terça-feira, dezembro 26, 2006

NATAL: ESPERANÇA DE PAZ

"Então ele julgará as nações e será o árbitro de povos numerosos. De suas espadas eles fabricarão enxadas, e de suas lanças fabricarão foices. Nenhuma nação pegará em armas contra a outra, e ninguém mais vai se treinar para a guerra. Venha casa de Jacó: Vamos caminhar à luz do Senhor." Isaías 2.4-6
O natal representa a esperança que as pessoas nutrem por algo que proporcione a redenção dos males que afligem a esta sociedade: a guerra, a fome, a desigualdade social e tantos outros problemas que não pedem licença para aparecer.
Ao tornar-se humano e viver na terra, Jesus veio mostrar o caminho para a paz. Paz que não é apenas uma palavra que representa um sentimento utópico, mas que semeia a fraternidade, a justiça e alcança a pessoa integralmente, proporcionando-lhe a felicidade de saber que ela é amada por Deus e importante para o seu semelhante.
O amor de Deus é capaz de transformar o mal que nos aflige em bem. Das espadas ele cria as enxadas que preparam a terra para receber a semente, e das lanças ele cria as foices que colhem os frutos que alimentarão o faminto. Esta é a esperança que celebramos ao comemorar o natal: que haja justiça para o necessitado, pois não é possível conceber o estabeleimento do reino de Deus no meio da miséria humana.
FELIZ NATAL!

segunda-feira, novembro 13, 2006

O TEMPO E A VIDA

O TEMPO E A VIDA
Eclesiastes 3.1-8

1. Debaixo do céu há momento para tudo, e tempo certo para cada coisa.
2. Tempo para nascer e tempo para morrer. Tempo para plantar e tempo para arrancar a planta
3. Tempo para matar e tempo para curar. Tempo para destruir e tempo para construir.
4. Tempo para chorar e tempo para rir. Tempo para gemer e tempo para bailar
5. Tempo para atirar pedras e tempo para recolher pedras. Tempo para abraçar e tempo para se separar.
6. Tempo para procurar e tempo para perder. Tempo para guardar e tempo para jogar fora.
7. Tempo para rasgar e tempo para costurar. Tempo para falar e tempo para calar.
8. Tempo para amar e tempo para odiar. Tempo para a guerra e tempo para a paz

O texto acima fala sobre o "tempo certo". Eis aí um conceito simples, mas ao mesmo tempo tão complicado: Quando o sonho vem, ele chega completo em nossa mente, nos faz vibrar pela visão antecipada de quando tudo tiver se tornado realidade. Mas, "Debaixo do céu há momento para tudo, e tempo certo para cada coisa." (v.1) e algumas circunstâncias deixam-nos com uma forte impressão de que este tempo demora muito para chegar.


O Escritor do Eclesiastes apresenta uma série de eventos que acompanham a vida, uns são bons, os tempos de: nascer, de curar, de construir, de abraçar, de rir, de bailar, de amar e de paz. Outros são maus, os tempos de: morrer, de destruir, de chorar, de gemer, de perder ou de guerrear. Não é possível escolher somente os agradáveis porque cedo ou tarde, as coisas ruins vão acontecer. A sabedoria está em viver plenamente a emoção de cada momento, chorando quando estivermos tristes, rindo na hora da alegria e sabendo colecionar as boas recordações que trarão consolo ao coração e produzirão ânimo para suportar as maiores tragédias.


Nos tempos de dificuldades aprendemos a depender de Deus quando qualquer atitude é inútil para resolver algum problema. Aprendemos a importância da humildade enquanto a arrogância dos outros nos atinge. Aprendemos a ser pacientes enquanto damos os passos necessários e aguardamos o "tempo certo chegar".


Os tempos não acontecem isoladamente. Enquanto passamos por momentos ruins muitas situações boas podem acontecer. Mas não lhes damos a devida atenção porque estarmos tão envolvidos nos problemas, que nem percebemos a bênção das coisas comuns: a beleza de um por do sol ou a atenção de um amigo que nos convidou para um agradável passeio. Mesmo tristes, precisamos aprender a comemorar os pequenos sucessos do dia a dia, pois eles são os tijolos que construirão um futuro para além das perdas que a vida nos obriga a sofrer.


Uma coisa é certa: a tristeza não durará para sempre. Por mais que pareça eterna, um dia ela acabará e deixará as suas lições. Nem todas as situações serão resolvidas da maneira que desejamos. Mas o fato é: encontraremos uma solução, e isto é o que importa. A atitude com a qual enfrentamos a adversidade vai determinar o tipo de vida que teremos quando ela chegar ao fim e levam vantagem os que não desanimam e cultivam bons relacionamentos, pois eles colherão os melhores frutos.


A vida oferece oportunidades para a definição de estratégias onde temos diante de nós um sonho, um caminho a seguir, possibilidades, potenciais e limitações. Todos estes fatores combinados podem viabilizar ou impedir-nos de alcançar o objetivo. O momento para construir este futuro é agora, por isso cada decisão é importante, mesmo aquelas aparentemente insignificantes podem ser fundamentais daqui a alguns meses ou anos. Escolhas feitas com sabedoria podem transformar até os maiores obstáculos em trampolins para alcançar o tão sonhado tempo certo, o tempo de paz.

sexta-feira, novembro 03, 2006

CANTANDO O NATAL

NATAL
Quando um Deus amigo se tornou humano
Para nos oferecer uma vida que vale a pena.

Natal - sabemos desde crianças - é tempo acelerado.
Para preparar o que precisa ser preparado
Comprar o que precisa ser comprado
Para abraçar quem precisa ser abraçado.
Para fazer o que de nós é esperado.
Faça tudo isto, mas, antes, pare, reverente
Pare para agradecer a atitude plena
Do Deus amigo que escolheu ser humano completamente
Para nos oferecer graciosamente uma vida que vale a pena,
Para nos ensinar sabiamente a viver de um modo que vale a pena

Vai ser muito mais Natal para você e para todos que você ama.

Israel Belo de Azevedo

A PESCA MARAVILHOSA (II)

JESUS RESTAURA A VIDA DE PEDRO

"Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, você me ama mais do que estes outros? Pedro respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo. Jesus disse: Cuide dos meus cordeiros." João 21:15


No primeiro episódio da pesca maravilhosa, Pedro, um qualificado pescador, foi convidado por Jesus para utilizar as suas habilidades na tarefa de pescar vidas para o Reino de Deus. Ele destacou-se também como discípulo do Mestre, era corajoso, sempre o primeiro a tomar atitudes que achava justas e necessárias, mas como todo ser humano, vivia momentos de contradição onde a coragem se tornava covardia e o ímpeto por mudanças sumia, transformando-se em conformismo.

Quando Jesus foi capturado no jardim do Getsêmani, seus discípulos ficaram atordoados. Eles ainda não haviam conseguido compreender que isso fazia parte do cumprimento das profecias e consideraram a prisão de seu mestre um golpe muito pesado em suas esperanças. Pedro, particularmente, teve uma experiência muito dura, pois no momento em que ele foi confrontado sobre o seu envolvimento com Cristo, teve muito medo de admitir e, por três vezes, negou aquele que representava tudo em sua vida.

Ao ver o Senhor morto na cruz, Pedro tomou consciência da sua falta de coragem, chorou amargamente e já não tinha mais ânimo para prosseguir no cumprimento de sua missão. Decidiu, então, voltar para o seu antigo ofício, chamou a sua equipe, entrou no barco e foi pescar.

Pedro e seus colaboradores voltaram a experimentar uma situação já conhecida: trabalharam a noite toda e não pescaram nada. Nesse momento, eles se encontraram mais uma vez com Jesus, e não conseguiram reconhecê-lo. Ele lhes pede algo para comer, mas não havia nada. Por haverem desistido daquilo que o Senhor os mandara fazer e estarem se afastando do propósito de Deus para as suas vidas, seu trabalho tornou-se infrutífero. Novamente Cristo manda que lancem as redes ao mar. Eles o fizeram e recolheram muitos peixes, cento e cinqüenta e três grandes peixes.

Ao repetir a cena do dia em que Pedro fora chamado para ser um pescador de vidas, Jesus quis dizer ao seu discípulo que, apesar da falha, Deus não desistira dele e que seu chamado para resgatar vidas e cuidar delas permanecia válido.

Talvez você esteja vivendo um momento de tristeza profunda, achando que não vale nada devido aos erros cometidos. Eis uma boa notícia: Jesus acredita em você e quer investir na sua vida para que, a exemplo de Pedro, você possa redescobrir sua capacidade e ser usado na restauração de outras pessoas.

Sem Deus é impossível fazer qualquer coisa. Pedro não conseguiu manter-se firme diante da forte oposição, nem conseguiu pescar, apesar de ser experiente nesse ofício. Mas, a partir do momento em que ele voltou a andar com Cristo, a sua pescaria foi farta e, ao pregar, multidões se converteram (Atos 2:14-41).

Apesar dos erros de Pedro, Jesus lhe disse: "Cuide dos meus cordeiros". Jesus também convida você a segui-lo. Ele restaurará a sua vida perdoando e apagando os erros do passado, investindo no seu presente e ajudando-o a construir um futuro feliz em comunhão com as pessoas e com Deus.

sábado, outubro 14, 2006

A PESCA MARAVILHOSA (I)

TRABALHAR COM JESUS É MAIS PROVEITOSO

“Quando acabou de falar, Jesus disse a Simão: – Leve o barco para um lugar onde o lago é bem fundo. E então você e os seus companheiros joguem as redes para pescar. Simão respondeu: – Mestre, nós trabalhamos a noite toda e não pescamos nada. Mas, já que o senhor está mandando jogar as redes, eu vou obedecer”.
(Lucas 5:4-5 – NTLH)

Amanhecia mais um dia à beira do lago de Genesaré. Os pescadores voltavam de uma noite de intenso trabalho e estavam lavando as suas redes, preparando-se para voltar para casa. O trabalho daquela noite não havia sido compensador, eles não conseguiram pescar nada. Isso significava a frustração de haver perdido tempo e a certeza de que naquele dia não entraria dinheiro para as necessidades, pois não haveria peixe para vender. Simão, o pescador, arrumava o seu material talvez pensando no que iria dizer ao chegar a casa sem o pão e o leite para o café da manhã.

Nesse momento, Jesus aproxima-se de Simão e pede o seu barco emprestado a fim de ensinar à multidão. Ele prontamente o empresta. Este fato demonstra a alegria de Simão em servir ao próximo, porque normalmente depois de um dia improdutivo de trabalho não temos muita disposição para conversa, ainda mais para ouvir palestras. Ao acabar de falar, Jesus contemplou o coração amoroso daquele homem, sua necessidade e de seus companheiros e decidiu abençoá-los.

Jesus mandou que os pescadores voltassem ao lago e jogassem as suas redes. Isso era uma incoerência, pois se durante a noite, o horário correto para pescar, eles não pegaram nada, pela manhã é que seria mesmo perda de tempo. Mas Simão Pedro, um homem de fé, sensível à voz de Deus, obedeceu imediatamente e em conseqüência disso sua rede ficou tão cheia, que foi necessário pedir ajuda a outro barco para carregar os peixes até a praia.

Quando realizamos qualquer trabalho de acordo com a orientação de Jesus, ele produz com muito mais abundância. Não adianta querer levar a vida ignorando Deus, ela não vai chegar a lugar algum. Pedro era um bom pescador, entendia como ninguém a arte da pesca, mas naquela noite o seu trabalho não produziu nada, enquanto Jesus não se envolveu nele.

Há quanto tempo você tem lutado para resolver situações problemáticas em sua vida fracassando dia a dia? Pedro não se afastou quando Jesus aproximou-se e pediu-lhe o barco, mas decidiu ouvir atentamente os seus ensinamentos. Experimente ouvir o que Deus tem a dizer e deixar que ele lhe mostre o caminho a seguir. Pedro fez isso e voltou para casa com a pescaria mais farta de sua vida e foi convidado para tomar parte na obra mais bonita da Terra: Levar outras pessoas ao conhececimento de Deus. Se ele tivesse voltado as costas para Jesus e se recolhido em sua frustração, não teria sido abençoado.

Deixe que Deus cuide de você, conte-lhe, sem medo, o que está machucando o seu coração. O que ele deseja fazer em sua vida superará todas as suas melhores expectativas.

quarta-feira, setembro 20, 2006

UMA ATITUDE DE FÉ



UMA ATITUDE DE FÉ

“Um dia Jesus estava ensinando, e alguns fariseus e alguns mestre da Lei estavam sentados perto dele. Eles tinham vindo de todas as cidades da Galiléia e da Judéia e também de Jerusalém. O poder do Senhor estava com Jesus para que ele curasse os doentes”.
Lucas 5:17 - NTLH

Como era seu hábito, Jesus estava reunido com pessoas e pregando o evangelho. Sua presença atraía muita gente que se aglomerava para ouvir o que o Filho de Deus tinha para dizer. Dessa multidão destacam-se alguns personagens: os primeiros são os fariseus e os mestres da Lei que estavam sentados na primeira fila, em condição privilegiada para ouvir a mensagem de Jesus, mas cujos corações dispunham-se a criticar e achar falhas em seu ensino. Em segundo lugar, havia a multidão que cercava a casa onde Jesus estava. Essas pessoas encontravam-se ali por diversos motivos: alguns movidos pela curiosidade de ver aquele homem tão famoso; outros, porque tinham o desejo de conhecer a mensagem que Jesus pregava. Mas eles estavam à sua volta e o texto não revela alguém dentre eles que tenha recebido alguma bênção, apesar de destacar que “o poder do Senhor estava com Jesus para que ele curasse os doentes”. Em terceiro lugar, estavam os que tinham uma necessidade definida: um homem paralítico precisava ser curado e os que o carregavam estavam determinados a fazer de tudo para receber essa bênção do Cristo. Percebe-se que esses quatro amigos amavam muito o paralítico, pois se dispuseram a unir-se e a transportá-lo até onde Jesus estava. Ao chegar ao local da reunião, eles contemplaram a multidão e reconheceram que seria impossível, por vias normais, chegar até Jesus. Mas eles não desistiram e buscaram uma solução para poderem ver a cura de seu amigo. Os homens subiram no telhado, trouxeram o paralítico, abriram um buraco no telhado e baixaram-no até que ele ficasse aos pés de Jesus.

Vendo-lhes a fé, Jesus dispõe-se a atender a súplica daqueles homens. Vale destacar aqui que a fé era dos quatro amigos. Até esse momento o texto não mostra qualquer evidência de que o paralítico estivesse tão disposto a buscar a sua cura. Talvez estivesse acostumado à sua condição de deficiente e não tivesse tanta disposição para enfrentar dificuldades aparentemente sem solução para ser curado. A sua alma estava tão enferma quanto o seu corpo.

Quando Jesus falou com o paralítico, a sua primeira atitude foi perdoar os pecados dele. Por que ele não curou logo o corpo que era a necessidade mais evidente? Jesus estava cuidando, em primeiro lugar, da principal enfermidade do paralítico, a enfermidade da alma. O pecado adoece a alma e se Jesus não solucionasse primeiro esse problema nada funcionaria. Com a sua alma adoecida, o paralítico continuaria enxergando a si mesmo como um deficiente, mesmo que seu corpo estivesse perfeito. Quando Jesus opera um milagre, ele o faz de uma forma completa, tanto física quanto espiritualmente.

Ao ouvirem Jesus dizer ao paralítico que seus pecados estavam perdoados, os fariseus e os mestres da Lei tentaram jogar um balde de água fria nas esperanças daqueles homens. Os fariseus e os mestres da Lei eram homens religiosos, mais preocupados com os rituais do que em conhecer a Deus. Quando estavam diante de Jesus não o reconheceram como o Ungido de Deus para salvar e curar o homem. Se aqueles amigos tivessem dado ouvidos às provocações daqueles religiosos e desistido, teriam voltado para casa decepcionados. Mas eles insistiram, permaneceram aos pés de Jesus e experimentaram o milagre.

Jesus curou o paralítico, ele levantou-se, tomou o leito que o carregara há tantos anos e voltou para casa glorificando a Deus. O testemunho de alguém completamente restaurado por Deus causa impacto aos que estão ao redor. “Todos ficaram muito admirados; e, cheios de medo, louvaram a Deus, dizendo: – Que coisa maravilhosa vimos hoje!” (v. 26).

Após ouvir essa história, em que posição você se encontra? Como os religiosos, apegados a rituais sem vida? Como a multidão, que cercava Jesus sem receber as bênçãos do seu poder? Como o paralítico, conformado com o seu problema, achando que o que não tem jeito solucionado está? Ou na posição daqueles quatro homens que não se conformaram com o situação de seu amigo, lutaram contra todas as dificuldades, contra o deboche das pessoas e buscaram a Jesus para resolver aquele problema?

Não fique do lado errado, junte-se àqueles que alcançaram a vitória e, alegres, glorificam a Jesus.

sexta-feira, setembro 08, 2006

VIVER COM ARTE


VIVER COM ARTE

É preciso fazer coisas que mexam com a gente,
Que mexam com a mente,
Direta ou indiretamente.

É preciso saber falar,
Saber ouvir,
Saber sonhar,
Saber planejar.

É preciso saber alcançar,
E aproveitar o que se alcançou.

É preciso ser amigo,
É preciso ter amigo,
É preciso estender a mão,
E ser humilde para segurá-la.

É...
É preciso ter arte na alma,
Ter samba nos pés,
Ter brilho nos olhos,
Ter vida na vida.

Luciana Schimidt Heckert Bastos Peixoto


A arte subverte o mundo. Ela parte do comum, descobre o belo e toca os corações. O olho do artista capta as nuances e as expõe com graça diante de olhos surpresos. A arte semeia mudanças porque rompe barreiras e amplia as expectativas daquele que vive fechado em seu mundo. Sua linguagem é universal e a sua mensagem dispensa traduções.

A palavra cria, cura ou fere, vai depender da maneira como ela é falada. Se dita com amor, fortalece, mas se pronunciada com ódio, rouba a alegria da vida. Aquele que fala deseja ser ouvido, mas como isto é difícil! Ouvir requer atenção, cuidado, qualidades que andam em falta nestes dias tão agitados. Os bons ouvintes tornam-se amigos, com os quais compartilhamos os sonhos.

“O segredo da existência humana consiste não somente em viver, mas em encontrar um motivo de viver”. 1 Sonhar produz esperança, porque permite ir além das limitações. Mesmo quando as dificuldades ocultam as saídas, aquele que sonha encontra novos caminhos, pois ter planos proporciona uma razão para existir.

Planejar é estabelecer uma rota para a rotina da vida, não a deixando seguir à deriva sem levar a lugar nenhum. É alimentar o coração com esperança e trabalhar com disposição para transformar os sonhos em realidade. A celebração é essencial para trazer à memória as vitórias obtidas, ela renova as forças e prepara para novos desafios. Felicidade é possuir amigos com quem celebrar uma conquista.

Amigos ouvem, têm a boa palavra no momento certo, estão perto mesmo quando bem longe, estendem a mão e firmam os pés daquele que está cansado. Eles revelam o que temos de melhor e não vão embora quando os defeitos aparecem. Seu amor baseia-se tão somente naquilo que somos, e não no que podemos oferecer em troca. Com eles a vida ganha cor, suavidade, alegria. Ao seu lado podemos sambar sem saber e não ter vergonha disto, pois a amizade oferece liberdade.

Viver com arte é não perder o brilho nos olhos, é perceber os milagres da vida na vida dos amigos reconhecendo a sua presença como presente de Deus. É abrir o coração, é ter bom humor, é saber agradecer.

Sejamos artistas!


Marcos Vichi
NOTA

1 DOSTOYEVSKY. Fiódor. Os Irmãos Karamázovi. p. 5


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DOSTOYEVSKY. Fiódor. Os Irmãos Karamázovi. Ed. Abril – coleção os Imortais da Literatura - SP

terça-feira, setembro 05, 2006

O TEMPO DE DEUS

O TEMPO DE DEUS

“E não nos cansemos de fazer o bem. Pois, se não desanimarmos, chegará o tempo certo em que faremos a colheita”.
(Gálatas 6:9 NTLH)

A sabedoria popular consagra o bem como o vencedor final de todas as batalhas da vida. Os ditados não cansam de repetir: “Quem espera sempre alcança”; “Fazer o bem sem olhar a quem”; etc. No texto acima temos o conselho da Bíblia recomendando que façamos o bem e prometendo bênçãos aos que obedecerem. Mas será que essa bênção é para todos?

Neste versículo existem dois pontos intrigantes: “Pois se não desanimarmos (...)” e outro: “(...) chegará o tempo certo em que faremos a colheita”. Isso me faz pensar na quantidade de bem que precisamos fazer para alcançar a bênção e no quanto é necessário persistir até que o tempo certo da colheita chegue.

A vida é cheia de circunstâncias difíceis e inacreditáveis. Esse mundo se afunda cada vez mais e mais na maldade e a cada dia vemos a injustiça triunfando. Fazer o bem, ser honesto, chega a ser motivo de piada entre as pessoas. É no meio dessa situação que Deus recomenda que não nos cansemos de fazer o bem. Difícil, não? Para complicar um pouquinho mais: Como contar o tempo de Deus? A Segunda Carta de Pedro diz: “(...) um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia” (3:18). Você pode estar pensando: “Assim não dá, eu vou desistir!” Calma, espere um pouco mais!

Quando Deus se refere ao tempo, isso não está limitado às 24 horas diárias, aos 7 dias da semana ou 30 dias do mês. Ele se refere às circunstâncias que nos cercam e que forjam o nosso caráter dia a dia. Ao observarmos os heróis da Bíblia, podemos perceber como o tempo de Deus chega durante a vida. Vejamos o exemplo de José, relatado em Gênesis a partir do capítulo 37. José passou por situações terríveis até o dia em que foi elevado à Governador do Egito e libertador de sua família. Como você encararia ser vendido como escravo pelos seus irmãos e, ainda, ser condenado, mesmo sendo inocente, quando tudo ia aparentemente bem na casa onde trabalhava? José decidiu ser fiel a Deus. O que ele deve ter sofrido ao ser jogado num poço pelos seus irmãos até ser vendido como escravo? E quando ele foi colocado injustamente na cadeia? Hoje é fácil contemplar o exemplo de José porque conhecemos o final da história. E se o tivéssemos conhecido dentro da prisão? O que diríamos?

José não deixou que aquilo que ele via atrapalhasse aquilo que ele cria. Isto fez a diferença e o levou a alcançar a vitória, a prosperidade, a cura para a sua alma e permitiu-lhe colher os frutos no tempo certo sem desanimar no meio do caminho. Vale a pena fazer o bem em todo o tempo e confiar em Deus, pois ele honrará a sua fé e o abençoará.

terça-feira, agosto 29, 2006

PARA QUÊ SERVE A TEOLOGIA?

PARA QUÊ SERVE A TEOLOGIA?

Algumas profissões fazem sucesso tais como: medicina, engenharia ou direito. Quando um filho anuncia que seguirá uma destas carreiras, a família faz festa. Mas se ele decide estudar teologia, corre o risco de ouvir a seguinte frase: “Se é isto mesmo que você quer...” dita por uma mãe resignada, que, num rasgo de esperança completa: Ah, mas depois você fará algo que lhe dê algum futuro, não é?”

Esta sociedade é imediatista, celebra o ativismo e cultua o prazer. Ela é apaixonada pelo instantâneo. Se um computador leva mais de dez segundos para abrir um programa, é lento demais. Leitura? “Não, obrigado, sou muito ocupado para perder tempo com isso”, dizem alguns. Estar ocupado é sinal de status, de eficiência. Não pega bem Ter espaço vago na agenda, mas se o tempo livre é inevitável, inventa-se algum compromisso inadiável.

“A superficialidade é a maldição do nosso tempo”1 Ela assume a forma de sabedoria saturando o tempo com atividades inúteis e relacionamentos vazios. Um tempo para a reflexão é desagradável, pois trará à tona questionamentos aos quais se prefere esquecer.

A cultura do descartável é o ícone da superficialidade. Não se conserta mais quase nada, pois é mais barato comprar um aparelho novo e moderno. Este conceito integrou-se, também às relações humanas. Porquê sacrificar-se para tentar salvar um casamento, se o divórcio é tão pratico? Um novo parceiro trará novas perspectivas e o esquecimento dos problemas anteriores.
Esta busca de um relacionamento isento de problemas sacrifica a profundidade de uma história de vida construída pelo exercício do amor que perdoa, aceita a pessoa como ela é, e busca ajustar-se para proporcionar a felicidade do outro, pura e simplesmente porque esta será a minha felicidade também.

Neste ambiente agitado, a teologia analisa os caminhos da sociedade e fornece elementos para identificar os seus desvios. O teólogo deve seguir o exemplo dos profetas, que denunciavam a injustiça, convidavam os indivíduos para refletir sobre as suas atitudes e avaliar o resultado de suas decisões. “Procurem ao Senhor enquanto ele se deixa encontrar, chamem por ele enquanto está perto. Que o ímpio deixe o seu caminho e o homem maldoso mude os seus projetos. Cada um volte para o Senhor e ele terá compaixão; volte para o nosso Deus, pois ele perdoa com generosidade.” Isaías 55.6-7.

O homem tem sede de conhecer a Deus, anseia desenvolver relacionamentos profundos, quer encontrar o amor capaz de fazê-lo a ir além de si mesmo e descobrir-se como pessoa na pessoa amada. A teologia tenta traduzir para a linguagem humana os mistérios Divinos. Ao buscar a Deus numa oração e falar com alguém sobre o seu cuidado, se faz teologia, a teologia viva que é fruto da fé que amadurece pelas experiências e traz sentido à vida.

Para quê serve a Teologia? Para lembrar às pessoas de que a vida é mais do que aquilo que se pode ver ou tocar, de que tudo é permitido, mas nem tudo convém2, de que é preciso ter sabedoria para fazer as melhores escolhas e de que esta sabedoria vem de Deus que a concederá generosamente a quem o pedir.3

NOTAS

1 SOUZA, Ricardo Barbosa de. O Caminho do Coração, p. 97.
2 I Coríntios 6.12
3 Tiago 1.5


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SOUZA, Ricardo Barbosa de. O Caminho do Coração – Ensaios sobre a Trindade e a Espiritualidade Cristã. – Encontro Publicações - Curitiba – 2002

BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral – Tradução Ivo Storniolo, Euclides Martins Balancin – Paulus – SP – 1991

segunda-feira, agosto 21, 2006

EXISTE ESPERANÇA PARA O FUTURO

EXISTE ESPERANÇA PARA O FUTURO

“Só eu conheço os planos que tenho para vocês: prosperidade e não desgraça e um futuro cheio de esperança. Sou eu, o SENHOR, quem está falando”.
(Jeremias 29:11 – Nova Tradução na Linguagem de Hoje)

Ao assistir as notícias na TV e ver tanta violência, desespero e fome, você talvez se pergunte: Será que existe esperança para o futuro? Essa palavra causa temor a muitas pessoas. Alguns preferem nem tocar no assunto porque não têm esperança de ver a situação aliviar. Outros tentam com todas as suas forças encontrar um futuro melhor, trabalham de sol a sol, não descansam nunca, mas não conseguem ver nenhum resultado positivo.

A Bíblia garante que Deus quer dar ao homem uma vida de paz, trazendo esperança para o seu futuro. Esse texto é uma declaração do amor de Deus para seus filhos. Ele tem um plano para você e esse plano é bom porque traz a certeza de que é possível alcançar uma vida melhor.

O versículo 12 nos diz: “Então vocês vão me chamar e orar a mim e eu responderei”. O melhor investimento para alcançar um futuro tranqüilo é conhecer os planos de Deus. A boa novidade é que eles não estão escondidos, basta apenas pedir para ter a chance de conhecê-los. Então você descobrirá as coisas boas que estão reservadas para a sua vida. Deus ouve a sua oração e não a despreza porque ele quer abençoar cada detalhe da sua vida.

O versículo 13 declara: “Vocês vão me procurar e me achar, pois vão procurar com todo o coração”. Procurar com todo o coração significa estar disposto a ouvir a voz de Deus e rejeitar tudo aquilo que atrapalha o seu relacionamento com ele. A chave para encontrar-se com Deus é reconhecer que ele se revela em sua vida a partir do momento em que você está disposto a entregar-lhe tudo o que tem, confiando que Deus sempre vai lhe dar muito mais e melhor do que você pode imaginar. Esta confiança lhe fará descansar tranqüilamente nos momentos difíceis, pois você sabe que nas mãos do Senhor o seu futuro está garantido.
Deus não é um mito, ele é real. Vale a pena viver de acordo com os princípios de sua Palavra. Sua atitude será decisiva para a mudança de sua vida. Deus oferece os princípios e você deve caminhar neles. Orar, ir e procurar são verbos e verbos requerem ação! Não adianta conhecer os planos de Deus e ficar parado, sua vida não vai melhorar desse jeito.

Pare de viver angustiado, existe esperança para o seu futuro e ela está mais perto do que você imagina. Deus tem um interesse verdadeiro por sua vida, ele quer vê-lo(a) bem, busque-o de todo o seu coração. Não perca essa oportunidade de alcançar uma vida melhor.

JESUS É A PALAVRA QUE REVELA DEUS AOS HOMENS

JESUS É A PALAVRA QUE REVELA DEUS AOS HOMENS[1]

Evangelho de João 1.1-18

1. No começo a palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus.
2. No começo ela estava voltada para Deus.
3. Tudo foi feito por meio dela, e, de tudo o que existe, nada foi feito sem ela.
4. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
5. Essa luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram apagá-la.
6. Apareceu um homem enviado por Deus que se chamava João.
7. Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele.
8. Ele não era a luz, mas apenas a testemunha da luz.
9. A luz verdadeira, aquela que ilumina todo homem, estava chegando ao mundo.
10. A Palavra estava no mundo, o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a conheceu.
11. Ela veio para a sua casa, mas os seus não a receberam.
12. Ela, porém, deu o poder de se tornarem filhos de Deus a todos os que a receberam, isto é, àqueles que acreditam no seu nome.
13. Estes não nasceram do sangue, nem do impulso da carne, nem do desejo do homem, mas nasceram de Deus.
14. E a Palavra se fez homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade.
15. João dava testemunho dele, proclamando: "Este é aquele a respeito de quem eu falei: aquele homem que vem depois de mim passou na minha frente, porque existe antes de mim."
16. Porque da sua plenitude todos nós recebemos, e um amor que corresponde ao seu amor.
17. Porque a lei foi dada por Moisés, mas o amor e a fidelidade vieram através de Jesus Cristo.
18. Ninguém jamais viu a Deus; quem nos revelou Deus foi o filho único, que está junto ao Pai.

INTRODUÇÃO

A palavra é o elemento básico da comunicação. Através dela uma mensagem toma forma e cumpre o seu objetivo de informar, esclarecer, confortar aquele que a recebe. Para que pessoas de culturas diferentes consigam comunicar-se é necessário haver um código em comum, portanto, um destes indivíduos precisará aprender o idioma do outro ou ambos aprenderão um terceiro idioma, o que lhes permitirá entender o que o outro quer dizer.

Pela palavra abrimos o coração, desenvolvemos a intimidade, encontramos amigos, e conquistamos o amor, porque ela nos permite conhecer as pessoas com os seus desejos, limitações e potenciais e amá-las tal como são.

De que maneira o Deus invisível poderia comunicar-se com o homem? Jesus é chamado de “Palavra de Deus” pois foi ele quem tornou possível a comunicação direta entre o ser humano, palpável e visível, e Deus, espírito invisível. Em Cristo, Deus tornou conhecido ao mundo o seu amor incondicional e libertador.

O estudo da cristologia é fundamental para o entendimento do evangelho e o texto do evangelho de João, citado acima fornece dados muito importantes para o início da compreensão desta matéria. “Ninguém jamais viu a Deus; quem nos revelou Deus foi o filho único, que está junto ao Pai.” v.18 É a partir deste entendimento, que este estudo abordará os aspectos básicos da cristologia demonstrando a sua relevância a igreja e para aqueles que amam a Deus, e desejam conhecê-lo melhor.


O QUE É CRISTOLOGIA?

É o estudo das doutrinas e dos discursos sobre Jesus, o Cristo. É a tentativa humana para compreender o mistério da revelação de Deus aos homens. As definições estabelecidas pelas doutrinas não encerram todo o conhecimento sobre Deus, mas orientam a igreja no ensino e na proclamação do evangelho.

Cristo, é a tradução para o grego da palavra “Mashiah” o “ungido de Deus” portanto, ao invés de ser um sobrenome, Cristo é um título, uma declaração dos propósitos do filho de Deus, em sua vinda ao mundo: “E a Palavra se fez homem e habitou entre nós” v.14. Quando dizemos Jesus Cristo, estamos confessando-o como o ungido de Deus e portador da salvação
O título Cristo é uma síntese das qualificações de seu portador.

“Segundo a fé cristã, Jesus Cristo é o mensageiro definitivo de Deus e ao mesmo tempo, o ser humano definitivo. Ele revela a verdadeira essência de Deus e a verdadeira essência do ser humano, é interpretação (palavra e imagem) de Deus e modelo do que é ser humano. Por isso, nele o cristianismo e a igreja têm não só a sua origem, mas também o seu centro e fundamento permanentes. "Ninguém pode lançar outro fundamento" I Co 3.11; “A pedra que os construtores deixaram de lado, tornou-se a pedra mais importante.” Mc 12.10”.[2]

A entendimento da pessoa e da missão de Cristo influenciará diretamente na compreensão de Deus, do ser humano, do mundo, da graça, da Igreja, da comunhão entre os seus membros, da ética e da prática Cristã.

O QUE É A FÉ CRISTÃ?

É a fé em Cristo. Ela inicia-se com o reconhecimento de que Ele é o caminho para a salvação. “Jesus respondeu: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” João 14.6; “Não existe salvação em nenhum outro, pois debaixo do céu não existe outro nome dado entre os homens, pelo qual possamos ser salvos”. Atos 4.12.

Esta fé é também o exercício do relacionamento com Cristo, que nos revela o amor de Deus, produz a esperança que alimenta a alma e traz a disposição para seguir em frente mesmo durante as maiores dificuldades.

Cristo abre o caminho para uma relação solidária com as outras pessoas. Ele me recebe incondicionalmente, me acolhe, cura minhas feridas e me restaura, apresentando uma nova perspectiva de vida. “Todos aqueles que o Pai me dá, virão a mim. E eu nunca rejeitarei aquele que vem a mim.” João 6.37. Sua única exigência é que eu compartilhe este amor com os que se aproximam de mim, especialmente aqueles que me feriram: Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores”. [3] Mateus 6.12.

Cristo elevou o padrão de qualidade dos relacionamentos humanos ao declarar que a expressão mais concreta do amor a Deus é amar o meu semelhante: “Se alguém diz: ’Eu amo a Deus’ e no entanto odeia o seu irmão, esse tal é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê. E este é justamente o mandamento que dele recebemos: quem ama a Deus, ame também ao seu irmão.” I João 4.20-21.

A condição básica para a expressão da fé cristã é o amor. Este amor desfaz toda a ilusão de auto suficiência. Eu não sou melhor que o meu próximo, sou igual a ele, pois ambos necessitamos de Deus. Eu vou olhar o outro com misericórdia, porque fui acolhido com misericórdia pelo Pai. Neste momento a fé se tornará real e produzirá resultados para mim, e para o meu semelhante.

A NECESSIDADE DE SALVAÇÃO

O projeto de Deus para a humanidade era um relacionamento motivado pelo amor, baseado num acordo de apenas uma cláusula: “me obedeçam” e uma recompensa: “e eu os abençoarei”. A bíblia conta a história de como este relacionamento fracassou e do desejo intenso de Deus em reatá-lo. “Pois assim diz o Senhor Javé, o Santo de Israel: Na conversão e na calma está a salvação de vocês, e a força de vocês consiste em confiar e ficar tranqüilos. Mas vocês não quiseram” Isaías 30.15.

O grande obstáculo para a reconciliação entre o homem e Deus era a sua atitude rebelde e o apego à maldade. “Suas ações não permitem que eles se convertam ao seu Deus. Um espírito de prostituição está dentro deles e, por isso, não conhecem a Javé”. Oséias 5.4.

Os profetas que ministravam ao povo de Israel antes do exílio, tiveram a amarga experiência de falar a pessoas que não queriam ouvi-los. “A quem vou falar e testemunhar, para que me ouçam? Eles têm ouvidos de pagãos, e não são capazes de entender. Para eles a palavra de Javé é motivo de gozação; não gostam dela”. Isaías 6.10. Esta dificuldade lhes convenceu de que eles não eram capazes de converter-se por si mesmos. “Pois esse povo é rebelde, é gente mentirosa, que não quer ouvir a lei de Javé” Isaías 30.9. Para que essa conversão acontecesse seria necessária uma atitude divina abrindo o caminho para a possibilidade de mudança. “Eu vou curar a sua apostasia, vou amá-los de todo o coração, pois a minha ira se apartou deles”.Oséias 14.5.

A GRAÇA DIVINA

Não existe um caminho para a reconciliação com Deus que dispense o perdão. Perdoar é doar completamente e de forma definitiva. Esta palavra define a disposição de divina ao revelar-se, em Cristo, para o ser humano rebelde. “Pois Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu filho para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna” João 3.16

Graça significa presente, Dom. Ela tem papel fundamental no processo de perdão e está disponível à todos aqueles que reconhecem necessitar de Deus para operar uma mudança radical em sua vida.

A Graça foi a solução divina para um mundo submerso na injustiça, na violência e na promiscuidade. Não haveria uma ação humana suficientemente grande para reparar o mal causado. Só restou, então, a misericórdia de Deus, que escolheu perdoar, esquecer o que passou e dar uma nova chance aos seus filhos amados. “Como poderia eu abandoná-lo, Efraim? Como haveria eu de entregá-los a outros, Israel? (...) O meu coração salta no meu peito, as minhas entranhas se comovem dentro de mim. “ Oséias 11.8.

Por isso Jesus veio, para proclamar o reino de Deus e anunciar este amor que acolhe o rejeitado, e que luta contra a injustiça para libertar o oprimido. O evangelista Lucas cita a declaração que Jesus fez no início de seu ministério e que apresenta um programa da ação divina visando a restauração de sua criação aviltada pelo mal. “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a boa notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos, e para proclamar um ano da graça do Senhor.” Lucas 4.18-19


CONCLUSÃO

Cristo é o Ungido, o Salvador, o Libertador, aquele que revelou o rosto e o amor de Deus a pessoas como eu e você. Ainda que o mundo, obrigado a suportar tantas injustiças, insista em duvidar de que Deus se importe mesmo com tudo isso, Cristo trouxe a mensagem clara de que Deus sofre tanto com as estas tragédias, que decidiu tornar-se um de nós, afim de identificar-se completamente com aqueles a quem pretendia resgatar.

Em seu ministério, Cristo proclamou, para todos quantos quisessem ouvir, que a oportunidade para aproximar-se de Deus estava acontecendo ali, diante deles e esta não era uma chance que se deveria desperdiçar, pois ela não duraria para sempre. Isaías, o profeta, falando a um povo extremamente teimoso, mostrava a importância deste momento: “Procurem Javé enquanto ele se deixa encontrar; chamem por ele enquanto está perto. Que o ímpio deixe o seu caminho e o homem maldoso mude os seus projetos. Cada um volte para Javé e ele terá compaixão; volte para o nosso Deus, pois ele perdoa com generosidade”. Isaías 55.6-7

Os Evangelhos proclamam que esta salvação está disponível ainda hoje para todos aqueles que tenham a disposição de deixar que o Espírito de Deus realize uma transformação completa em seu íntimo, tornando-os mais semelhantes a Deus: “Darei a vocês um coração novo, e colocarei um espírito novo dentro de vocês. Tirarei de vocês o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne.” Ezequiel 36.26.

NOTAS

[1] Bíblia Sagrada – Edição Pastoral – p.1353
[2] Schneider, Theodor. Manual de Dogmática. Volume 1, p 220
[3] grifo do autor



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral – Tradução Ivo Storniolo, Euclides Martins Balancin – Paulus – SP – 1991

YANCEY, Philip. O Jesus que Eu Nunca Conheci – Traduzido por Yolanda M Krievin – Editora Vida – 2002 – São Paulo – SP

SCHNEIDER, Theodor. Manual de Dogmática – Volume I – Petrópolis – Vozes - 2000

sexta-feira, agosto 18, 2006

Compartilhando - Objetivos

O desejo de criar este Blog nasceu da vontade de compartilhar as idéias, os estudos e os textos que eu venho produzindo ao longo dos anos. Quem escreve precisa do retorno do leitor. Este estímulo alimenta a criatividade, aperfeiçoa o estilo e, principalmente, corrige os erros.

O segundo desejo é ajudar pastores e missionários que estão em lugares distantes no Brasil e no mundo, com acesso limitado aos livros. Quem sabe se estes escritos não servirão como fonte de pesquisa e aperfeiçoamento?

O Compartilhando será, acima de tudo, uma parceria entre mim e você. Seu comentário, sugestão ou crítica são essenciais. Juntos poderemos compartilhar o conhecimento e aprender, de acordo com a recomendação do profeta: “Esforcemo-nos para conhecer ao Senhor; sua chegada é certa como a aurora, ele virá a nós como a chuva, como aguaceiro que ensopa a terra”. Oséias 6.3.

Que a leitura destas palavras seja tão prazerosa para vocês, quanto foi para mim escrevê-las.

Um grande abraço,

Marcos Vichi

segunda-feira, agosto 14, 2006

APROVEITE A VIDA


APROVEITE A VIDA

“Então examinei as coisas que se fazem debaixo do sol, e cheguei à conclusão de que tudo é fugaz, uma corrida atrás do vento.” Eclesiastes 1.14 (Edição Pastoral)

Diante de uma sociedade obcecada pelo acúmulo de poder e de riqueza, onde uma pessoa não vale pelo que é, mas pelo que tem ou pelo que faz, o Coélet(1) exprime a sua opinião: tudo é fugaz.

Em busca do reconhecimento de seu valor como pessoa, o indivíduo se submete a pressões cada vez maiores e assume tantas tarefas que, para dar conta de tudo, ele se afasta da família e dos amigos porque não tem tempo. Esta sede de realização pessoal pelo ativismo leva a uma inversão de valores: o poder torna-se mais importante que o amor, os colegas de trabalho substituem os amigos e a solidão transforma-se no resultado de uma vida exclusivamente voltada para o trabalho. Uma corrida atrás do vento!

Por mais que se tente ignorar este fato, a vida é fugaz. O ser humano deseja ser eterno e poderoso, ele tenta convencer-se de que tem o controle sobre a sua vida, sobre o outro, sobre a natureza, etc. Mas freqüentemente é surpreendido pela doença, pelas tragédias e pela morte, sobre as quais ele não possui nenhum controle.

A fraqueza é um defeito imperdoável neste mundo de fortes, ela precisa ser escondida a qualquer custo. Os fracos não são bem-vindos e devem ser excluídos. A idéia da morte incomoda porque apresenta a fraqueza essencial do homem: desde o poderoso chefe de Estado até o anônimo mendigo, ninguém pode fugir dela.

Visto que a vida é um bem tão precioso, mas ao mesmo tempo tão tênue, qual é o proveito de se acumular tanto poder, tanta riqueza e depois não ter com quem desfrutar os resultados do “trabalho com que se afadiga debaixo do sol”? (Ecl. 1.3)

A preocupação do Coélet é com a qualidade de vida. De que forma este dom, que é a vida, tem sido utilizado? Que futuro será construído a partir das escolhas que são feitas hoje? Qual é o sentido de toda essa agitação? A maneira como estas perguntas serão respondidas determinarão se uma vida é produtiva e feliz ou se está sendo desperdiçada numa rotina desgastante de acordar, alimentar-se, trabalhar, voltar para casa, dormir, acordar...

O dinheiro, o poder e o sucesso só fazem sentido quando podem ser compartilhados. Ter uma comunidade com quem celebrar conquistas obtidas como fruto do trabalho traz uma razão para todo o esforço, é dom de Deus (Ecl. 5.18). “Fomos criados para amar, para conviver em amizade e comunhão com o Criador e toda a sua criação.” (2) A vida é curta e não deve ser desperdiçada. Aproveite a oportunidade que você recebeu, aproveite o dia. Esta é a vontade de Deus.

NOTAS

(1)Coélet é a forma aportuguesada do hebraico Qohélet, termo utilizado pelo autor para referir-se a si mesmo.
(2) SOUZA, Ricardo Barbosa de. O Caminho do Coração, p. 61.

REFERÊNCIAS bIBLIOGRÁFICAS:

SOUZA, Ricardo Barbosa de. O Caminho do Coração – Ensaios sobre a Trindade e a Espiritualidade Cristã. Encontro Publicações - Curitiba – 2002

BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral – Tradução Ivo Storniolo, Euclides Martins Balancin – Paulus – SP – 1991

A OPRESSÃO NEGA A VIDA

A OPRESSÃO NEGA A VIDA
Eclesiastes 4.1-3

“1 Examinei também todas as opressões que se cometem debaixo do sol. Aí está o choro dos oprimidos, e não há quem os console; ninguém os apoia contra a violência dos seus opressores.
2 Então proclamei os mortos, aqueles que já morreram, mais felizes do que os vivos, esses que ainda vivem.
3 Mais feliz que os dois é quem não nasceu ainda, pois não vê todo o mal que se pratica debaixo do sol.”

INTRODUÇÃO

Imagine um lugar onde haja bastante injustiça. Os ricos ficam cada vez mais ricos à custa da corrupção e da exploração de seus empregados. Os pobres vivem amontoados em seus guetos sofrendo violências e tentando sobreviver. O restante da sociedade parece ter se acostumado e assiste impassível a toda esta sorte de acontecimentos.
Brasil? Rio de Janeiro? Não, é a Palestina do tempo do Coélet(1). Este sábio, valendo-se de sua posição como observador de sua sociedade, usou as armas de que dispunha para protestar. As palavras. Ao compor este poema, ele denuncia a opressão e dá voz àqueles que não podem ou não sabem como falar por si.
Como a injustiça se manifesta em nossos dias e como a atitude do sábio pode servir-nos de exemplo?

OPRESSÃO

Abuso de poder contra quem não tem meios para se defender.

Formas de opressão:

1) No trabalho: Baixos salários, carga horária excessiva, ameaças.
2) Armas: Poder do tráfico que submete as comunidades.
3) Exclusão: Existe uma festa para a qual você não foi convidado.
4) Competição: O homem é apenas uma peça da engrenagem.
5) Valorização exacerbada do ter sobre o ser.
6) Potencial de consumo como fator de valorização da pessoa

“A competição,(...) é anti-social,(...) porque implica a negação do outro, a recusa da partilha e do amor. A sociedade moderna neoliberal, especialmente o mercado, se assenta na competição. Por isso é excludente, inumana e faz tantas vítimas. Essa lógica impede que seja portadora de felicidade e de futuro para a humanidade e para a Terra.” (2)

SISTEMA INÍQUO

Setores da sociedade que se unem para estimular a prática da corrupção, obter lucros cada vez maiores e impedir qualquer resistência. Tornam-se mais nocivos quando possuem ligações com o poder (político, econômico, policial).

Exemplos: Mensalão, redes de prostituição, tráfico de drogas.

A ansiedade pela manutenção do padrão social alimenta as estruturas corrompidas

“(...) Emergem os pobres como fenômeno social, as grandes maiorias, marginalizados dos benefícios do processo produtivo e explorados como excedentes de uma sociedade que privilegia soluções técnicas, em detrimento de soluções sociais para os seus problemas. A questão é: como ser cristão num mundo de empobrecidos e miseráveis.”(3)
OPRIMIDOS

Aqueles que não têm mais nenhuma opção senão curvar-se, submissos, diante do explorador.

1) Choro dos oprimidos: A única alternativa de quem não pode fazer nada.
2) Não há quem os console: Não há interesse em ajudá-los, pois o poder está do lado do explorador.
3) Os mortos, aqueles que já morreram: O autor deixa bem claro que os mortos a que ele se refere são os que experimentaram a morte física. Contudo, a maneira como ele se expressa deixa subentendido que a vida debaixo da opressão também é um tipo de morte.
4) Os vivos, esses que ainda vivem: Sobrevivem de forma indigna, têm seus direitos roubados e não vêm as suas necessidades mais básicas serem supridas.
5) Mais feliz que os dois é quem não nasceu ainda: De acordo com a visão do Coélet, feliz é quem não precisa estar aqui para contemplar tanta injustiça.

“No Antigo Testamento, Deus se revela a si mesmo como o libertador dos oprimidos e o defensor dos pobres que exige dos homens a fé nele e a justiça para com o próximo".(4)
VOZ PROFÉTICA CONTRA A OPRESSÃO

Jesus, Moisés e os profetas, protestaram contra aqueles que, em nome da justiça, oprimiam e exploravam os mais fracos. A bíblia registra de forma marcante o desejo de Deus em estabelecer uma sociedade fraterna, onde o amor seja a regra básica.

“Lavem-se, purifiquem-se, tirem da minha vista as maldades que vocês praticam. Parem de fazer o mal, aprendam a fazer o bem: busquem o direito, socorram o oprimido, façam justiça ao órfão, defendam a causa da viúva. Então venham e discutiremos – Diz o Senhor.” Isaías 1.16-18

Precisamos de novos profetas, tais como Martin Luther King e Mahatma Ghandi que estavam dispostos a assumir os riscos de denunciar estes esquemas opressores. Ambos foram mortos durante a luta, mas os seus ideais triunfaram.

CUIDADO ESSENCIAL

Faz parte da essência da vida e é indispensável para que ela subsista. Nos lembra de que somos irmãos, que dependemos uns dos outros e de Deus.
Cuidado significa: solicitude, preocupação, responsabilidade. O cuidado permite a comunhão entre as pessoas e o respeito.

“O cuidado somente surge quando a existência de alguém tem importância para mim.” (5)

Quando tomo consciência de que Deus ama tanto ao morador da favela, ao desempregado ou aos sem teto quanto a mim, estas pessoas deixam de ser mais um rosto na multidão e a dignidade delas transforma-se na minha dignidade também.

PARADOXOS ENTRE OPRESSÃO E CUIDADO
A opressão nega a vida. O cuidado a reafirma.
A opressão destrói. O cuidado constrói.
A opressão produz doença. O cuidado viabiliza a cura.
A opressão embrutece. O cuidado enternece.
A opressão entristece. O cuidado consola.

CONCLUSÃO

A resposta divina para a opressão foi, em Cristo, tornar-se humano e viver ente nós.
Ao morrer na cruz, vítima da opressão romana, ele respondeu com cuidado. Aos soldados disse: Pai perdoa-lhes porque não sabem o que fazem. Para João: Filho eis ai a tua mãe. E para o ladrão ao seu lado: Hoje mesmo estarás comigo no paraíso.
A ética do cristianismo é o cuidado. “Não faça aos outros aquilo que você não desejaria que fizessem com você”. “Responda ao mal com o bem”. “Ama ao teu próximo como a ti mesmo”.
O cuidado nos torna mais humanos. Ele nos aproxima de Deus por permitir-nos transmitir amor aos necessitados.
NOTAS
(1) Coélet é a forma aportuguesada do hebraico Qohélet, termo utilizado pelo autor para referir-se a si mesmo. Ekklesiastes é a palavra grega utilizada em correspondência ao vocábulo hebraico. Significa “aquele que dirige a palavra à ‘ekklesia’ (assembléia)”. (N de Ruben Marcelino)
(2) BOFF, Leonardo. Saber Cuidar, p. 111
(3) BOFF, Leonardo. Igreja: carisma e poder, p. 54
(4) BOFF, Leonardo. Igreja: carisma e poder, p. 66
(5) BOFF, Leonardo. Saber Cuidar, p. 91

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral – Tradução Ivo Storniolo, Euclides Martins Balancin – Paulus – SP – 1991
BOFF, Leonardo, Saber Cuidar: ética do humano – compaixão pela terra – Vozes – Petrópolis – RJ – 1999
BOFF, Leonardo, Igreja: carisma e poder, Ed. Record – Rio de Janeiro – RJ – 2005
STORNIOLO, Ivo. Trabalho e Felicidade – O Livro do Eclesiastes – Paulus – SP – 2002.

O Valor da Gratidão - Henri J.M. Nouwen

Este Texto do Henri Nouwen é fantástico, por isso decidi compartilhá-lo.

O Valor da Gratidão

Ressentimento e gratidão não podem coexistir, uma vez que o ressentimento impede a percepção e o reconhecimento da vida como um dom. Meus ressentimentos me dizem que não recebo o que mereço; sinto sempre inveja.

Gratidão, entretanto, vai além do "meu" e do "teu" e proclama a verdade que a vida é puro dom. No passado sempre pensei na gratidão como uma resposta espontânea ao tomar conhecimento dos dons recebidos, mas agora compreendi que gratidão pode também ser vivida como uma disciplina. A disciplina da gratidão é o esforço explícito para reconhecer que tudo o que sou e tenho é dado a mim como um dom de amor, um dom para ser comemorado com alegria.

Gratidão como disciplina envolve uma escolha consciente. Posso ser grato mesmo quando minhas emoções e sentimentos estejam ainda impregnados de mágoa e ressentimento. É incrível quantas ocasiões surgem em que posso optar pela gratidão em vez de lamúrias. Posso preferir ser agradecido quando sou criticado, mesmo quando meu coração ainda responde com amargura. posso optar por falar de bondade e beleza, mesmo quando interiormente ainda procuro alguém para acusar ou algo para achar feio. Posso escolher ouvir as vozes que perdoam e olhar os rostos dos que sorriem, mesmo enquanto ainda ouço vozes de vingança e vejo trejeitos de ódio.

Há sempre a escolha entre os ressentimentos e a gratidão porque Deus apareceu nas minhas trevas, insistiu que eu voltasse para casa e declarou numa voz cheia de afeição: "Tu estás sempre comigo e tudo o que eu tenho é teu". Realmente eu posso optar por viver nas trevas em que me encontro, indicar aqueles que parecem estar melhor do que eu, e me queixar dos muitos reveses que sofri no passado e, como conseqüência, me cobrir de ressentimento. Mas não tenho que fazer isso. Há a possibilidade de olhar nos olhos d'Aquele que veio para me procurar e ver que tudo o que sou e tenho é pura dádiva e merece gratidão.

A opção pelo agradecimento poucas vezes ocorre sem verdadeiro esforço. Mas todas as vezes que faço essa opção, a próxima escolha se torna mais fácil, mais livre, um pouco menos consciente. Porque cada graça que agradeço se abre para outra e mais outra até que, finalmente, até o mais normal, óbvio e aparentemente mundano acontecimento ou encontro resulta em algo repleto de graça. Há um provérbio que diz: "Quem não agradece o pouco não agradecerá muito". Atos de reconhecimento fazem que a pessoa se torne agradecida porque, passo a passo, mostram que tudo é graça.

Tanto a confiança como a gratidão exigem a coragem de correr risco porque tanto a desconfiança como o ressentimento, querendo continuar a fazer parte do meu modo de ser, me previnem constantemente contra o perigo de abandonar os meus cálculos cuidadosos e previsões reservadas. Em muitos pontos tenho que dar um salto de fé de modo a permitir que a confiança e a gratidão prevaleçam: para escrever uma carta amiga a alguém que não me perdoe, dar um telefonema para alguém que me tenha rejeitado, falar uma palavra que abençoe para alguém que não possa fazer o mesmo.

O salto na fé sempre significa amar sem esperar ser amado, dar sem desejar receber, convidar sem esperar ser convidado, abraçar sem esperar ser abraçado. E, todas as vezes que dou um salto, sinto um lampejo daquele que se dirige a mim e me convida para a sua alegria, a alegria na qual posso não somente me encontrar, mas também aos meus irmãos e irmãs. Assim, a prática de confiar e agradecer, revela o Deus que me procura, ardendo no desejo de me livrar de todos os meus ressentimentos e queixas e de me fazer tomar lugar a seu lado no banquete celestial.

NOUWEN, Henri J.M. A volta do filho pródigo: a história de um retorno para casa - Tradução Sonis S.R. Orberg - São Paulo - Ed. Paulinas - 1997 - Coleção sopro do espírito. P.94-96