sexta-feira, fevereiro 19, 2010

VIDA, ORAÇÃO E EXPERIÊNCIAS

VIDA, ORAÇÃO E EXPERIÊNCIAS

Estou lendo um livro sobre a oração - Oração, Ela faz alguma Diferença? Durante um bom tempo eu evitei títulos sobre este tema, porque muitos autores parecem querer nos convencer que estamos diante da Lâmpada de Aladim. Basta cumprir os requisitos e todos os desejos são atendidos. Devo confessar que esta perspectiva triunfalista me decepcionou, na maioria das vezes.

Apesar de tudo, a minha fé não sofreu abalos significativos, pois eu havia aprendido na escola bíblica de minha igreja, que Deus não é um Papai Noel, que distribui presentes aos seus filhos bem comportados, mas um pai que ama e ensina, mesmo que para isso seja necessário utilizar as situações complicadas da vida. Mas eu conheço várias pessoas que sofrem um bocado, por se sentirem ludibriadas pelo fato de não verem as suas orações respondidas da forma que eles foram ensinados a esperar que seria.

Por isso que a abordagem corajosa, utilizada por Philip Yancey em seu livro, me instigou a revisar criticamente a minha vida particular de oração. Qual tem sido a qualidade do tempo que dispenso à comunhão com Deus?

Me lembro do tempo em que eu era missionário numa cidade do interior do estado de Minas Gerais. Eu morava sozinho num bom apartamento e trabalhava num projeto de revitalização de uma igreja que sofreu pela falta de liderança. Aqueles foram anos desafiadores, eu tive muitas alegrias, mas as pressões foram imensas.

Muitas soluções não estavam sob o meu controle, por mais que eu lutasse, ainda teria que aguardar pela decisão de outras pessoas ou então, que o tempo se encarregasse de resolver as coisas. De certa forma, eu estava vivendo ao Deus dará.

Naquela época a oração era uma necessidade básica, pois eu vivia sozinho e, depois que chegava dos cultos e fechava a porta de casa, não tinha ninguém, senão Deus, para compartilhar as angústias que sobrecarregavam o meu coração.

Durante um período de aridez espiritual, em que faltavam palavras para dizer a Deus o que eu sentia, decidi utilizar o livro dos Salmos nas orações. Eu lia os versículos com atenção e sublinhava as frases que correspondiam ao meu estado de espírito naquele momento. Nas noites de insônia, colocava CD's com louvores, para me acalmar e conseguir pegar no sono.

Hoje, olhando para trás, reconheço que o fato de ter depositado as minhas angústias nas mãos de Deus fez toda a diferença. As respostas que eu obtive não foram todas da maneira que eu queria, mas algumas delas considero verdadeiros milagres.

De acordo com Philip Yancey, tal como um exercício físico, a oração precisa ser praticada. Se passo muito tempo sem correr, terei que recomeçar caminhando levemente, para depois aumentar o nível de esforço, senão o corpo não aguentará. Quando eu deixo de orar por muito tempo, preciso pedir de novo a Deus que me ensine a falar com ele. Se eu pudesse escolher, preferiria não ter que enfrentar nenhum problema, mas preciso admitir que os meus maiores progressos espirituais aconteceram durante as tempestades da vida.

Decidi que vou retomar as práticas devocionais noturnas e diurnas utilizando a oração do Pai Nosso e o livro dos Salmos como um motor de ignição. Mesmo que depois eu não tenha nada para dizer, vou meditar no sentido de cada afirmação e súplica e deixar que Deus faça a obra dele em minha vida. O fato é que, como diz a música, preciso voltar ao primeiro amor.

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