domingo, janeiro 20, 2008

EU NÃO TENHO VERGONHA DE SER BRASILEIRO



Eu considero o João Alexandre um dos melhores artistas cristãos brasileiros. Ele faz poesia e consegue passar a sua mensagem sem ser proselitista, toca bem o violão e proporciona a quem o ouve um momento de tranquilidade e reflexão. Num agradável bate-papo com a Zenaide, ela me enviou esta letra, que decidi compartilhá-la porque gostei da maneira como ele imaginou os nossos símbolos bíblicos transportados para a cultura nacional: "Imagine só: Maria fazendo uma feijoada; ver um cavaquinho nas mãos do rei Davi". Imaginei um pagode animado com o pessoal sentado em mesas no quintal sorrindo muito, saboreando uma deliciosa comida e trocando idéias com Jesus. Aliás, como seria o cenário do presépio, se ao invés de ter nascido na Palestina há dois mil anos atrás, Jesus nascesse no Rio de Janeiro hoje?
Curtam a letra,
Marcos Vichi
JOÃO BASILEIRO

Eu não tenho vergonha de ser brasileiro, não
Sou mistura de negro, europeu e tupi guarani
Todo mundo já sabe meu nome é João, sou cristão.
Deus me deu minha voz pra quem quiser ouvir.

Eu não tenho vergonha de ser brasileiro não
Sou profeta do samba do frevo e do maracatu
Todo mundo já sabe as cores do meu coração.
Ele é verde, amarelo, branco e azul.

Imagine só: ver um cavaquinho nas mãos do rei Davi
Imagine só: S. Pedro pescando na praia de Itapuã
Imagine só: um frevo rasgado dos filhos de Levi
Imagine só: o apóstolo Paulo no Maracanã, já pensou...

Imagine só: Maria fazendo uma feijoada
Imagine só: Isaias pregando na Rocinha
Imagine só: Miriã dançando uma timbalada
Imagine só: Esaú se vendendo ao jabá com farinha...

Eu não tenho vergonha de ser brasileiro, não
Sou mistura de negro, europeu e tupi guarani
Todo mundo já sabe meu nome é João, sou cristão.
Deus me deu minha voz pra quem quiser ouvir.

Eu não tenho vergonha de ser brasileiro, não
Quero mais florescer no lugar onde Deus me plantou
Tô aqui pra cantar minha história, meu povo, meu chão.
Brasil brasileiro que Ele tanto amou.

Imagine só: os salmos em moda de viola
Imagine só: os profetas virando repentistas
Imagine só: o Mestre e os doze batendo uma bola
Imagine só: a visão de Jacó pela voz de um sambista a cantar

Imagine só: os anjos tocando seus tamborins
Imagine só: cuicas nos braços dos serafins
Imagine só: pandeiros soando ao invés dos clarins
Imagine só: um céu brasileiro bem tupininquim.

Eu não tenho vergonha de ser brasileiro não...
É isso aí, eu não tenho vergonha de ser brasileiro...

quarta-feira, janeiro 09, 2008

O REINO DE DEUS VI - O REINO DOS MAIS FRACOS



O REINO DOS MAIS FRACOS
“Naquele tempo Jesus disse: Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Meu pai entregou tudo a mim. Ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar”. Mateus 11.25-27

Vivemos numa sociedade de fortes e habilidosos, que é voltada para o acumulo de bens. Nela se destacam os inteligentes e os que produzem muito gerando baixo custo. Qualquer sinal de fraqueza é tido como falha, que não pode ser admitida. Os que estão fora do padrão não têm escolha: ou se ajustam às regras do mercado, ou serão excluídos sem misericórdia.

O Reino de Deus inverte estas prioridades. Nele os fracos são privilegiados e aos pequeninos são revelados os mistérios do Pai. Por que os sábios e os fortes foram colocados em segundo plano nas questões espirituais? Existe alguma injustiça da parte de Deus?


1. Quem São os Pequeninos de Nosso Tempo?

Entre tantos que podem ser citados como pequeninos, um grupo significativo é o dos desempregados. Milhões de pessoas que por diversos motivos foram demitidas e agora enfrentam dificuldades para recolocar-se no mercado de trabalho. A falta de emprego compromete a estabilidade familiar, a qualidade de vida e dificulta o investimento no aprimoramento intelectual, que é necessário para obter as melhores colocações neste ambiente tão competitivo. A situação complica-se quando as contas começam a se acumular e as perspectivas de ingresso financeiro demoram a aparecer.

Outra categoria de pequeninos é a dos sem teto. Eles chegaram a um nível tal de pobreza, que perderam as suas moradias e hoje fazem da rua o seu lar. Algumas famílias já estão na segunda geração exposta a esta violência. Por estarem fora da cadeia produtiva, os sem teto não possuem poder de consumo. São considerados zero econômicos e, por isso, são tratados como refugo nesta sociedade excludente.

A terceira categoria a ser abordada é a dos enfermos. Quando prolongada, a doença desequilibra psicologicamente a família e o paciente. A enfermidade não escolhe classe social, idade ou nível cultural, mas une ricos e pobres, doutores e analfabetos na mesma dimensão da fragilidade do ser humano.


2. Por Que a Força Pode Atrapalhar?

Quem é forte acha que não precisa de ninguém. Esta atitude leva ao isolamento e traz problemas, pois se a crise fugir do controle a pessoa poderá não encontrar socorro disponível, pelo simples fato de que ninguém saberá de que ela precisa de ajuda.

Algo parecido acontece no relacionamento com Deus. Este relacionamento é alimentado pelo contato constante e pela renovação das experiências. Sempre que precisamos, recorremos à lembrança mais recente de seu amor e somos confortados. Quando não cultivadas, as experiências se tornam raras e chegará um momento em que elas serão esquecidas.

Jesus lidava com pessoas muito experientes em matéria religiosa, que possuíam autoridade para mostrar aos menos esclarecidos o caminho para encontrar-se com Deus. Estes líderes se tornaram fortes, política e religiosamente, mas esqueceram-se da misericórdia enquanto exerciam o poder e deixaram de se importar com a vida do seu rebanho.

Era contra estas distorções que Jesus protestava ao afirmar que o Pai escondeu a revelação dos seus mistérios aos sábios e inteligentes de seu tempo. Eles eram mestres na religião, mas não tinham condições de perceber a presença divina, pois tinham o seu coração fechado. O poder lhes trouxe a ilusão da auto-suficiência e os afastou de Deus.


3. A Vulnerabilidade que Abençoa

É entre os humildes que encontramos as demonstrações mais significativas de fé. Eles reconhecem que precisam de alguém e sabem que sozinhos não irão muito longe. Por isso estão dispostos a receber e oferecer solidariedade. Esta abertura de alma os permite identificar a atuação divina nos mínimos detalhes.

Os pequeninos desejam ouvir a voz de Deus, da mesma forma que a criança anseia pela presença dos seus pais. Conseqüentemente, eles desenvolvem um relacionamento fundamentado no amor e não na expectativa de receber algo em troca. É esta qualidade que os habilita a conhecer os maiores segredos que o Pai deseja lhes revelar.

Deus não se impressiona com títulos acadêmicos e cargos de autoridade nas esferas religiosas ou governamentais, mas a fé simples, exposta por um coração quebrantado, o emociona: “Quando ouviu isso Jesus ficou admirado e disse aos que o seguiam: Eu garanto a vocês: nunca encontrei uma fé igual a essa em ninguém em Israel!” Mateus 8.10.

4. O Mistério é Revelado

As pessoas se aproximavam de Jesus com interesses diversos: uns desejavam a cura, outros estavam curiosos para conhecer a celebridade do momento, havia os que queriam ouvir uma mensagem de esperança, mas um grupo em particular o incomodava: aqueles que queriam utilizar-se do Reino de Deus como forma de obtenção de prestigio social. Jesus recusava-se a exibir demonstrações banais de poder. “Mas ele lhes respondeu, e disse: "Uma geração má e adúltera pede um sinal, porém, não se lhe dará outro sinal senão o do profeta Jonas”. Mateus 12.39.

A condição primordial para conhecer os mistérios do Deus é crer que ele existe e que deseja comunicar-se com os que o procuram: “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam”. Hebreus 11.6.

Os pequeninos, espiritualmente falando, são aqueles que reconhecem que dependem de Deus e desejam relacionar-se com ele simplesmente porque o seu coração se alegra por desfrutar de sua presença. A estes, o Pai se agrada em manifestar-se e tornar conhecidos os seus planos.

“Ninguém conhece o Pai a não ser o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar”. Jesus, o filho, conhece o Pai integralmente. Sem o seu auxílio jamais conseguiríamos estabelecer a comunhão com Deus. A sua vinda ao mundo abriu um elo de comunicação fundamental entre o homem e o seu Criador. A revelação do mistério de Cristo não está oculta num esconderijo inviolável, mas só será disponibilizada àqueles que enxergam o Reino de Deus como um lugar onde ser forte, é demonstrar misericórdia e onde a vitória se realiza, quando a justiça é feita ao pobre e quando o rejeitado pela sociedade se sente acolhido e amado por Deus.


Conclusão

O Reino pertence aos fracos, porque não apresenta qualquer obstáculo a quem tenha um sincero desejo de relacionar-se com Deus. Ele representa a nossa esperança de que veremos a justiça triunfar e de que não será mais necessário fingir ser aquilo que não somos, pois o Pai nos aceita tal qual estamos.


Referências
BOFF, Leonardo - Ethos Mundial - Rio de janeiro - Sextante – 2003.

terça-feira, janeiro 01, 2008

FELIZ ANO NOVO



FELIZ ANO NOVO


“O Senhor te abençoe e guarde! O Senhor lhe mostre o seu rosto brilhante e tenha piedade de você! O Senhor lhe mostre o seu rosto lhe conceda a paz!”

Números 6.24-26.


Este seria apenas um feriado como outro qualquer onde acordaríamos mais tarde por não precisarmos ir trabalhar, se não fosse 1º de Janeiro. O ano novo chegou! Diversas simpatias estão aí para tentar garantir a felicidade em 2008. Pular as sete primeiras ondas, beber a água da primeira chuva do ano, comer lentilhas, etc. Mesmo alguns céticos que passam o ano todo longe das igrejas, aproveitam as comemorações para ir a uma missa ou culto a fim de assegurar a boa sorte.

O povo de Israel estava peregrinando pelo deserto após a fugir da escravidão sob o domínio egípcio. Ainda que aguardado ansiosamente, o caminho para a liberdade se apresentava mais difícil do que o imaginado. O cansaço, a limitação dos recursos, e a ameaça dos inimigos traziam desânimo às pessoas fazendo-as duvidar se deveriam seguir em frente. Após um ritual de consagração, o sacerdote Arão proferiu uma benção com o propósito de trazer a memória da presença de Deus àquelas almas exaustas.

O decorrer de um ano guarda muitas semelhanças com o deserto enfrentado por Israel no processo do êxodo para a terra prometida. Iniciamos com festa e muita expectativa, mas logo vem o dia 02 de Janeiro com suas lutas, contas para pagar e, ao longo dos meses, estamos cansados, necessitando de um oásis para reparar as forças.

“A bênção é um sinal da presença protetora e vivificante de Deus no meio do seu povo. (...) Tal bênção mostra que o povo pertence a Deus e que este o abençoa com a paz, quer dizer, com a vida plena, segundo o modo bíblico de entender a paz”. (1)

A palavra de Arão aos israelitas aborda conceitos importantes para alimentar a fé durante a caminhada em 2008 o primeiro deles é: “O Senhor te abençoe e guarde!”. O Senhor abençoe aos empregados para que eles desempenhem bem as suas funções, sejam promovidos e obtenham melhorias salariais. Abençoe aos desempregados para que eles encontrem caminhos que os levem a trabalhos dignos a fim de proporcionar o sustento às suas famílias. O Senhor nos guarde da violência que destrói vidas. Nos guarde das enfermidades físicas e emocionais que roubam as forças do corpo deixando-o prostrado.

Em seguida o sacerdote afirma: “O Senhor lhe mostre o seu rosto brilhante”. Ao revelar-se, Deus se faz conhecido por aquele que o busca. O brilho de seu rosto representa a glória que ilumina a mente, o coração e produz esperança ao apresentar novas perspectivas a caminhos que pareciam sem saída. “A esperança é aquilo que aposta no triunfo final da vida. Essa, talvez, seja a missão mais fundamental da fé: fazer-nos esperar, mesmo contra a esperança. A esperança, em grau maior ou menor, é que possibilita a preservação da vida”. (2)

Seguindo em frente, observamos a próxima declaração: “E tenha piedade de você!”. O ser humano é limitado. Ele deseja fazer o bem e realiza o mal.3 Precisamos da piedade divina que nos ama do jeito que somos e à medida que acolhe, realiza o seu propósito, enchendo a vida de alegria.

Finalizando Arão diz: “O Senhor lhe mostre o seu rosto lhe conceda a paz!”. Esta paz vai além da ausência de conflitos, pois ela permanece apesar dos problemas e confusões da vida, proporcionando um equilíbrio que beneficia aquele que confia em Deus e se espalha por sua família e comunidade.

Meu desejo para 2008, é que esta paz se torne real na sua vida. Acima de todas as superstições e simpatias, o que garantirá um ano feliz é a lembrança do cuidado de Deus. Recorra a ele todos os dias.

FELIZ ANO NOVO!



NOTAS



1 – Bíblia Sagrada Ed. Pastoral – 1991 - p.156.
2 – MARCELINO – Antes de o Ano Novo Chegar... Blog “As muitas Letras” – 2007.
3 – “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito, o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está. Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico”. Romanos 7.18-19





REFERÊNCIAS



BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral – Tradução Ivo Storniolo, Euclides Martins Balancin – Paulus – SP – 1991

MARCELINO, Ruben. Antes de o Ano Novo Chegar... - Blog “Asmuitas Letras” – 2007 - http://asmuitasletras.blogspot.com/2007/12/desde-ontem-tenho-estado-fim-de.html - Consultado em 01/01/2008.

http://www.shalomcampinas.com.br/significado.php – Consultado em 01/01/2008.