sábado, janeiro 16, 2010

COMUNHÃO E AMOR, O CAMINHO PARA A JUSTIÇA.


COMUNHÃO E AMOR, O CAMINHO PARA A JUSTIÇA.

“31 Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso.
32 Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.
33 E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda.
34 Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham benditos de meu Pai. Recebam como herança o Reino que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo.
35 Pois eu estava com fome, e vocês me deram de comer; eu estava com sede, e vocês me deram de beber; eu era estrangeiro, e me receberam em sua casa;
36 Eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente, e cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me visitar’.
37 Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber?
38 Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos?’
39 Quando foi que te vimos doente ou preso e fomos te visitar?
40 Então o Rei lhes responderá: ‘Eu garanto a vocês: Todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram’.
41 Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastem-se de mim malditos. Vão para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos.
42 Porque eu estava com fome, e vocês não me deram de comer; eu estava com sede, e não me deram de beber;
43 Eu era estrangeiro, e vocês não me receberam em casa, eu estava sem roupa, e não me vestiram; eu estava doente e na prisão, e vocês não foram me visitar’.
44 Também estes responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome ou com sede, como estrangeiro, ou sem roupa, doente ou preso, e não te servimos?’
45 Então o Rei responderá a estes: ‘Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês não fizeram isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizeram.’
46 Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna“. Mateus 25.31-46

INTRODUÇÃO

Todos nós queremos ouvir de Jesus, no dia do Juízo final, confortadora frase: “Vinde benditos de meu Pai”. Sequer passa pela nossa imaginação a possibilidade de ouvir a mais terrível declaração de todas: “Afastem-se de mim malditos. Vão para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos”.

Qual é o critério de Deus para este julgamento? De acordo com o texto acima, o critério divino para considerar-nos justos, não é a correção doutrinária ou a denominação à qual pertencemos, mas é o amor. Somos tanto mais justos quanto mais amor compartilhamos com o necessitado.

De que forma este amor que vem de Deus se manifesta na comunhão que devemos ter com os pobres e os marginalizados de nossa sociedade? É sobre isto que meditaremos a partir de agora.

1. O amor que vem de Deus cuida do próximo.
  • A missão primária da Igreja é amar ao mundo como Cristo o amou
  • O propósito de Cristo é redimir o homem integralmente
  • Não é apenas dar-lhe o pão como se o homem fosse apenas corpo.
  • Ou salvar a alma do inferno como se ele fosse apenas um ser espiritual.
  • A atitude do homem para com os outros homens é integrada na própria atitude para com Deus.
2. O amor que vem de Deus luta para o estabelecimento da justiça.
  • Sem a pregação da justiça, não há evangelho que seja de Jesus Cristo. Isso não é politizar a Igreja: é ser fiel. p.65 “Numa palavra: a justiça é tão importante, que sem o seu advento não existe advento do Reino de Deus. Um sinal de que o Reino de Deus se aproxima e começa a morar em nossas cidades pode ser percebido quando aos pobres se faz justiça, quando se propicia a sua participação nos bens da vida e da comunidade, quando eles são promovidos em sua dignidade e defendidos contra a violência a que o sistema econômico e político os submetem”. (1)
  • A igreja precisa ser a voz dos que não têm voz. “Nem sempre que dizemos Deus, incluímos necessariamente liberdade, justiça, amor. Mas se não incluímos estas realidades quando falamos de Deus, então não falamos do Deus vivo, mas de algum ídolo”. (2)
  • O amor deve ser o fermento a dinamizar o compromisso crescente das igrejas pela justiça social.
3. O amor que vem de Deus resgata a dignidade do necessitado.
  • A missão cristã implica em amor e aceitação.
  • A encarnação não deve ser vista como apenas um processo de aculturação e integração, mas como um caminho de identificação pessoal e amizade.
  • O índio, o pobre, o idoso, o enfermo, são pessoas e não problemas.
  • Devem ser recebidos e amados pelo que são, e não pelo que virão a ser.
  • Toda luta em prol da defesa da dignidade humana é compatível com o evangelho e, mais do que isso, exigido por ele.
  • Nada tem maior poder para resgatar a dignidade humana do que o amor.
  • A plenitude da dignidade é ser aceito pelo que se é e não pelo que se tem.

CONCLUSÃO

“Deus só é encontrado no caminho da justiça. O Deus vivo não é um Deus de rezas, incensos, e ascetismos. De Isaías, capítulo 1.11-18, aprendemos que o que é agrada a Deus não são sacrifícios e orações, mas ‘procurar o que é justo, socorrer o oprimido, fazer justiça ao órfão’ (1.17). Jesus, da mesma forma, estabelece uma hierarquia de valores: mais importante que a observância religiosa é ‘a justiça, a misericórdia e a fidelidade’ (Mt 23.23). O amor é o centro da mensagem bíblica, mas para ser verdadeiro ele supõe a justiça. (...) Portanto: ‘o amor ao próximo e justiça não podem separar-se’ A justiça é aquele mínimo de amor sem o qual a relação entre as pessoas deixa de ser humana e se transforma em violência. (...) Em outras palavras: a verdade da relação com Deus se mede pela verdade da relação com os outros. Só está bem com Deus quem está bem em termos de justiça e amor com os demais homens. A justiça é colocada, portanto, no coração da própria religião. Daí entendermos o critério escatológico de nosso julgamento final: a nossa relação com os zero econômicos e zero humanos da nossa história”. (3)


NOTAS
  1. BOFF Leonardo Igreja,Carisma e poder. p.68
  2. BOFF Leonardo Igreja,Carisma e poder. p.67
  3. BOFF Leonardo Igreja,Carisma e poder. pp.66 e 67

REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS
  • SOUZA, Ricardo Barbosa de. O caminho do Coração: Ensaios sobre a trindade e a Espiritualidade Cristã. Curitiba – PR – Ed. Encontro – 2002.
  • BOFF Leonardo. Igreja,Carisma e poder – Ed. Record – Rio de Janeiro – RJ - 2005
  • BOFF Leonardo. Saber Cuidar - Ética do humano, compaixão pela terra Editora Vozes - 2ª Edição - Petrópolis - RJ - 1999
  • Bíblia Sagrada – Edição Pastoral – Tradução Ivo Storniolo e Euclides Balancin – Editora Paulus – SP – 1991

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