1. No começo a palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus.
2. No começo ela estava voltada para Deus.
3. Tudo foi feito por meio dela, e, de tudo o que existe, nada foi feito sem ela.
4. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
5. Essa luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram apagá-la.
6. Apareceu um homem enviado por Deus que se chamava João.
7. Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele.
8. Ele não era a luz, mas apenas a testemunha da luz.
9. A luz verdadeira, aquela que ilumina todo homem, estava chegando ao mundo.
10. A Palavra estava no mundo, o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a conheceu.
11. Ela veio para a sua casa, mas os seus não a receberam.
12. Ela, porém, deu o poder de se tornarem filhos de Deus a todos os que a receberam, isto é, àqueles que acreditam no seu nome.
13. Estes não nasceram do sangue, nem do impulso da carne, nem do desejo do homem, mas nasceram de Deus.
14. E a Palavra se fez homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade.
15. João dava testemunho dele, proclamando: "Este é aquele a respeito de quem eu falei: aquele homem que vem depois de mim passou na minha frente, porque existe antes de mim."
16. Porque da sua plenitude todos nós recebemos, e um amor que corresponde ao seu amor.
17. Porque a lei foi dada por Moisés, mas o amor e a fidelidade vieram através de Jesus Cristo.
18. Ninguém jamais viu a Deus; quem nos revelou Deus foi o filho único, que está junto ao Pai.
INTRODUÇÃO
A palavra é o elemento básico da comunicação. Através dela uma mensagem toma forma e cumpre o seu objetivo de informar, esclarecer, confortar aquele que a recebe. Para que pessoas de culturas diferentes consigam comunicar-se é necessário haver um código em comum, portanto, um destes indivíduos precisará aprender o idioma do outro ou ambos aprenderão um terceiro idioma, o que lhes permitirá entender o que o outro quer dizer.
Pela palavra abrimos o coração, desenvolvemos a intimidade, encontramos amigos, e conquistamos o amor, porque ela nos permite conhecer as pessoas com os seus desejos, limitações e potenciais e amá-las tal como são.
De que maneira o Deus invisível poderia comunicar-se com o homem? Jesus é chamado de “Palavra de Deus” pois foi ele quem tornou possível a comunicação direta entre o ser humano, palpável e visível, e Deus, espírito invisível. Em Cristo, Deus tornou conhecido ao mundo o seu amor incondicional e libertador.
O estudo da cristologia é fundamental para o entendimento do evangelho e o texto do evangelho de João, citado acima fornece dados muito importantes para o início da compreensão desta matéria. “Ninguém jamais viu a Deus; quem nos revelou Deus foi o filho único, que está junto ao Pai.” v.18 É a partir deste entendimento, que este estudo abordará os aspectos básicos da cristologia demonstrando a sua relevância a igreja e para aqueles que amam a Deus, e desejam conhecê-lo melhor.
O QUE É CRISTOLOGIA?
É o estudo das doutrinas e dos discursos sobre Jesus, o Cristo. É a tentativa humana para compreender o mistério da revelação de Deus aos homens. As definições estabelecidas pelas doutrinas não encerram todo o conhecimento sobre Deus, mas orientam a igreja no ensino e na proclamação do evangelho.
Cristo, é a tradução para o grego da palavra “Mashiah” o “ungido de Deus” portanto, ao invés de ser um sobrenome, Cristo é um título, uma declaração dos propósitos do filho de Deus, em sua vinda ao mundo: “E a Palavra se fez homem e habitou entre nós” v.14. Quando dizemos Jesus Cristo, estamos confessando-o como o ungido de Deus e portador da salvação
O título Cristo é uma síntese das qualificações de seu portador.
“Segundo a fé cristã, Jesus Cristo é o mensageiro definitivo de Deus e ao mesmo tempo, o ser humano definitivo. Ele revela a verdadeira essência de Deus e a verdadeira essência do ser humano, é interpretação (palavra e imagem) de Deus e modelo do que é ser humano. Por isso, nele o cristianismo e a igreja têm não só a sua origem, mas também o seu centro e fundamento permanentes. "Ninguém pode lançar outro fundamento" I Co 3.11; “A pedra que os construtores deixaram de lado, tornou-se a pedra mais importante.” Mc 12.10”.[2]
A entendimento da pessoa e da missão de Cristo influenciará diretamente na compreensão de Deus, do ser humano, do mundo, da graça, da Igreja, da comunhão entre os seus membros, da ética e da prática Cristã.
O QUE É A FÉ CRISTÃ?
É a fé em Cristo. Ela inicia-se com o reconhecimento de que Ele é o caminho para a salvação. “Jesus respondeu: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” João 14.6; “Não existe salvação em nenhum outro, pois debaixo do céu não existe outro nome dado entre os homens, pelo qual possamos ser salvos”. Atos 4.12.
Esta fé é também o exercício do relacionamento com Cristo, que nos revela o amor de Deus, produz a esperança que alimenta a alma e traz a disposição para seguir em frente mesmo durante as maiores dificuldades.
Cristo abre o caminho para uma relação solidária com as outras pessoas. Ele me recebe incondicionalmente, me acolhe, cura minhas feridas e me restaura, apresentando uma nova perspectiva de vida. “Todos aqueles que o Pai me dá, virão a mim. E eu nunca rejeitarei aquele que vem a mim.” João 6.37. Sua única exigência é que eu compartilhe este amor com os que se aproximam de mim, especialmente aqueles que me feriram: “Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores”. [3] Mateus 6.12.
Cristo elevou o padrão de qualidade dos relacionamentos humanos ao declarar que a expressão mais concreta do amor a Deus é amar o meu semelhante: “Se alguém diz: ’Eu amo a Deus’ e no entanto odeia o seu irmão, esse tal é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê. E este é justamente o mandamento que dele recebemos: quem ama a Deus, ame também ao seu irmão.” I João 4.20-21.
A condição básica para a expressão da fé cristã é o amor. Este amor desfaz toda a ilusão de auto suficiência. Eu não sou melhor que o meu próximo, sou igual a ele, pois ambos necessitamos de Deus. Eu vou olhar o outro com misericórdia, porque fui acolhido com misericórdia pelo Pai. Neste momento a fé se tornará real e produzirá resultados para mim, e para o meu semelhante.
A NECESSIDADE DE SALVAÇÃO
O projeto de Deus para a humanidade era um relacionamento motivado pelo amor, baseado num acordo de apenas uma cláusula: “me obedeçam” e uma recompensa: “e eu os abençoarei”. A bíblia conta a história de como este relacionamento fracassou e do desejo intenso de Deus em reatá-lo. “Pois assim diz o Senhor Javé, o Santo de Israel: Na conversão e na calma está a salvação de vocês, e a força de vocês consiste em confiar e ficar tranqüilos. Mas vocês não quiseram” Isaías 30.15.
O grande obstáculo para a reconciliação entre o homem e Deus era a sua atitude rebelde e o apego à maldade. “Suas ações não permitem que eles se convertam ao seu Deus. Um espírito de prostituição está dentro deles e, por isso, não conhecem a Javé”. Oséias 5.4.
Os profetas que ministravam ao povo de Israel antes do exílio, tiveram a amarga experiência de falar a pessoas que não queriam ouvi-los. “A quem vou falar e testemunhar, para que me ouçam? Eles têm ouvidos de pagãos, e não são capazes de entender. Para eles a palavra de Javé é motivo de gozação; não gostam dela”. Isaías 6.10. Esta dificuldade lhes convenceu de que eles não eram capazes de converter-se por si mesmos. “Pois esse povo é rebelde, é gente mentirosa, que não quer ouvir a lei de Javé” Isaías 30.9. Para que essa conversão acontecesse seria necessária uma atitude divina abrindo o caminho para a possibilidade de mudança. “Eu vou curar a sua apostasia, vou amá-los de todo o coração, pois a minha ira se apartou deles”.Oséias 14.5.
A GRAÇA DIVINA
Não existe um caminho para a reconciliação com Deus que dispense o perdão. Perdoar é doar completamente e de forma definitiva. Esta palavra define a disposição de divina ao revelar-se, em Cristo, para o ser humano rebelde. “Pois Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu filho para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna” João 3.16
Graça significa presente, Dom. Ela tem papel fundamental no processo de perdão e está disponível à todos aqueles que reconhecem necessitar de Deus para operar uma mudança radical em sua vida.
A Graça foi a solução divina para um mundo submerso na injustiça, na violência e na promiscuidade. Não haveria uma ação humana suficientemente grande para reparar o mal causado. Só restou, então, a misericórdia de Deus, que escolheu perdoar, esquecer o que passou e dar uma nova chance aos seus filhos amados. “Como poderia eu abandoná-lo, Efraim? Como haveria eu de entregá-los a outros, Israel? (...) O meu coração salta no meu peito, as minhas entranhas se comovem dentro de mim. “ Oséias 11.8.
Por isso Jesus veio, para proclamar o reino de Deus e anunciar este amor que acolhe o rejeitado, e que luta contra a injustiça para libertar o oprimido. O evangelista Lucas cita a declaração que Jesus fez no início de seu ministério e que apresenta um programa da ação divina visando a restauração de sua criação aviltada pelo mal. “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a boa notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos, e para proclamar um ano da graça do Senhor.” Lucas 4.18-19
CONCLUSÃO
Cristo é o Ungido, o Salvador, o Libertador, aquele que revelou o rosto e o amor de Deus a pessoas como eu e você. Ainda que o mundo, obrigado a suportar tantas injustiças, insista em duvidar de que Deus se importe mesmo com tudo isso, Cristo trouxe a mensagem clara de que Deus sofre tanto com as estas tragédias, que decidiu tornar-se um de nós, afim de identificar-se completamente com aqueles a quem pretendia resgatar.
Em seu ministério, Cristo proclamou, para todos quantos quisessem ouvir, que a oportunidade para aproximar-se de Deus estava acontecendo ali, diante deles e esta não era uma chance que se deveria desperdiçar, pois ela não duraria para sempre. Isaías, o profeta, falando a um povo extremamente teimoso, mostrava a importância deste momento: “Procurem Javé enquanto ele se deixa encontrar; chamem por ele enquanto está perto. Que o ímpio deixe o seu caminho e o homem maldoso mude os seus projetos. Cada um volte para Javé e ele terá compaixão; volte para o nosso Deus, pois ele perdoa com generosidade”. Isaías 55.6-7
Os Evangelhos proclamam que esta salvação está disponível ainda hoje para todos aqueles que tenham a disposição de deixar que o Espírito de Deus realize uma transformação completa em seu íntimo, tornando-os mais semelhantes a Deus: “Darei a vocês um coração novo, e colocarei um espírito novo dentro de vocês. Tirarei de vocês o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne.” Ezequiel 36.26.
NOTAS
[1] Bíblia Sagrada – Edição Pastoral – p.1353
[2] Schneider, Theodor. Manual de Dogmática. Volume 1, p 220
[3] grifo do autor
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral – Tradução Ivo Storniolo, Euclides Martins Balancin – Paulus – SP – 1991
YANCEY, Philip. O Jesus que Eu Nunca Conheci – Traduzido por Yolanda M Krievin – Editora Vida – 2002 – São Paulo – SP
SCHNEIDER, Theodor. Manual de Dogmática – Volume I – Petrópolis – Vozes - 2000
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