sexta-feira, março 30, 2007

O REINO DE DEUS IV - UM REINO DE AÇÃO

UM REINO DE AÇÃO

“Quando Jesus terminou de dar essas instruções aos seus doze discípulos, partiu daí, a fim de ensinar e pregar nas cidades deles. João estava na prisão. Quando ouviu falar das obras do Messias, enviou a ele alguns discípulos, para lhe perguntarem: És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro? Jesus respondeu: Voltem e contem a João o que vocês estão ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciada a Boa notícia. E feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim.”
Mateus 11.1-6.


João Batista foi o profeta do Reino de Deus, anunciou a sua chegada e teve o privilégio de ver a profecia se cumprindo. Agora ele está preso em virtude do seu compromisso com o evangelho. O ministério de João baseava-se na crença de que Jesus Cristo estabeleceria a glória de Deus para o povo de Israel, mas o cárcere o impedia de contemplar o seu sonho tornando-se realidade.

Esta limitação trouxe-lhe uma dúvida: “Será que eu anunciei a mensagem correta? É Cristo aquele que deveria vir ou precisamos continuar esperando?”. O profeta não teve medo, mandou chamar Jesus para receber os esclarecimentos necessários.

As dúvidas fazem parte da natureza humana incompleta. Os questionamentos nem sempre são sinal de rebeldia, pois quem pergunta deseja obter uma resposta. Ao perguntar a pessoa sente-se a vontade para expressar o seu sentimento sem o medo de ser rejeitado.

“Será que Jesus é verdadeiramente o messias esperado? A resposta não é dada em palavras, porque o messianismo não é simples idéia ou teoria. É uma atividade concreta que realiza o que se espera da era messiânica: a libertação dos pobres e oprimidos.”1

O evangelho não pretende trazer apenas conforto para a alma, quer ir além. Ao mudar as condições de vida daqueles que não têm esperança. Cegos, paralíticos, leprosos e surdos não teriam qualquer possibilidade de obter uma vida digna nos tempos de Jesus. A cura das doenças os reinseria na comunidade. A nova vida espiritual correspondia tanto a uma esperança na eternidade quanto a novas perspectivas profissionais e familiares. Era uma ressurreição social que precisava ser testemunhada.

O Reino de Deus resgata pessoas das trevas trazendo-as para a luz da comunhão com Deus e do relacionamento com o seu próximo2. Não é possível pregar o evangelho do reino esquecendo-se da justiça social e do cuidado com os excluídos. Jesus deixou o exemplo que devemos seguir.

NOTAS

1 BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral P.1252

2 I Pedro 2.9 – “Vocês, porém, são raça eleita, sacerdócio régio, nação santa, povo adquirido por Deus, para proclamar as obras maravilhosas daquele que chamou vocês das trevas para a sua luz maravilhosa”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


THOMPSOM, Frank Charles – Bíblia de Referência Thompson – Edição Contemporânea – Tradução de João Ferreira de Almeida – Ed. Vida – São Paulo 1999.

BOFF, Leonardo – Tempo de Transcendências – Ed. Sextante – Rio de Janeiro

NOUWEN, Henri J.M. A volta do filho pródigo: a história de um retorno para casa - Tradução Sonis S.R. Orberg - São Paulo - Ed. Paulinas - 1997 - Coleção sopro do espírito.

BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral – Tradução Ivo Storniolo, Euclides Martins Balancin – Paulus – SP – 1991.

Bíblia en Lenguaje Actual – Sociedades Bíblicas Unidas - Brasil

O REINO DE DEUS III - UM REINO DO ALTO

UM REINO DO ALTO

“Jesus respondeu: Eu garanto a você: se alguém não nasce do alto, não poderá ver o Reino de Deus. Nicodemos disse: Como é que um homem pode nascer de novo, se já é velho? Poderá entrar outra vez no ventre da sua mãe e nascer? Jesus respondeu: Eu garanto a você: ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nasce da água e do espírito. Quem nasce da carne é carne, quem nasce do espírito é espírito. Não se espante se eu digo que é preciso vocês nascerem do alto. O vento sopra onde quer, você ouve o barulho, mas não sabe de onde ele vem, nem para onde vai. Acontece a mesma coisa com quem nasceu do Espírito.”

João 3.3-8

O ministério de Jesus despertava tanto o amor quanto o ódio. Aqueles que haviam sido curados declaravam abertamente que ele era o filho de Deus prometido pelas profecias, enquanto que as autoridades religiosas sentiam-se ameaçadas pelas idéias divulgadas em seus discursos.

Nicodemos, um judeu importante, estava interessado nos assuntos espirituais, mas esbarrava na tentativa de racionalizar os artigos de fé enquadrando o divino em suas convicções pessoais. Sua conversa com Jesus revelou-lhe que para relacionar-se com Deus é necessário abrir a mente e o coração para ir além e aceitar que as nossas definições não podem alcançar a eternidade do todo-poderoso. Elas apenas fotografam uma parte desta manifestação. Quando insistimos em aprisionar Deus em conceitos, matamos a fé e nos afastamos dele.

O compromisso com o evangelho exige uma transformação profunda, por isso o evangelista João indica que Jesus inicia o diálogo com uma afirmação controvertida: “se alguém não nasce do alto, não poderá ver o Reino de Deus”.

Nascer do alto é uma experiência pessoal e intransferível de abertura ao infinito. É o momento em que o ser humano se supera rompendo os seus limites e aproxima-se de Deus. A partir daí os seus valores se alteram e ele deixa de pensar somente em si mesmo passando a ver o outro como um irmão que foi amado e recebido pelo Pai.

Ao afirmar que quem nasce da carne é carne, Jesus evidencia que a vida é o resultado das escolhas que fazemos ao longo do caminho. Uma delas é abrir-se a um relacionamento com Deus, ou fechar-se em sim mesmo. Viver na dimensão da carne é olhar para os acontecimentos de forma limitada, negando-lhes a dinâmica da fé que aceita a intervenção de Deus e traz novos significados até para as situações mais difíceis.

Quem nasceu do espírito se reconhece dependente de Deus. Esta compreensão une o melhor das forças humanas ao poder divino. A bênção resultante desta parceria alcança a pessoa espalhando-se pela comunidade onde ela vive. Viver no Reino é descobrir a cada dia o seu valor pessoal e também saber que quem está desconectado do Pai não sobreviverá por muito tempo. 1

Para ouvir a voz de Deus é necessário acalmar o coração, calar as vozes interiores e silenciosamente contemplar o seu poder escutando as suas palavras. Jesus recomendou a Nicodemos que não se espantasse com as coisas que estava ouvindo, para que o medo não se transformasse num empecilho à livre comunhão com ele.

Uma das mais poderosas imagens para o Espírito Divino é a do vento. Ele é forte, refresca o calor do sol, produz movimento, energia e transporta a vida ao espalhara as sementes que germinarão no solo. Assim é o Reino de Deus, ele não se limita aos obstáculos humanos, mas os supera. Sua manifestação se revela soberanamente e não passa despercebida. Este é o grande mistério: que em sua liberdade e independência Deus tenha decidido acolher e abençoar os que abrem o coração para conhecê-lo.


NOTA

1 João 15.4-6 – “Fiquem unidos a mim, e eu ficarei unido a vocês. O Ramo que não fica unido à videira não pode dar fruto. Vocês também não poderão dar fruto se não ficarem unidos a mim. Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem fica unido a mim, e eu a ele, dará muito fruto, porque sem mim vocês não podem fazer nada. Quem não fica unido a mim será jogado fora como um ramo, e secará. Esses ramos são ajuntados, jogados no fogo e queimados.”


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


THOMPSOM, Frank Charles – Bíblia de Referência Thompson – Edição Contemporânea – Tradução de João Ferreira de Almeida – Ed. Vida – São Paulo 1999.

BOFF, Leonardo – Tempo de Transcendências – Ed. Sextante – Rio de Janeiro

NOUWEN, Henri J.M. A volta do filho pródigo: a história de um retorno para casa - Tradução Sonis S.R. Orberg - São Paulo - Ed. Paulinas - 1997 - Coleção sopro do espírito.

BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral – Tradução Ivo Storniolo, Euclides Martins Balancin – Paulus – SP – 1991.

Bíblia en Lenguaje Actual – Sociedades Bíblicas Unidas - Brasil

quarta-feira, março 28, 2007

O DESAFIO DE AGIR PELA FÉ

O Desafio de Agir Pela Fé

“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei: Farei de ti uma grande nação, e te abençoarei e te engrandecerei o nome, e tu serás uma bênção.” Gênesis 12:1-2


Abraão vivia tranqüilamente em Ur dos Caldeus junto com a sua família. Ele tinha uma vida confortável, possuía muitas riquezas e provavelmente o seu objetivo seria administrar e multiplicar os seus bens até o dia da sua morte. Sua única tristeza era o fato de sua esposa ser estéril. Isto significava que ele não teria uma descendência do seu sangue e que toda a sua herança ficaria para um parente próximo ou um empregado de confiança.

O que Abraão não podia imaginar é que um encontro com Deus mudaria radicalmente o seu estilo de vida. Nesse encontro Deus ordenou-lhe que saísse da sua terra e da casa de seu pai e fosse para “...um lugar que havia de receber por herança...” Ele “...obedeceu e saiu, sem saber para onde ia.” Hebreus 11:8

Quando Deus fala ao homem ele o desinstala, retirando-o de seu lugar de conforto e o lança numa caminhada cheia de novas perspectivas muito maiores que as anteriores. Deus lançou três desafios a Abraão; o primeiro foi: Ver o invisível: Deus queria que Abraão saísse de sua terra para que ele se desligasse da idolatria que reinava em seu país mas não disse o destino final de sua jornada. As únicas certezas de Abraão eram que Deus iria mostrar a cada dia o caminho a seguir e que a nova terra seria o berço de uma grande nação. “Pela fé (Abraão) peregrinou na terra da promessa como terra alheia, habitando em tendas como Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. Pois esperava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e construtor”. Hebreus 11:9-10. A nova nação não era visível fisicamente, mas com os olhos da fé ele pode vê-la e por isso partiu na direção que o Pai mostrou.

O segundo desafio de Deus a Abraão foi: Crer no incrível: Abraão já era idoso, tinha setenta e cinco anos e Deus prometeu que ele seria pai de uma grande nação. Crer nessa promessa seria admitir uma impossibilidade, pois sua esposa além de estéril, também era idosa. “Mas Abraão não perdeu a fé nem duvidou da promessa de Deus. A sua fé o encheu de poder, e ele louvou a Deus porque tinha toda a certeza de que Deus podia fazer o que havia prometido. Por isso Abraão, por meio da fé, foi aceito por Deus.” Romanos 4:20-22.

O terceiro desafio de Deus a Abraão foi: Realizar o impossível: Deus tinha um grandioso plano para abençoar a humanidade: Ele iria formar um povo através do qual o Messias viria ao mundo para trazer o perdão do pecado ao homem e Abraão seria o pai deste povo. “...Em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Gênesis 12:3. Através da obediência de Abraão todos nós fomos abençoados, porque antes era impossível que o homem se aproximasse de Deus, agora temos liberdade de acesso ao Pai através de Jesus Cristo, filho de Deus e descendente de Abraão.

O Deus que retirou Abraão de seu recolhimento e o fez contemplar toda a extensão de suas promessas quer fazer o mesmo com você, pois ele também tem um maravilhoso plano para a sua vida. Ao retirar-lhe de sua aparente estabilidade e lança-lo numa emocionante caminhada de fé, ele colocará à sua disposição todo o seu poder e amor. Deus nunca decepciona aquele que nele confia.

O desafio de agir pela fé é entregar todas as suas certezas visíveis ao Senhor, confiar em suas promessas e buscar em primeiro lugar o seu reino e sua justiça. Somente assim você poderá experimentar todo o poder de Deus que engrandecerá o seu nome e fará de você uma bênção.

QUANDO A FÉ VACILA

Quando a Fé Vacila

“Abraão respondeu: Ó Senhor, meu Deus! De que me vale a tua recompensa se eu continuo sem filhos. Eliézer, de Damasco é quem vai herdar tudo o que tenho, tu não me deste filhos e por isso um dos meus empregados, nascido em minha casa, será o meu herdeiro”. Gênesis 15:2-3 .


Se cremos num Deus todo poderoso porque nos entristecemos tanto com os insucessos e com as perdas que fazem parte desta vida? Porque perdemos a esperança e ficamos desanimados só porque as coisas não estão do jeito que nós queríamos que estivessem? Se cremos que as promessas de Deus têm nele o sim e o amém para a sua glória (II Coríntios 1.20) porque as nossas atitudes diante da vida algumas vezes não refletem esta verdade? Onde está a nossa fé?

Abraão estava passando por um momento de crise e estes questionamentos deviam estar povoando a sua mente. Depois de alguns anos sendo fiel e obedecendo as ordens do Senhor sem ver os resultados prometidos, ele se entristeceu e o seu coração começou a desanimar. Quando Deus aparece prometendo-lhe uma recompensa ele decidiu desabafar. Começa lamentando-se do fato de estar sendo obediente, aparentemente em vão, e mostra a sua desesperança dizendo que seu herdeiro, seria o seu empregado Eliézer, porque Deus não cumprira a sua parte no trato feito com ele.

Deus ouve pacientemente a queixa de Abraão e a sua resposta tem uma característica interessante: Ele não respondeu às reclamações, mas se preocupou em reafirmar a promessa feita a alguns anos atrás: “Então o Senhor falou de novo e disse: – O seu próprio filho será o seu herdeiro, e não o seu empregado: Eliézer”. Gênesis 15:4 ntlh. Parecia que Deus estava se atrasando, mas em sua agenda tudo estava acontecendo no tempo certo. Abraão não sabia, mas sua vida precisava ajustar-se à vontade de Deus e este período de aparente falta de resultados estava sendo utilizado pelo Senhor para construir a estrutura de sua personalidade de uma forma tal que o permitisse usufruir plenamente a bênção que iria receber.

Deus prossegue em sua resposta: “Aí o Senhor levou Abrão para fora e disse: Olhe para o céu e conte as estrelas se puder. Pois bem! Será esse o número dos seus descendentes”. Gênesis 15:5 ntlh. Ao levá-lo para fora Deus o retirou de uma perspectiva limitada pelas quatro paredes de sua tenda e o apresentou à perspectiva ilimitada de seu poder que faria aquele homem velho e sem filhos ter tantos descendentes que seria impossível contá-los.

É isto que Deus faz quando nós nos fechamos dentro de nossas frustrações, desanimados porque as coisas parecem estar dando errado. Ele não fica alimentando a auto-piedade, mas eleva os nossos olhos para que possamos contemplar o seu poder e as bênçãos que ele tem para nos dar.
“Abraão creu em Deus, o Senhor, e por isso o Senhor o aceitou.” Gênesis 15:6 ntlh. Apesar de ter atravessado momentos de crise e questionamento, Abraão foi aceito pelo Senhor porque o seu coração estava disposto a crer. Deus não nos condena quando a nossa fé vacila porque ele conhece as nossas limitações e as compreende.

Os momentos de questionamento podem ser uma importante ferramenta para nos aproximar de Deus. Se apresentarmos as nossas perguntas a ele receberemos todas as respostas e vamos sair fortalecidos da crise. Para obter a ajuda divina precisamos apenas ser humildes em admitir que precisamos dela: “Imediatamente o pai do menino exclamou: Eu creio: ajuda-me a vencer a minha falta de fé.” Marcos 9:24.

Não deixe que os momentos difíceis destruam a sua alma. Faça como Abraão que não teve vergonha de derramar as suas tristezas e dúvidas na presença de Deus. Ele foi aceito pelo Senhor. Deus também quer te receber e abençoar.

quarta-feira, março 07, 2007

O REINO DE DEUS - II - UM REINO DE GRAÇA

UM REINO DE GRAÇA


"Jesus Respondeu: Quando vocês rezarem, digam: Pai, Santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Dá-nos a cada dia o pão de amanhã, e perdoa-nos os nossos pecados, pois também perdoamos a todos aqueles que nos devem; e não nos deixes cair em tentação"
Lucas 11.2-4


Todo o relacionamento precisa de diálogo para acontecer, pois sem comunicação entre as partes torna-se impossível o desenvolvimento da intimidade. O convívio entre o homem e os seus deuses sempre foi marcado pelo medo. Sacrifícios diversos eram oferecidos para aplacar a ira divina e sempre havia a desconfiança de que uma tragédia provocada por fenômenos da natureza era a vingança por alguma oferenda esquecida.


O evangelho anunciado por Jesus trouxe uma novidade estonteante: agora é possível chamar Deus de Pai. Os discípulos, acostumados com os rituais de sua religião pedem a Jesus que lhes ensine a orar. O Pai Nosso é chamado de oração modelo não porque deva ser decorado e repetido, mas porque apresenta os princípios que nortearão a vida de quem deseja fazer parte do reino de Deus. Neste artigo vamos analisar alguns destes princípios para obter uma melhor compreensão da mensagem que Jesus desejou comunicar.


Pai, Santificado seja o teu nome

A figura paterna representa o cuidado daquele que protege a família contra os inimigos, a orientação que indica o melhor caminho a seguir e a correção para evitar que as atitudes ruins se repitam causando uma tristeza maior. Quem chama pelo pai sabe que é filho e sente-se à vontade para abrir o coração e falar das alegrias, das tristezas ou simplesmente calar, e desfrutar de sua presença amorosa.

Na cultura hebraica os pais escolhiam para os seus filhos nomes que representassem o seu caráter. Quando alguém dizia o seu nome falava de si e da missão que deveria desempenhar. Jesus é o Deus conosco. O Deus que renunciou à sua glória para tornar-se conhecido por toda a humanidade. O seu nome também significa: "Javé (o Senhor) é ou dá a salvação "1


Venha o teu Reino

Deus respeita o desejo de seus filhos. Embora pudesse impor a sua vontade, ele prefere ser convidado a agir. Aí está a força da súplica "Venha o teu reino". Ela vem do coração e é fruto do desejo daquele que pede que chegue logo o momento em que Deus regerá o mundo de acordo com o seu propósito original.


Dá-nos a cada dia o pão

A palavra pão carrega um significado fortíssimo. Ele é o alimento que garante a vida, produz força para o trabalho e proporciona prazer quando é distribuído nas festas que celebram conquistas ou simplesmente comemoram a oportunidade de reunir os amigos. A ausência de pão traz fome, tristeza e morte. O ato de pedir a Deus o pão de cada dia representa a confiança absoluta de que ele cumprirá aquilo que prometeu e suprirá com fartura tanto as necessidades físicas quanto as espirituais.


Perdoa os nossos pecados, pois também perdoamos (...)

Perdoar significa doar completamente, de uma forma que não restará nada mais a acrescentar. Esta atitude se chama graça e é produzida por um coração que ama apaixonadamente as suas criaturas, o coração do Pai.

Se pudéssemos falar num passaporte para o Reino de Deus ele seria o perdão. O ser humano é imperfeito e nunca seria capaz de purificar-se a ponto de apresentar-se diante de Deus livre de pecado.

É a graça Divina que perdoa incondicionalmente sem cobrar pagamento nem exigir recibo. Sua única condição é ser transmitida por aquele que foi perdoado, ao seu semelhante também necessitado de acolhimento. Quando não compartilhada, a graça desfigura-se e se transforma em egoísmo. Perdoar o outro é a única resposta possível ao perdão que recebemos do Pai.


Não nos deixes cair em tentação

Precisamos de proteção nesta sociedade tão violenta e corrompida. As tentações apresentam-se como ofertas irrecusáveis que proporcionam prazeres intensos, mas são armadilhas das quais devemos nos afastar. Deus oferece proteção, apoio, força e a garantia de que nenhuma tentação será maior do que a nossa capacidade para suportá-la (I Coríntios 10.13). Enquanto aguardamos a manifestação do Reino de Deus, precisamos optar pela fidelidade e rejeitar o mal.

O Reino é de graça, pois é um presente e por ser presente não pode ser comprado, somente recebido pela fé de que Deus existe e abençoará aqueles que o buscarem (Hebreus 11.6).


NOTA


1) BOFF, Leonardo – O Senhor é o meu Pastor - p.90.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NOUWEN, Henri J.M. A volta do filho pródigo: a história de um retorno para casa - Tradução Sonis S.R. Orberg - São Paulo - Ed. Paulinas - 1997 - Coleção sopro do espírito.

BOFF, Leonardo - O Senhor é o Meu Pastor - Consolo divino para o desamparo humano - Rio de Janeiro - Sextante - 2004.