sexta-feira, julho 31, 2009

VENCEDORES POR CRISTO - Três Salmos





SEDE DE JUSTIÇA -Parte 1 - Prog 53


EDEN'S BRIDGE - CELTIC WORHIP





OS JOVENS E A VIOLÊNCIA







Fonte: Jornal O GLOBO 22/07/2009
Organizador: Ronilso Pacheco

quinta-feira, julho 30, 2009

DEUS VIDA E DIGNIDADE - Parte 4 - Prog 52


I ENCONTRO NACIONAL RENAS-JOVEM


EIXOS TEMÁTICOS DO I ENCONTRO NACIONAL DO RENAS-JOVEM

O I Encontro Nacional da RENAS Jovem funcionará coma formação de quatro grupos de discussão, em que quatro temas estarão em pauta, como um ponto de partida para agregar organizações, lideranças que estejam dispostos a construir esta ampla rede que tem o desafio de se consolidar nacionalmente, dando maior representatividade e capacidade de intervenção de seus componentes.Os temas dos GTs (grupos de trabalho) são: Comunicação como instrumento de transformação social; Trabalho e geração de renda; Reforma agrária e reforma urbana; Fé e discriminação. Cada grupo terá um facilitador, que dará início a discussão a partir de sua experiência de atuação/militância na área. No final, o GT produzirá uma carta-documento, contendo os pontos relevantes e a proposta do grupo para a área, que irá compor a exposição final em uma mesa de resultados (painel).Os temas dos eixos temáticos foram escolhidos, tendo como critério temas que de alguma maneira não foram inseridos na pauta do IV Encontro Nacional da RENAS, nos dias 27 e 28, quinta e sexta-feira. De fato, quatro temas não abarcam o vasto e diversificado universo de atuação das várias organizações e ministérios atuantes no país, mas é, reiteramos, um ponto de partida para que este esforço desenvolva-se de forma crescente e expressiva.O Encontro RENAS Jovem, estará aberto para a inclusão e sugestões de temas que represente a área de atuação das organizações e lideranças representadas, para construir a formação de um novo Encontro, que tenha de fato a mútua construção dos envolvidados neste projeto.


Tema 1. COMUNICAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

Objetivo: fomentar uma ampla discussào e reflexão sobre a democratização da informação e da mídia no Brasil. Estimular a formação de uma rede de organizações e ministérios cristãos atuantes na área da comunicação para uma maior intervenção dos intrumentos e das tecnologias de comunicação em favor de uma sociedade mais justa e um empoderamento discursivo que inclua todos os cidadãos. Repensar temas como a velcidade da informação, o excesso de informação, manipulação e interesses através da mídia, papel educador dos meios de comunicação, acesso a informação, poder dos grandes grupos e inclusão social através do audiovisual. O GT também pode funcionar como uma conferência livre dentro da proposta da Conferência Nacional de Comunicação, prevista para acontecer em dezembro deste ano.

Tema 2. TRABALHO E GERAÇÃO DE RENDA

Facilitadores: George Costa - CCS (Centro de Cultura Social)Marcos Vichi - Rede FALE (RJ)

Objetivo: uma exposição teórica sobre o atual modelo de trabalho vigente no sistema capitalista neoliberal, que oferece a ilusão da liberdade total para a sociedade, mas em sua essência produz exclusão e miséria. Apresentação de alternativas de trabalho num modelo conscientizador, autogestionário, inclusivo e coletivo de produção.

  • Desemprego e dependência de benefícios governamentais
  • Alternativas locais para geração de renda
  • Da informalidade a legalização

Tema 3. REFORMA AGRÁRIA E REFORMA URBANA

Facilitadores: Franqueline (AL) - Rede FALE e MST, (ref.agrária) e Paulo Cesar Lima - pastor Metodista, coordenador da pastoral de favelas, RJ (ref.urbana)

Objetivo: fomentar uma discussão e uma reflexão da igreja quanto uma divisão espacial democrática, que denuncie e se posicione contra a excessiva concentração de terra no território brasileiro no campo e uma "exclusão sócio-geográfica" nas cidades. O crescimento desordenado das favelas nas grandes cidades e o conflito armado no campo é um cotidiano brasileiro que passa ao longe da abordagem e da atenção das nossas igrejas.

Tema 4. FÉ E DISCRIMINAÇÃO

Facilitadora: Diná Branchini - Igreja Metodista do Brasil, 3 Região Eclesiástica (SP)

Objetivo: possibilitar construções e pensamentos produzidos em diferentes circunstâncias e realidades do povo negro a luz das escrituras sagradas e do desenvolvimento da igreja cristã, envolvendo presente passado e futuro, buscando desta forma interpretar e afirmar a negritude e as raízes africanas na Bíblia e na Igreja.

Para maiores informações, clique aqui e leia o blog do RENAS-JOVEM

quinta-feira, julho 23, 2009

GRUPO LOGOS - Três Músicas





1969 - 2009....

terça-feira, julho 21, 2009

DEUS VIDA E DIGNIDADE - Parte 3 - Prog 51

QUANDO O POUCO COM DEUS É TUDO

QUANDO O POUCO COM DEUS É TUDO

"Chegada a tarde, os seus discípulos aproximaram-se dele dizendo: O lugar é deserto, e a hora já é avançada. Despede a multidão, para que vão pelas aldeias e comprem comida para si. Jesus porém lhes disse: Não é preciso que se retirem. Dai-lhes vós de comer. Então eles lhe disseram: Não tems aqui senão cinco pães e dois peixes. Disse-lhes ele: Trazei-mos". Mateus 14.15-18


O ditado popular afirma: o pouco com Deus é muito, e o muito sem Deus é nada. Esta frase é repetida sem que se preste a devida atenção na grande verdade espiritual que ela contém. Por duas vezes os discípulos de Jesus foram confrontados com estes princípios sem perceber com é importante colocar tudo, mesmo sendo pouco ou quase nada nas mãos do Deus provedor que nunca nos abandona.

A maiora da população do Brasil não em vida fácil. São chefes de família que trabalham até esgotarem as suas forças, para no fim do mês não conseguirem dinheiro suficiente para atender a todas as necessidades do seu lar.

Neste momento, muitos repetem a mesma pergunta que os discípulos fizeram ao seu mestre, quando ele os mandou alimentar a multidão faminta com apenas cinco pães e dois peixes. "De onde poderá alguém satisfazê-los de pão neste deserto?" Marcos 8.4. Jesus provou que é possível fazer muito, mesmo dispondo de poucos recursos e ele quer nos ensinar a viver de acordo com este princípio espiritual.

As possibilidades humanas são limitadas. Os discípulos estavam preocupados porque tinham pouca comida e menos dinheiro ainda para comprar mais suprimento. Para complicar a situação, eles estavam no meio do deserto, já era tarde e não seria possível encontrar nenhum estabelecimento aberto na cidade para adquirir algo. Humanamente falando, a solução mais sensata seria despedir o povo para que cada um desse o seu jeito e providenciasse o alimento para si. Mas, na lógica de Jesus as coisas são diferentes, ele tem recursos ilimitados e pode trazer a solução adequada para as nossas necessidades.

Ao ser confrontado com o problema da falta de recursos, Jesus desafiou os seus discípulos a encontrarem a solução adequada: "Dai-lhes vós de comer", mas esbarrou na falta de fé daqueles homens. Em todo o tempo Jesus sabia o que fazer, apesar de confrontantá-los com as suas limitações: "Quantos pães tendes? O motivo desta pergunta é que Deus só começa a fazer algo em nossas vidas a partir daquilo que está em nossas mãos.

Jesus multiplicou os pães, os peixes e alimentou a todos mostrando que quando o nosso pouco é abençoado por Deus, transforma-se em muito. Todos comeram até saciar a sua fome, separaram porções para levar para casa e ainda sobrou muita coisa. Antes de abençoar e multiplicar os alimentos, ele organizou as pessoas e quando cada um estava em seu lugar o milagre se realizou.

Deus transforma o caos de vida e ordem, ensina a superar as limitações humanas e a contemplar o projeto infinito que ele traçou para os seus filhos amados, que nos foi revelado por Jesus, que se tornou homem, para nos ensinar o caminho para chegar a Deus.

domingo, julho 19, 2009

JANIRES - TRÊS MÚSICAS






AS SOMBRAS DA VIDA

Fonte: http://www.monica.com.br/comics/piteco/welcome.htm

DEUS VIDA E DIGNIDADE - Parte 2 - Prog 50

quinta-feira, julho 16, 2009

O PROTESTO DE UM CONSUMIDOR INDIGNADO

Cora Rónai

O grupo canadense Sons of Maxwell teve a má idéia de voar pela United para Nebraska. No caminho, a guitarra Taylor de Dave Carroll -- um brinquedo de 3.500 dólares -- foi quebrada; a voadora não negou a culpa mas, depois de passar um ano enrolando o coitado, recusou-se a pagar pelo instrumento.

A vingança maravilhosa de Carroll é um videoclipe que está bombando no You Tube. E é só o primeiro de uma série!

Bem feito para a United, outra companhia aérea pavorosa.

Extraído do Blog: InterneETC - http://cora.blogspot.com/

terça-feira, julho 14, 2009

DEUS VIDA E DIGNIDADE - Parte 1 - Prog 49

CONHECER A JESUS


CONHECER A JESUS


"Perguntou-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo." Mateus 16.15-16


Em um determinado momento de seu ministério, Jesus chamou os seus discípulos e perguntou sobre a idéia que as pessoas tinham dele. A resposta não foi muito animadora: uns o consideravam a reencarnação de Elias, outros o viam como mais um entre os tantos profetas que apareceram em Israel, mas ninguém tinha a idéia correta de quem era realmente o Messias.


Jesus decidiu aprofundar a questão perguntando aos discípulos se eles sabiam quem era o seu mestre. A resposta de Pedro alegrou o seu coração pelo fato de revelar que aqueles homens que o seguiam de perto, tinham a percepção correta da natureza de seu mestre.


Conhecer a natureza e o propósito da encarnação de Jesus é importante, pois orientará a caminhada daquele que deseja segui-lo. Ele se apresentou como o caminho, a verdade e a vida, para aqueles que estão buscando a Deus e a bíblia, fornece as informações sobre sua missão.


O ministério do Espírito Santo nos ajuda a reconhecer a presença de Cristo e auxilia no entendimento correto do evangelho, a fim de edificar uma igreja saudável. Em Romanos 10.17 Paulo diz o seguinte: "a fé vem pelo ouvir, e o ouvir a palavra de Deus".


Quando alguém possui um sólido conhecimento da bíblia está preparado para enfrentar os desafios que a vida lhe colocará pela frente, de uma forma mais equilibrada, pois encontrará conforto na hora da angústia. A convicção de saber quem é Jesus, nos capacita para responder com segurança a todos os que nos perguntarem sobre a razão de nossa fé.

A maravilhosa confissão de Pedro é o resultado da obra do Espírito Santo na vida daquele homem. Conhecer a Jesus transforma o nosso caráter, tornando-nos mais semelhantes a Deus. A partir daí, será possível falar com autoridade sobre ele com outras pessoas e ajudá-las no processo de restauração da comunhão perdida. Mesmo diante das dificuldades e tragédias da vida é possível permanecer firme, pois as misericórdias de Deus são infinitas sobre aqueles que o buscam. Conhecer o Jesus revelado na bíblia traz alegria ao coração.

O QUE ESTOU FAZENDO SE SOU CRISTÃO?

O QUE ESTOU FAZENDO SE SOU CRISTÃO?
**
O que estou fazendo se sou Cristão?
Que estou fazendo se sou cristão?
Se Cristo deu-me total perdão?
Há muitos pobres sem lar, sem pão.
Há muitas vidas sem salvação.
Meu Cristo veio pra nos remir:
o homem todo, sem dividir.
Não só a alma do mal salvar,
também o corpo ressuscitar.
**
Há muita fome no meu país,
há tanta gente que é infeliz!
Há crianças que vão morrer,
há tantos velhos a padecer!
Milhões não sabem como escrever,
milhões de olhos não sabem ler,
Nas trevas vivem sem perceber
que são escravos de outro ser.
**
Que estou fazendo se sou cristão?
Se Cristo deu-me total perdão!
Há muitos pobres sem lar, sem pão.
Há muitas vidas sem salvação.
Aos poderosos eu vou pregar,
aos homens ricos vou proclamar .
Que a injustiça é contra Deus
e a vil miséria insulta os céus.

Texto extraído do Hinário Para o Culto Cristão – música 552
Letra: João Dias de Araújo – Música: Décio Emerique Lauretti

sábado, julho 11, 2009

“HÁ ABUSOS EM NOME DE DEUS”

“HÁ ABUSOS EM NOME DE DEUS”



Jornalista relata os danos do assédio espiritual cometido por líderes evangélicos


Kátia Mello


A igreja evangélica está doente e precisa de uma reforma. Os pastores se tornaram intermediários entre Deus e os homens e cometem abusos emocionais apoiados em textos bíblicos. Essas são algumas das afirmações polêmicas da jornalista Marília de Camargo César em seu livro de estreia, Feridos em nome de Deus (editora Mundo Cristão), que será lançado no dia 30. Marília é evangélica e resolveu escrever depois de testemunhar algumas experiências religiosas com amigos de sua antiga congregação.


ENTREVISTA - MARÍLIA DE CAMARGO CÉSAR


QUEM É - Marília de Camargo César, 44 anos, jornalista, casada, duas filhas


O QUE FEZ - Editora assistente do jornal O Valor, formada pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero


O QUE PUBLICOU - Seu livro de estreia é Feridos em nome de Deus (editora Mundo Cristão)


ÉPOCA – Por que você resolveu abordar esse tema?

Marília de Camargo César – Eu parti de uma experiência pessoal, de uma igreja que frequentei durante dez anos. Eu não fui ferida por nenhum pastor, e esse livro não é nenhuma tentativa de um ato heroico, de denúncia. É um alerta, porque eu vi o estado em que ficaram meus amigos que conviviam com certa liderança. Isso me incomodou muito e eu queria entender o que tinha dado errado. Não quero que haja generalizações, porque há bons pastores e boas igrejas. Mas as pessoas que se envolvem em experiências de abusos religiosos ficam marcadas profundamente.


ÉPOCA – Qual foi a história que mais a impressionou?

Marília – Uma das histórias que mais me tocaram foi a de uma jovem que tem uma doença degenerativa grave. Em uma igreja, ela ouviu que estava curada e que, caso se sentisse doente, era porque não tinha fé suficiente em Deus. Essa moça largou os remédios que eram importantíssimos no tratamento para retardar os efeitos da miastenia grave (doença autoimune que acarreta fraqueza muscular). O médico dela ficou muito bravo, mas ela peitou o médico e chegou a perder os movimentos das pernas. Ela só melhorou depois de fazer terapia. Entendeu que não precisava se livrar da doença para ser uma boa pessoa.


ÉPOCA – Que tipo de experiência você considera como abuso religioso e que marcas são essas?

Marília – Meu livro é sobre abusos emocionais que acontecem na esteira do crescimento acelerado da população de evangélicos no Brasil. É a intromissão radical do pastor na vida das pessoas. Um exemplo: uma missionária que apanha do marido sistematicamente e vai parar no hospital. Quando ela procura um pastor para se aconselhar, ele fala assim para ela: “Minha filha, você deve estar fazendo alguma coisa errada, é por isso que o teu marido está se sentindo diminuído e por isso ele está te batendo. Você tem de se submeter a ele, porque biblicamente a mulher tem de se submeter ao cabeça da casa. Então, essa mulher, que está com a autoestima lá embaixo, que apanha do marido - inclusive pelo Código Civil Brasileiro ele teria de ser punido - pede um conselho pastoral e o pastor acaba pisando mais nela ainda. E ele usa a Bíblia para isso. Esse é um tipo de abuso que não está apenas na igreja pentecostal ou neopentecostal, como dizem. É um caso da Igreja Batista, em que, teoricamente, os protestantes históricos têm uma reputação melhor.


ÉPOCA – Seu livro questiona a autoridade pastoral. Por quê?

Marília – As igrejas que estão surgindo, as neopentecostais, e não as históricas, como a presbiteriana, a batista, a metodista, que pregam a teologia da prosperidade, estão retomando a figura do “ungido de Deus”. É a figura do profeta, do sacerdote, que existia no Antigo Testamento. No Novo Testamento, não existe mais isto. Jesus Cristo é o único mediador. Então o pastor dessas igrejas mais novas está se tornando o mediador. Para todos os detalhes da sua vida, você precisa dele. Se você recebeu uma oferta de emprego, o pastor pode dizer se deve ou não aceitá-la. Se estiver paquerando alguém, vai dizer se deve ou não namorar aquela pessoa. O pastor, em vez de ensinar a desenvolver a espiritualidade, determina se aquele homem ou aquela mulher é a pessoa da sua vida. E o pastor está gostando de mandar na vida dos outros, uma atitude que abre um terreno amplo para o abuso.


ÉPOCA – Você também fala que não é só culpa do pastor.

Marília – Assim como existe a onipotência pastoral, existe a infantilidade emocional do rebanho, que é o que o Sérgio Franco, um dos pastores psicanalistas entrevistados no livro, fala. A grande crítica do Freud em relação à religião era essa. Ele dizia que a religião infantiliza as pessoas, porque você está sempre transferindo as suas decisões de adulto - que são difíceis - e a figura do sagrado, no caso aqui o líder religioso, para a figura do pai ou da mãe - o pastor, a pastora. É a tendência do ser humano em transferir responsabilidade. O pastor virou um oráculo. É mais fácil ter alguém, um bode expiatório, para pôr a culpa nas decisões erradas tomadas. “O pastor está gostando de mandar na vida dos outros e receber presentes. Isso abre espaço para os abusos”


ÉPOCA – Quais são os grandes males espirituais que você testemunhou?

Marília – Eu vi casamentos se desfazer, porque se mantinham em bases ilusórias. Vi também pessoas dizendo que fazer terapia é coisa do Diabo. Há pastores contra a terapia que afirmam que ela fortalece a alma e a alma tem de ser fraca; o espírito é que tem que ser forte. E dizem isso supostamente apoiados em textos bíblicos. Dizem que as emoções têm de ser abafadas e apenas o espírito ser fortalecido. E o que acontece com uma teologia dessas? Psicoses potenciais na vida das pessoas que ficam abafando as emoções. As pessoas que aprenderam essa teologia e não tiveram senso crítico para combatê-la ficaram muito mal. Conheci um rapaz com muitos problemas de depressão e de autoestima que encontrou na igreja um ambiente acolhedor. Ele dizia ter ressuscitado emocionalmente. Só que com o passar dos anos, o pastor se apoderou dele. Mas ele começou a perceber que esse pastor é gente, que gosta de ganhar presentes e que usa a Bíblia para se justificar. Uma das histórias que mais me tocou foi a de uma jovem que tem uma doença degenerativa grave. Ela foi para uma dessas igrejas e ouviu que se estivesse sentindo ainda doente era porque não tinha fé suficiente em Deus. Essa moça largou os remédios que eram importantíssimos no tratamento para retardar os efeitos da miastenia grave (doença auto-imune que acarreta fraqueza muscular). O médico dela ficou muito bravo e não a autorizou. Mesmo assim, ela peitou o médico e chegou a perder os movimentos das pernas. Ela só melhorou depois de fazer terapia. Ela entendeu que não precisava se livrar da doença para ser uma boa pessoa.


ÉPOCA – Por que demora tanto tempo para a pessoa perceber que está sendo vítima?

Marília – Os abusos não acontecem da noite para o dia. A pessoa que está sendo discipulada, que aprende com o pastor o que a Bíblia diz, desenvolve esse relacionamento aos poucos. No primeiro momento, ela idealiza a figura do líder, como alguém maduro, bem preparado. É aquilo que fazemos quando estamos apaixonados: não vemos os defeitos. O fiel vê esse líder como um intermediário, como um representante de Deus que tem recados para a vida dele, um guru. E o pastor vai ganhando a confiança dele num crescendo, como numa amizade. Esse líder, que acredita que Deus o usa para mandar recados para sua congregação, passa a ser uma referência na vida do fiel. O fiel, pro sua vez, sente uma grande gratidão por aquele que o ajudou a mudar sua vida para melhor. Ele se sente devedor do pastor e começa, então, a dar presentes. O fiel quer abençoar o líder porque largou as drogas, ou parou de beber, ou parou de bater na mulher, ou porque arrumou um emprego e está andando na linha. E começa a dar presentes de acordo com suas posses. Se for um grande empresário, ele dá um carro importado para o pastor. Isso eu vi acontecer várias vezes. O pastor, por sua vez, gosta de receber esses presentes. É quando a relação se contamina, se torna promíscua. E o pastor usa a Bíblia para dizer que esse ato é bíblico. O poder está no uso da Bíblia para legitimar essas práticas.


ÉPOCA – Qual é o limite da autoridade pastoral?

Marília – O pastor tem o direito de mostrar na Bíblia o que ela diz sobre certo tema. Como um bom amigo, ele tem o direito de dar um conselho. Mas ele tem de deixar claro que aquilo é apenas um conselho. Pode até falar que o resultado disso ou daquilo pode ser ruim para a vida do fiel. Mas ele não pode mandar a pessoa fazer algo em nome de Deus. O que mais fere as pessoas é ouvir uma ordem em nome de Deus. Se é Deus, então prova! Se Deus fala para o pastor, por que Ele não fala para o fiel? Eles estão sendo extremamente autoritários.


ÉPOCA – Você afirma que muitos dos pastores não agem por má-fé, mas por uma visão messiânica. Explique.

Marília – É uma visão messiânica para com seu rebanho. Lutero (teólogo alemão responsável pela reforma protestante no século XVI) deve estar dando voltas na tumba. Porque o pastor evangélico virou um papa que é a figura mais criticada no catolicismo, o inerrante. E não existe essa figura, porque somos todos errantes, seres faltantes, como já dizia Freud. Pastor é gente. E é esse pastor messiânico que está crescendo no evangelismo. Existe uma ruptura entre o Antigo e o Novo Testamento, que é a cruz. A reforma de Lutero veio para acabar com a figura intermediária e a partir dela veio a doutrina do sacerdócio universal. Todos têm acesso a Deus. Uma das fontes do livro disse que precisamos de uma nova reforma e eu concordo com ela. Essa hierarquização da experiência religiosa, que o protestante tanto combateu no catolicismo, está se propagando. Você não pode mais ter a conversa direta com o divino. Porque tem aquela coisa da “oração forte” do pastor. Você acha que ele ora mais que você, que ele tem alguma vantagem espiritual e, se você gruda nele, pega uma lasquinha. Isso não existe. Somos todos iguais perante Deus.


ÉPOCA – Se a igreja for questionada em seus dogmas, ela não deixará de ser igreja?

Marília – Eu não acho isso. A igreja tem mesmo de ser questionada, inclusive há pensadores cristãos contemporâneos que questionam o modelo de igreja que estamos vivendo e as teologias distorcidas, como a teologia da prosperidade, que são predominantemente neopentecostais e ensinam essa grande barganha. Se você não der o dízimo, Deus vai mandar o gafanhoto. Simbolicamente falando, Ele vai te amaldiçoar. Hoje o fiel se relaciona com o Divino para as coisas darem certo. Ele não se relaciona pelo amor. Essa é uma das grandes distorções.


ÉPOCA – Por que você diz que existe uma questão cultural no abuso religioso?

Marília – Porque o brasileiro procura seus xamãs, e isso acontece em todas as religiões. O brasileiro é extremamente religioso. A ÉPOCA até publicou uma matéria sobre isso, dizendo que a maioria acredita em algo e se relaciona com isso, tentando desenvolver seu lado espiritual. O brasileiro gosta de ter seu oráculo. A pessoa que vem do catolicismo, onde há centenas de santos, e passa a ser evangélica transfere aquela prática e cultura do intermediário para o protestantismo, e muitas igrejas dão espaço para isso. O pastor Edir Macedo (da igreja Universal) trouxe vários elementos da umbanda, do candomblé, porque ele é convertido. Ele diz que o povo precisa desses elementos -que ele chama de pontos de contato - para ajudar a materializar a experiência religiosa. A Bíblia condena tudo isso.


ÉPOCA – No livro você dá alguns alertas para não cair no abuso religioso. Fale deles.

Marília – Desconfie de quem leva a glória para si. Um conselho é prestar atenção nas visões megalomaníacas. Uma das características de quem abusa é querer que a igreja se encaixe em suas visões, como quere ganhar o Brasil para Cristo e colocar metas para isso. E aquele que não se encaixar é um rebelde, um feiticeiro. Tome cuidado com esse homem. Outra estratégia é perguntar a si mesmo se tem medo do pastor ou se pode discordar dele. A pessoa que tem potencial para abusar não aceita que discorde dela, porque é autoritária. Outra situação é observar se o pastor gosta de dinheiro e ver os sinais de enriquecimento ilícito. São esses geralmente os que adoram ser abençoados e ganhar presentes. Cuidado com esse cara.


sexta-feira, julho 03, 2009

DOE VIDA

DOE VIDA


FÁBIO AGUIAR LISBOA - Editor de OJB



Em 2008, os batistas acompanharam com atenção e apreensão a trajetória do pastor Oliveira de Araújo em busca de um transplante de pulmão que garantiria sua sobrevida. Na verdade, este foi apenas um dos inúmeros casos de irmãos que tiveram que passar por uma cirurgia desta natureza nos últimos anos para terem a oportunidade de dar prosseguimento a suas vidas.

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde no início de 2009 indicam que entre janeiro e dezembro de 2008 foram realizados 19.125 transplantes - o que representa um crescimento de cerca de 10% em relação ao mesmo período de 2007 (17.428). No entanto, o número de pessoas na fila de espera por um novo órgão ainda é muito grande, 58.634 segundo o Governo.

O presidente da seção Rio de Janeiro da Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), Rafael Paim, diz que ainda “é muito mais comum as pessoas morrerem na fila do que saírem transplantadas”.

Segundo ele, que trabalha na promoção de uma cultura de realização de transplantes, “há dois anos a fila de pessoas precisando de novos órgãos tem baixado, mas o número de transplantados não tem aumentado na mesma proporção, o que significa que as pessoas estão morrendo na fila”.


Percepções sobre o transplante


OJB conversou com três pessoas que passaram por transplantes de órgãos nos últimos anos. Eles compartilharam um pouco de suas experiências em uma caminhada que todos consideraram um recomeço.


A caminhada do pastor Oliveira Araújo em busca de um novo pulmão começou em 2002, época na qual começou a apresentar um quadro de cansaço físico excessivo. A partir de então, ele passou por inúmeros exames, que no fim levaram ao diagnóstico de fibrose pulmonar idiopática.

A partir deste momento iniciou um tratamento à base de medicamentos para manter esta doença sobre controle, mas o mesmo parou de surtir efeito em setembro de 2007, quando o transplante passou a ser considerado a única alternativa viável.


Em novembro do mesmo ano o pastor Oliveira já estava na fila do transplante, que foi finalmente realizado no dia 10 de junho de 2008.


Segundo o pastor da Primeira Igreja Batista de Vitória (ES), esta experiência representou o maior desafio de sua vida, o maior gigante que já enfrentou: “Foi um desafio muito grande, pois não esperava por isto, não tinha nenhuma informação sobre isto, nenhuma experiência e, de repente, me vejo na iminência de fazer um transplante de pulmão, como de fato aconteceu”.

Para Oliveira o fato de ser pastor, um servo de Deus, não tornou a situação mais simples: “É um mundo totalmente novo, pois quando é uma cirurgia comum você marca dia, marca hora e sabe o que vai acontecer em princípio. No caso do transplante não, você fica esperando uma ligação para lhe chamar para ir ao hospital porque depende da doação”.


Felizmente, o transplante foi um sucesso e o pastor da PIB de Vitória agora pode compartilhar o que considera um verdadeiro milagre em sua vida.


Outro pastor que passou pela experiência do transplante foi Miquéas da Paz Barreto. O primeiro sintoma foi um prurido (coceira) de difícil solução, o que levou à realização de um exame chamado tempo de protrombina, que constatou que algo não estava bem com ele.

"Uma médica amiga me encaminhou então para um hepatologista. Daí passaram-se cerca de 2 meses de pesquisas laboratoriais. Por fim, veio a sugestão de uma biópsia do figado. O resultado foi surpreendente! Cirrose hepática moderada”, afirma.


Inicialmente se pensou que o transplante não seria necessário, o que levou o pastor Miquéas a retornar a suas atividades tomando alguns cuidados especiais.


Porém, após 2 anos ficou evidente que o tratamento adequado seria o transplante, o que o levou a buscar o auxílio de um especialista americano. “Ele indicou um médico amigo em Curitiba e aí começamos o processo de busca da cura definitiva, que era o transplante hepático”, atesta.

Quem também se viu diante da necessidade de enfrentar um transplante de rim foi a farmacêutica Sônia Maria Campanelle, membro da Igreja Batista Itacuruçá (RJ). Em 1999 ela descobriu ter uma doença renal policística que comprometia 70% da capacidade de funcionamento de seus rins.


“Ao confirmar o diagnóstico eu fiquei muito revoltada. Como sou da área da saúde iniciei um caminho de me preparar para aceitar o diagnóstico, considerando que eu tinha pavor da ideia de realizar hemodiálise”, afirma.


Sônia fica então sabendo que existia a possibilidade de um de seus quatro irmãos poderem doar um rim para ela. “Os 4 são submetidos então a um exame de histocompatibilidade, ao qual também sou submetida. O escolhido é meu irmão mais novo e o transplante é realizado em 2006. O transplante foi feito, não sem sofrimento, principalmente por ser uma cirurgia longa, mas hoje eu estou bem, estou curada pela graça de Deus”, diz.


Uma segunda vida


Para Sônia, a pessoa que passa por um transplante começa a ver a vida de forma diferente: “Para mim foi uma segunda vida. O tempo todo tive, e tenho ainda, a certeza de ser uma segunda vida. Os parâmetros de vida mudaram muito. Na minha experiência ainda houve um milagre maior, porque a vida do irmão que doou o rim e que estava afastado da igreja passa a ser modificada. Ele passa a ter uma outra percepção da vida. Então foi uma bênção para todos. Neste momento fica claro porque ele foi escolhido por Deus como doador, pois havia duas irmãs com maior compatibilidade e que não puderam, por motivos diferentes, doar”.


Rafael Paim também destaca o aspecto nobre que cerca o ato da doação de um órgão e os benefícios que esta prática traz para a sociedade: “A doação não é apenas pegar um órgão no corpo do outro. Na verdade, a doação é um dos gestos mais nobres de um ser humano. É doar vida para o outro, dar continuidade à vida. Um gesto que faz a sociedade crescer, pois ela fica mais madura. A doação evidencia uma preocupação com o outro. Este ato traz uma série de valores com ele que são muito bons para uma sociedade que deseja se desenvolver”.


Desinformação atrapalha doação


Entretanto, para que hajam mais doadores e doações alguns desafios ainda devem ser vencidos. Segundo o pastor Oliveira, ainda existe muito preconceito, temor e desinformação quando se fala em doação de órgãos.


“Penso que se as pessoas forem bem informadas, bem esclarecidas, nós podemos ter realmente mais pessoas doando, participando deste processo que hoje é um grande desafio no Brasil”, declarou.


O pastor Miquéas tem uma opinião muito semelhante da de seu companheiro de ministério e afirma: “No Brasil ainda é muito pequena a percepção da necessidade de se doar órgãos. Problemas de ordem cultural, preconceitos religiosos, fobias sociais variadas, falta de fé neste tratamento científico, entre outras coisas, levam muitos a não desejarem participar do ato de doar órgãos a pessoas ainda com alguma chance de viver”.


Porém, o presidente da seção Rio de Janeiro da Adote tem dados que indicam que esta tendência está mudando. Segundo ele, o povo brasileiro está cada vez mais aberto à doação, como indica uma pesquisa realizada há pouco tempo com 2122 pessoas de todo o país pelo Instituto Datafolha que indicou que 64% dos entrevistados eram doadores.


Segundo Rafael Paim, a mensagem atual já não é mais seja doador, mas sim faça a doação acontecer. “Migramos de uma geração na qual o desafio era ter doadores e passamos para um momento no qual o desafio é ter a efetivação da doação”, afirma.


Outra dificuldade está na incapacidade de o Governo atender à demanda de transplantes hoje existente: “Ele tem tentado, mas é mal preparado, pois desconhece as técnicas, não tem orçamento adequado. O problema não é só investir, mas o Governo não compreende o problema. É mais barato fazer o transplante do que manter a fila. A fila de rim, por exemplo, é caríssima. É cara emocionalmente, é cara psicologicamente, é cara em termos de recursos, pois tem que ser paga a hemodiálise para quem está na fila. É muito mais barato você transplantar e fazer o acompanhamento com medicação. Porém, o Governo não consegue perceber isto e montar uma estrutura para zerar a fila”, afirma Paim.


Ele aponta a Espanha como um exemplo a ser seguido. “Lá tem uma fila que dura uma ou duas semanas de espera. Na verdade, é uma espera zero, pois estas duas semanas são o tempo para os exames. No entanto, o órgão está lá. Além disso, neste país há um programa de qualidade do processo de doação, que tem estatística e aprendizado, o que faz a coisa funcionar muito bem”.


A contribuição da Igreja


Em um ponto, porém, todos concordam: a Igreja pode ter um papel fundamental na questão da doação de órgãos.


Para o presidente da seção Rio de Janeiro da Adote, a Igreja pode se envolver nesta questão de uma forma simples: “Falando sobre o tema nos seus encontros. Colocando a questão nas músicas, nos livros. A Igreja tem um poder de multiplicação imenso. Quando ela leva esta questão para o púlpito, as pessoas levam esta questão para a família. Na hora em que esta questão é levada para a Igreja, a mesma é levada para a escola. Na hora em que o médico batista ouve esta questão na igreja ele pensa no que o seu hospital pode fazer. Olhe o potencial de multiplicação”.


Por outro lado, Sônia pensa que os batistas podem se envolver iniciando uma grande discussão e, quem sabe, propondo a criação de uma associação de pessoas transplantadas, uma forma de se ligar a este grupo.


Além disso, ela pensa que seria válida uma ação voltada para aquelas pessoas que ainda não passaram pelo transplante (no caso de rim) e que têm que realizar hemodiálise: “Eu acredito que poderíamos fazer um trabalho solidário, pois há um grande sofrimento desde que há o diagnóstico, principalmente quando se tratam de crianças muito jovens, de 2 ou 3 anos. Penso que o ideal seria ter uma casa de apoio para as pessoas que vem e vão para as consultas. Uma casa na qual a pessoa que mora distante do local no qual faz o tratamento possa fazer um lanche e possa passar a noite caso perca o seu ônibus. Esta seria uma forma de evangelizar junto com um trabalho de solidariedade muito grande. Seria um trabalho muito bonito”.


Segundo o pastor Oliveira, o povo batista é por natureza muito solidário. Ele pensa que para se alcançar um maior envolvimento dos batistas nesta questão é necessário olhar com carinho a necessidade das pessoas que aguardam a doação de um órgão em uma fila. “Muitas pessoas morrem na fila sem muita perspectiva de vida. Caso não chegue ao transplante, há um momento no qual o órgão vai a falência. Então é preciso que, da parte do povo de Deus, haja uma conscientização e disposição de doar órgãos. Contando com o apoio de nossas organizações denominacionais e dos pastores, que têm uma influência muito grande na formação da opinião dos membros de igreja, creio que uma campanha neste sentido vai trazer muito beneficio para milhares de pessoas”.



Escrito por: Fábio Aguiar Lisboa EM 10-Jun-2009