpririam manualmente.


Todo este aparato tecnológico tem consumido o tempo livre, que antes era dedicado à família e aos amigos, porque para cumprir prazos cada vez mais apertados, os funcionários precisam estar sempre disponíveis para atender a uma solicitação do chefe, sob pena de perder o seu valioso emprego, caso decidam reclamar do excesso de trabalho.


O resultado de toda esta correria é que a ansiedade, a depressão e a angústia tornaram-se os males deste tempo. Enquanto isso, para dar conta de suas responsabilidades, as pessoas recorrem aos calmantes e estimulantes, porque não conseguem suportar mais os seus fardos.


Jesus oferece um caminho alternativo para enfrentar os desafios da vida moderna. Não é uma rota de fuga ou um anestésico para eliminar a dor da alma por um breve instante, mas é uma promessa de que ele estará conosco em qualquer situação e a certeza de que o nosso valor como pessoa não vem dos cargos que ocupamos ou do extrato da conta bancária, mas no fato de que somos filhos amados de Deus.

"Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve". Mateus 11.28-30


A consciência de que somos filhos de um pai cuidadoso, faz com que as crises tomem uma dimensão administrável. Ao invés da angústia, a paz de Cristo guardará a sanidade mental emocional e física daquele que opta por entregar nas mãos de Deus, através da oração, tudo o que lhe inquieta a alma.


"Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos! Seja conhecida de todos os homens a vossa bondade. O Senhor está próximo. Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças. E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus".Filipenses 4.4-7


Cuidar do corpo e da alma, recupera o homem integralmente e cumpre o desejo de Jesus expresso nos evangelhos: “(...) eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância". João 10.10.



2. Armadilhas no Caminho


No desejo de tornar o reino de Deus uma realidade palpável, corremos o risco de exagerar em alguns pontos e negligenciar questões importantes, por isso é necessário agir com prudência para evitar erros que venham a fechar portas importantes e criar obstáculos ao anúncio das boas novas. Que erros seriam estes? Entre outros, é possível citar:


A) Assistencialismo que estimula a dependência


Num país com tantas necessidades urgentes, algumas soluções que deveriam ser provisórias acabam se estabelecendo como definitivas, atendendo a uma parte superficial do problema, mas deixando de tratar a sua origem, gerando um número cada vez maior de pessoas dependentes da ajuda de instituições ou autoridades.


A distribuição de alimentos, roupas, e até dinheiro, tem a sua utilidade em momentos agudos, quando a sobrevivência do indivíduo ou de sua família esteja ameaçada, se não houver uma intervenção externa. Esta assistência deve vir sempre acompanhada de políticas que estimulem a autonomia daquele que recebe o auxílio. O deputado Marcos Rolim traz em seu site: http://www.rolim.com.br/cronic5.htm a seguinte explicação sobre a diferença entre a assistência Social e o assistencialismo:


Assistência social: "O que se vislumbra é a possibilidade dos assistidos se organizarem de forma independente, elaborar suas demandas de forma coletiva e passar a crer mais em si próprios do que na intervenção de qualquer liderança ou autoridade que lhe apareça como "superior". A Assistência Social é, por isso mesmo, uma prática de emancipação. Se vitoriosa, ela produz sujeitos livres e críticos".


Assistencialismo: "O que se vislumbra, pelo assistencialismo, é a possibilidade dos assistidos "retribuírem" eleitoralmente a atenção recebida; por isso, os assistidos devem ser submissos e dependentes, não devem se organizar de forma autônoma e, muito menos, expressar demandas políticas como se sujeitos fossem. O assistencialismo é, por isso mesmo, uma prática de dominação. Se vitorioso, ele produz objetos dóceis e manipuláveis".


À igreja cabe a tarefa de estimular a formação de sujeitos autônomos, que possuam o coração aberto para auxiliar o outro com o mesmo amor que receberam no momento de sua dificuldade.


"Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda boa obra; conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre. Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, e pão para comer, também dará e multiplicará a vossa sementeira, e aumentará os frutos da vossa justiça. enquanto em tudo enriqueceis para toda a liberalidade, a qual por nós reverte em ações de graças a Deus. Porque a ministração deste serviço não só supre as necessidades dos santos, mas também transborda em muitas ações de graças a Deus; visto como, na prova desta ministração, eles glorificam a Deus pela submissão que confessais quanto ao evangelho de Cristo, e pela liberalidade da vossa contribuição para eles, e para todos; enquanto eles, pela oração por vós, demonstram o ardente afeto que vos têm, por causa da superabundante graça de Deus que há em vós. Graças a Deus pelo seu dom inefável". 2 Coríntios 9.7-15.


A igreja de Corinto abençoou os seus irmãos macedônios conquistando a sua gratidão e amor e não a dependência. Esse deve ser o nosso grande objetivo como igreja num mundo repleto de necessidades.


B) A tentação do adesismo religioso


A produtividade é uma das principais palavras de nosso tempo. Por este conceito, a qualidade de algo é medida pelo seu nível de consumo. Quanto mais pessoas disputarem o meu produto, melhor ele será. Esta mentalidade tem alcançado muitas igrejas, que não medem esforços para manter os seus templos cheios.


Vincular a ajuda à freqüência regular aos cultos da igreja prejudica a formação de novos discípulos e vai contra a recomendação bíblica: "A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei". Romanos 13.8


Esta atitude distorce o conceito de lealdade, pois a pessoa está ali por conta do suprimento a ser recebido e não por amor a Deus. A igreja cheia, longe de glorificar a Deus exalta o estilo de sua liderança.


3. Desafios ao Evangelho Integral


A) Fé x obras - Dilema ou diálogo?


O desenvolvimento da teologia colocou em oposição estes dois tópicos importantes e criou uma rivalidade que não existiu na prática ministerial de Jesus ou dos apóstolos, conforme é possível observar neste texto da epístola de Tiago 2.14-18:


Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”. Tiago 2.14-18


Fé e obras são os dos lados da mesma moeda. Elas se complementam com o objetivo de levar o ser humano integralmente a Deus. Como é possível alguém orar estando faminto? Da mesma forma, um farto banquete não é capaz de satisfazer plenamente o coração que tem fome por Deus. O evangelho é uma combinação de oração e ação, o Espírito Santo nos concede a sensibilidade para identificar um problema, e a coragem para buscar a solução. A omissão é pecado.


O verdadeiro discípulo de Cristo, prega o evangelho contemplando as necessidades físicas e sociais da pessoa evangelizada, considerando-as tão importantes quanto a salvação de sua alma.


b) Arregaçando as mangas


Pare. Dê um tempo na agitação diária, olhe ao redor, para os problemas de sua rua, de seu bairro e será possível perceber quanta coisa existe para ser feita no lugar onde você vive. Escute o clamor das pessoas de sua comunidade a fim de levar-lhes o conforto da resposta divina. Se a igreja calar-se até as pedras levantarão as suas vozes ao céu (Lucas 19.40).


O critério escatológico de Jesus para reconhecer os filhos de Deus, não foi posicionamento teológico ou confissão doutrinária, mas o amor dedicado aos mais fracos.


Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? Ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”. Mateus 25


De que forma nós queremos ser reconhecidos por Cristo, no dia do Juízo final? O nosso estilo de vida, fornecerá a resposta para esta pergunta.


Conclusão


Sem o sonho é impossível ter esperança. O evangelho é a boa nova de Deus para o ser humano, porque ele tem o poder de resgatar a sua capacidade de sonhar com uma vida melhor num mundo livre da injustiça e da opressão. Esta sagrada esperança não é um sonho impossível, baseado apenas em projetos políticos ou lideranças temporárias, mas ele se apóia no plano eterno da salvação, que nos foi dado a conhecer por Jesus Cristo, filho de Deus e sua palavra encarnada. “No começo a Palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus”. João 1.1


Uma vida devocional que não produz incômodo com as injustiças sociais é infrutífera, e precisa de cuidados urgentes, para não murchar e acabar morrendo desligada que está da videira que lhe alimenta: "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto".João 15.1-2


A Igreja foi chamada para proclamar esta mensagem e seguir o exemplo de Jesus, que colocou em sua agenda aqueles que eram desprezados e os amou, como ninguém havia feito antes. O Rio de Janeiro precisa saber que não são muros, armas ou dinheiro, que solucionarão os graves problemas que afligem a cidade. Somente uma profunda transformação no coração fará emergir a ordem tão sonhada por cidadãos e governantes cariocas: "E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis". Ezequiel 36.26-27

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