sábado, maio 07, 2011

UMA PÁSCOA DIFERENTE

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UMA PÁSCOA DIFERENTE

As emoções da ressurreição de Cristo

  1. No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo de Jesus bem de madrugada, quando ainda estava escuro. Ela viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo.
  2. Então saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo que Jesus amava. E disse para eles: “Tiraram do túmulo o Senhor, e não sabemos onde o colocaram”.
  3. Então Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao túmulo.
  4. Os dois corriam juntos. Mas o outro discípulo correu mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao túmulo.
  5. Inclinando-se, viu os panos de linho no chão, mas não entrou.
  6. Então Pedro, que vinha correndo atrás, chegou também e entrou no túmulo. Viu os panos de linho estendidos no chão,
  7. e o lenço que tinha sido usado para cobrir a cabeça de Jesus. Mas o lenço não estava com os panos de linho no chão; estava enrolado num lugar à parte.
  8. Então o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo, entrou também. Ele viu e acreditou.
  9. De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura que diz: “Ele deve ressuscitar dos mortos”.
  10. Os discípulos, então, voltaram para casa.

João 20.1-10

Introdução

A páscoa é uma cerimônia tradicional para os judeus, onde todos os anos eles recordam as dificuldades da saída do Egito e agradecem a Deus a bênção de livrar-se da escravidão, e de poder sair em busca da terra prometida.

O calendário religioso previa mais uma páscoa sob o domínio romano, mas o ministério de Jesus agitou a mente das pessoas com o anúncio de que ele era o Messias prometido por Deus. Logo, muitos começaram a pensar que ele viera para libertar Israel e restaurar a sua glória diante das nações.

Os religiosos, temendo perder o seu poder, entraram em ação: prenderam Jesus, julgaram-no e o crucificaram, pensando que desta forma, resolveriam o problema e agradariam ao imperador.

O que eles não sabiam, é que aquela seria uma páscoa diferente, onde muitas emoções seriam despertadas e que, o mundo jamais seria o mesmo, depois daquelas festividades.

Vamos falar sobre algumas destas emoções continas no capítulo 20 do evangelho de João:

1. Perplexidade diante do luto.

A morte sempre é uma experiência dolorosa para as pessoas que ficam, principalmente quando ela acontece num contexto de violência política. Roma era conhecida por manter um controle rigoroso em todas regiões que dominava. As rebeliões eram imediatamente sufocadas e a cruz, fazia parte dos piores castigos reservados para os líderes mais contestadores.

Esta perplexidade tinha origem na:

· Dor pela perda de um ente querido.

Durante três anos eles andaram juntos, ouviram a pregação de seu mestre anunciando que o tempo para o estabelecimento do Reino de Deus havia chegado.

O profundo conhecimento das escrituras sagradas trazia todo o embasamento necessário para que as palavras de Jesus causassem um grande impacto naqueles corações sedentos por esperança.

Além dos laços formais do discipulado, uma profunda amizade ligava aquelas almas. O que acontecia com um, era importante para o outro. Durante a longa convivência, eles aprenderam a compartilhar as alegrias e tristezas da vida.

Contemplar os mau tratos sofridos por Jesus e a sua execução naquela cruz, certamente trouxe muita tristeza para sua família e amigos, que não estavam unidos por uma ideologia apenas, mas pela poderosa comunhão do Espírito Santo.

O sentimento de perplexidade também era produzido pelos:

· Sonhos de liberdade frustrados.

Em todas as suas pregações, Jesus deixou bem claro que o seu objetivo não era buscar o destaque pessoal dentro da política vigente no império Romano. Ele fugia dos centros de poder e buscava os vilarejos esquecidos pelo poder público de então e ali curava os doentes e expulsava os demônios.

Seus discursos confrontavam a injustiça, denunciavam a hipocrisia dos religiosos e ensinavam às pessoas mais simples que Deus as amava e queria que elas vivessem dignamente.

Esta abordagem era muito bem recebida pelas camadas populares, mas as autoridades não ficaram nada satisfeitas de saber que um novo rei dos judeus estava andando pelas ruas conquistando o coração das pessoas, falando de seu reino e anunciando que era o Filho de Deus.

Carentes de atenção, a multidão de humildes "...cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor" (Mateus 9.36) passou a depositar sobre Jesus as suas esperanças de libertação e de um futuro melhor. A morte na cruz foi um balde de àgua fria para aqueles que chegaram a crer que os seus olhos, de fato, haviam contemplado o Messias.

A perplexidade também vinha de uma desconfortável situação:

· O desafio de admitir: não deu certo.

Os discípulos apostaram a vida na mensagem de Jesus. Eles abandonaram os seus empregos, e envolveram as suas famílias nesta empreitada de anunciar a chegada do Reino de Deus.

De repente, eles são expostos às evidências de que tudo deu errado, e que agora eles teriam que retomar à sua rotina antiga para sobreviver e sustentar os seus dependentes.

O que eles iriam dizer aos parentes? Com que cara chegariam diante do seu ex patrão para pedir para serem readmitidos? Seria muito difícil encarar o olhar de reprovação e deboche daqueles que só estavam esperando o momento certo para dizer: viu, eu não falei que não daria certo?

Além das dificuldades já mencionadas, havia o agravante de que todos os discípulos de Cristo estavam sob a vigilância atenta dos soldados romanos e das autoridades religiosas de Israel. Qualquer passo em falso, ou palavra mal interpretada, poderia lhes custar a vida também.

O dia seguinte após a crucificação deve ter sido muito duro para aqueles homens e mulheres que amaram e seguiram a Jesus. As palavras dos discípulos no camino de Emaús capturam a tristeza que se abatera sobre eles: “Nós esperávamos que fosse ele o libertador de Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que tudo isso aconteceu!” Lucas 24.21.

Mas uma nova emoção viria ocupar o coração daqueles homens e mulheres:

2. Surpresa ao ver o túmulo vazio.

A morte é um evento que intervém de forma agressiva na rotina humana. Diante dela as agendas são canceladas, as urgências perdem o sentido e as histórias pessoais chegam a um ponto final. A morte é irreversível.

Mas aquela páscoa, definitivamente, não seria como as outras:

· Algo muito diferente aconteceu.

De acordo com o ritual judaico, após ser retirado da cruz, o corpo de Cristo deveria ser tratado com perfumes e embalsamado. Mas como se aproximava o sábado, e durante as celebrações do shabat é proibido tocar em mortos, as mulheres deixaram para cuidar disso na madrugada de domingo.

Imagine qual não foi a surpresa daquelas mulheres ao ver que a pedra do túmulo havia sido removida? A conclusão mais óbvia, foi relatada por Maria Madalena, ao encontrar-se com os dois discípulos: “Tiraram do túmulo o Senhor, e não sabemos onde o colocaram”. João 20.2

Para evitar um problema como este, os romanos colocaram dois soldados para guardar a entrada da sepultura, mas o texto bíblico informa que:

"De repente houve um grande tremor de terra: o anjo do Senhor desceu do céu e, aproximando-se, retirou a pedra, e sentou-se nela. Sua aparência era como a de um relâmpago, e suas vestes eram brancas como a neve. Os guardas tremeram de medo diante do anjo, e ficaram como mortos". Mateus 28.2-4

O poder humano sucumbiu diante do poder divino. A profecia se cumpriu: Cristo venceu a morte.

Agora ele iria contar esta boa notícia aos seus amados seguidores:

· Dificuldade para assimilar os fatos daquela manhã.

Imagine a situação dos discípulos: eles estavam assustados com a repercusão dos fatos daquela semana. Trancados dentro de casa, esperavam a poeira baixar para poder voltar a caminhar pelas ruas sem despertar a atenção dos vizinhos e, principalmente, dos soldados.

De repente, uma notícia chegou para agitar aquela manhã sonolenta:

“(...) algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo, e não encontraram o corpo de Jesus. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos, e estes afirmaram que Jesus está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo, e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas ninguém viu Jesus.” Lucas 24.22-24

A dinâmica da ressurreição é algo que escapa de capacidade de entendimento humana. Deve ser por isso que, os discípulos tiveram dificuldade para reconhecer a Jesus Cristo, nos primeiros contatos:

"Depois de dizer isso, Maria virou-se e viu Jesus de pé; mas não sabia que era Jesus". João 20.14

"Quando amanheceu, Jesus estava na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus". João 21.4

"Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e começou a caminhar com eles. Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram". Lucas 24.15-16

Tomé também teve dificuldade para acreditar e foi sincero ao manifestar o seu pensamento:

"Os outros discípulos disseram para ele: “Nós vimos o Senhor.” Tomé disse: “Se eu não vir a marca dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o meu dedo na marca dos pregos, e se eu não colocar a minha mão no lado dele, eu não acreditarei.” João 20.25

Mas o evangelista reconhece o motivo de tanta surpresa:

· Eles não entenderam direito que Jesus disse.

A ressurreição nunca foi segredo. Em várias passagens Jesus fala que o resultado de seu ministério seria a morte. Ele ainda foi bem preciso, ao informar que, no terceiro dia, iria ressuscitar.

Semelhantemente aos sacerdotes, os discípulos não captaram detalhes importantes da missão de Jesus aqui na terra. Os religiosos não conseguiram estender como Jesus, filho de José e Maria, natural do insignificante vilarejo de Nazaré, poderia ser o Messias, o Ungido, o filho de Deus encarnado na figura humana. Os discípulos não alcançaram o poder de seu mestre para entregar a sua vida e tomá-la de volta.

"O Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la de novo. Ninguém tira a minha vida; eu a dou livremente. Tenho poder de dar a vida e tenho poder de retomá-la. Esse é o mandamento que recebi do meu Pai.” João 10.17-18

Precisamos estar sempre com o coração aberto, pois a manifestação divina supera os interditos humanos. Quem poderia dizer, ao ver o corpo de Jesus sendo retirado, sem vida, da cruz, que história da igreja na terra estava apenas começando? Deus nos surpreende e deseja levar a sua igreja sempre mais além daquilo que ela pode imaginar. Efésios 3.20

Ao perceber que Jesus estava vivo, uma nova emoção echeu o coração dos discípulos:

3. Alegria de testemunhar a Ressurreição.

A conquista da ressurreição, foi quebrar a irreversibiidade da morte. A partir da páscoa, ela deixou de ser a grande vilã da existência humana, conforme atestou o apóstolo Paulo em I coríntios 15.54-55: “A morte foi engolida pela vitória. Morte, onde está a sua vitória? Morte, onde está o seu ferrão?”

Jesus inaugurou um novo tempo:

· A vitória sobre a morte faz renascer a esperança.

O golpe, aparentemente fatal, sofrido na sexta feira perdeu toda a sua força naquela madrugada de domingo, quando o filho de Deus retomou a sua vida, que ele havia entregado na cruz, pelos nossos pecados.

Ao derrotar o poder da morte, Jesus abriu o caminho para a esperança da redenção humana, que alimenta a nossa fé. A partir de agora, o pecado não tem mais o poder de ditar as regras do jogo.

A graça divina abriu as portas do Reino dos Céus a todos os recebem Jesus em seus corações. No meio das trevas absolutas, uma luz se acendeu para iluminar o caminho de volta aos braços do Pai

E quando a esperança alimenta a alma:

· Nova vida, novos sonhos são possíveis

A partir do momento em que, justificados pela graça, reatamos o nosso relacionamento com Deus, o passado deixa de ser um obstáculo para se transformar numa oportunidade para escrever uma nova história.

A vida dos que contemplaram a ressurreição de Jesus foi radicalmente transformada. Aqueles discípulos assustados, trancados em casa, não se pareciam em nada com os apóstolos destemidos que assumiram a liderança da pregação do evangelho, que alcançou todo o mundo conhecido e chegou até nós, pelo poder do Espírito Santo.

Em Cristo somos novas criaturas e esta nova vida estabelece novos padrões, onde as prioridades do Reino de Deus se tornam as nossas prioridades também. "Se alguém está em Cristo, é nova criatura. As coisas antigas passaram; eis que uma realidade nova apareceu". 2 Coríntios 5.17

Todas estas emoções convergem para uma certeza:

· É possível confiar em Deus.

A grande alegria dos discípulos foi descobrir que, apesar de todas as dúvidas e inquietações, que se abateram sobre eles durante este processo, eles podiam confiar em Jesus.

Ele cumpriu tudo o que prometeu. Disse que não iria abandoná-los, "Eu não deixarei vocês órfãos, mas voltarei para vocês". João 14.18, que a sua morte não seria o fim de tudo e que a sua ressurreição aconteceria, mesmo contra todas as previsões.

No meio das incertezas da vida é reconfortante saber que é possível confiar em Deus.

Conclusão

O luto pela perda, a surpresa pelo túmulo vazio, foram substituídos pela alegria de poder, olhar, tocar e conversar com o Jesus resuscitado.

A páscoa nos traz a mensagem de que, em Cristo é possível ter esperança, sonhar com um mundo melhor, com uma vida melhor, porque ele está conosco e não nos abandonará, por mais dura que seja a dificuldade que venhamos a experimentar.

A páscoa Judaica celebrava a passagem da escravidão no Egito, para a liberdade na Terra prometida e a páscoa cristã, da mesma forma, celebra a passagem da escravidão do Pecado, para a Liberdade de um novo relacionamento com Deus.

Ainda que o mundo parecesse o mesmo, depois de receber a notícia da ressurreição de Cristo, a vida dos discípulos estava definitivamente mudada para melhor. E esta transformação, que devemos buscar, para fazer diferença neste mundo, tão necessitado de conhecer o evangelho.

REFERÊNCIAS

BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral – Tradução Ivo Storniolo, Euclides Martins Balancin – Paulus – SP – 1991

YANCEY, Philip. O Jesus que Eu Nunca Conheci – Traduzido por Yolanda M Krievin – Editora Vida – 2002 – São Paulo – SP

Um comentário:

Turquinha disse...

Eu li esse livro O Jesus que eu nunca conhecí ! maravilhoso !
Abração, Agar