PARANDO PARA PENSAR...
“Ó suprema fugacidade, diz Coélet, ó suprema fugacidade! Tudo é fugaz. Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol?” Eclesiastes 1.2-3
“Ó suprema fugacidade, diz Coélet, ó suprema fugacidade! Tudo é fugaz. Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol?” Eclesiastes 1.2-3
Entre agosto de 2000 até Janeiro de 2003, eu trabalhei como missionário, pastoreando uma Igreja Batista na cidade de Piraúba, no Estado de Minas Gerais. Ali, eu aprendi uma grande lição: Descobri que posso mudar a realidade da minha vida e a das pessoas ao meu redor.
Eu assumi o ministério de uma igreja que estava há vários meses sem pastor. Ela estava quase fechando as portas, mas consegui levá-la em frente, cuidei dos seus problemas e, dois anos e meio depois, entreguei um grupo viável ao pastor que me substituiu.
Hoje a igreja está bem, muitas pessoas a quem eu evangelizei estão firmes na fé e envolvidos com aquela comunidade. A partir daí eu pensei: porque não aplicar estes princípios em minha vida para transformar os meus sonhos em realidade?
Nesta experiência eu também aprendi que mudar alguma coisa dá um trabalho danado! As estruturas nas quais a vida estão construídas, exercem uma pressão enorme para fazer com que tudo permaneça como está. Um movimento errado, e toda a estrutura desmorona, esmagando-nos.
A sociedade tem alguns sensos comuns nos quais muitas pessoas se acomodam. Quando alguém se levanta para dizer que aquilo poderia ser diferente, várias vozes se levantam para dizer: “é difícil, não pode ser feito, nunca foi tentado desta forma. O resultado é que: mesmo insatisfeitas, elas permanecem na situação indesejada, convencidas de que não há outra escolha possível.
Ao voltar para o Rio de Janeiro, fui trabalhar numa grande empresa de telemarketing. A supervisão e a gerência, estimulavam a atitude empreendedora e criativa, mas quando tentávamos inovar, as “exigências do atendimento” nos mantinham em nosso lugar e, com o tempo, o desejo de mudança era esquecido.
Outro senso comum diz que não valemos pelo que somos, mas pelo que temos ou fazemos. De acordo com esta perspectiva, não adianta muito ser boa pessoa, e ter boas idéias, se você está distante do poder.
Em todos os lugares existem os líderes e os liderados. Os líderes detêm o poder e as chaves para abrir as portas de oportunidades, mas, com algumas exceções, guardam-nas para si, por medo de perder a sua posição.
A massa trabalhadora, coopera para manter o status da liderança e lhes produz riqueza. Em troca desta fidelidade, recebem o pagamento que lhes permite sobreviver e sustentar suas famílias.
O salário, conquanto ofereça estabilidade, retira as perspectivas de progresso. Exceto para aqueles que são muito bem remunerados pelos seus serviços, o que não é a realidade para a maioria da população.
Pelo fato de garantirem o sustento de seus empregados e, por extensão, de sua família, algumas empresas se julgam no direito de controlar os rumos de suas vidas e sugam todas as suas energias a fim de alcançar metas cada vez mais arrojadas.
No tempo em que trabalhei no telemarketing, tinha o objetivo de ganhar o salário para investir em meus sonhos. Mas eu me desgastava tanto no serviço, que quando chegava em casa, não tinha disposição para mais nada. Neste período, os planos pessoais caminharam bem devagar.
Ao comparar a organização social brasileira, com a da Índia, alguns detalhes me chamaram a atenção: Entre as muitas culturas habitam o solo indiano, os hindus se destacam por dividir a sociedade em castas.
Quem nasceu em família de comerciantes dará sequencia à tradição e comandará os negócios junto com os seus tios, primos e irmãos.
O mesmo acontece com os sacerdotes e as outras ocupações que existam em uma comunidade. Aqueles que nascem na casta dos intocáveis, teoricamente, nunca terão a chance de progredir na vida, pois o seu lugar é entre os párias de seu país.
Apesar de este sistema já ter sido revogado legalmente, o costume arraigado ainda o mantém ativo e orienta os relacionamentos dos que professam o hinduísmo como sua religião.
Aos olhos ocidentais as castas parecem um absurdo sem tamanho, porque limitam a capacidade de uma pessoa à sua ascendência familiar. Nós temos orgulho de dizer que vivemos num contexto que proporciona oportunidades a todos que estejam dispostos a trabalhar com o objetivo de mudar de vida.
A sedutora promessa de uma vida confortável, e de plena satisfação dos desejos esconde o fato de que a sociedade do mercado de consumo também está dividida em castas que, ao invés de serem religiosas, são econômicas.
As oportunidades existem, e muitas pessoas conseguiram superar as dificuldades e avançaram para um degrau mais alto na pirâmide social, mas a pressão é muito grande para manter as coisas como estão.
O avanço da tecnologia reforçou a impressão de que, finalmente, qualquer pessoa seria capaz de conquistar o mundo apenas utilizando o teclado e o mouse de seu computador.
O preço dos equipamentos eletrônicos e a rapidez com que eles se tornam obsoletos, se transformam num grande obstáculo para que os mais pobres consigam subir um degrau em seu nível econômico.
O celular ou o computador que hoje fazem sucesso, amanhã serão desprezados, não porque deixaram de funcionar, mas porque o seu design passou a ser considerado antigo e exibi-los passou a ser motivo de vergonha para quem os possui.
A febre do consumismo inverte os valores da vida e nos lança numa correria em busca da satisfação de um desejo insaciável, que à medida que é atendido, é substituído por outro mais intenso ainda e aquilo que foi adquirido anteriormente, precisa ser jogado fora, para abrir lugar para as novas aquisições.
É preciso ser muito persistente para escapar deste ciclo vicioso e alcançar uma vida equilibrada. O sábio escritor do livro de Eclesiastes denuncia a fugacidade de todos os nossos esforços, quando o único objetivo é atender às demandas impostas pelo mercado.
Que estilo de vida estamos buscando? Aquele que nos realiza enquanto pessoas e nos aproxima da família e dos amigos? Ou a acumulação de bens que não serão utilizados, simplesmente porque não existe tempo suficiente para curtir os resultados de nosso trabalho?
A vida é curta e precisa ser aproveitada com inteligência, pois não haverá uma segunda chance. A sua grande sabedoria está em: “...alegrar-se com as suas obras, porque essa é a porção que lhe cabe. De fato, ninguém lhe fará ver o que acontecerá depois dele”. Eclesiastes 3.22
2 comentários:
Ciertamente los valores del Reino se oponen a lo que el mundo ofrece y eso hace que "nademos contra la corriente" en nuestro caminar. Sin dudas, este ejercicio fortalece nuestra vida espiritual y nos ayuda a crecer y madurar como cristianos, logrando asi, el objetivo final: ser semejantes al Maestro!!!
Nora
Muito bom o texto!
Interessante como os séculos passam e Eclesiastes continua com esse jeito de que acabou de ser escrito.
Bj!
Postar um comentário