JUSTIÇA, DEVOÇÃO E O REINO DE DEUS
“Abra a boca em favor do mudo, e em defesa dos desfavorecidos. Abra a boca e dê sentenças justas defendendo o pobre e o indigente”. Provérbios 31.8-9.
Provérbios foi primeiro livro da bíblia que eu li. Quando meu avô estava internado, recebi um exemplar do novo testamento dos Gideões internacionais. Esta edição vinha com os Salmos e Provérbios depois de Apocalipse.
As lições de sabedoria proferidas em cada versículo absorveram a minha atenção de tal forma, que eu sublinhava e fazia diversas anotações sobre o texto. Apesar de já ter perdido a conta do número de vezes que li Provérbios, só recentemente consegui apreender o sentido dos versículos oito e nove do capítulo trinta e um.
Abrir a boca em defesa do desfavorecido é resultado da indignação produzida por um coração que ama a Deus e se identifica com a sua vontade. A verdadeira espiritualidade não se expressa unicamente nos cultos solenes, mas ela também se incomoda quando vê a injustiça cometida ao pobre, ao faminto e a todos que não têm voz para protestar contra a força do seu opressor.
Falar contra a injustiça é romper a inércia de repouso em que a sociedade se acomodou ao assistir impassível o sofrimento e a morte de pessoas que vivem na miséria, porque não há lugar para elas no mercado de consumo.
Defender o direito do pobre requer envolvimento com aqueles que a sociedade despreza. O amor a Deus transformará estes indigentes em nossos irmãos e o Espírito Santo nos revestirá de poder para enfrentar toda a oposição que este compromisso venha a produzir.
Atitudes individuais solucionam problemas isolados, mas os grandes males que nos afligem, são gestados por uma estrutura social corrompida, e é por isso que o sábio recomenda aos seus discípulos que abram a boca com o objetivo de proferir sentenças justas.
A igreja foi chamada para anunciar o evangelho, e esta pregação envolve a luta pela justiça nos lugares onde ela está sendo sonegada: “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo”. Romanos 14.17
Este sistema iníquo não terá a sua essência transformada enquanto não for confrontado com o seu pecado, por profetas dispostos a ver a esperança do evangelho tornando-se realidade em nossos dias. Será que isto é apenas uma linda utopia? Mas é a força dos sonhos que nos faz avançar para as grandes conquistas.
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