“Quando Jesus terminou de dar essas instruções aos seus doze discípulos, partiu daí, a fim de ensinar e pregar nas cidades deles. João estava na prisão. Quando ouviu falar das obras do Messias, enviou a ele alguns discípulos, para lhe perguntarem: És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro? Jesus respondeu: Voltem e contem a João o que vocês estão ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciada a Boa notícia. E feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim.”
Mateus 11.1-6.
João Batista foi o profeta do Reino de Deus, anunciou a sua chegada e teve o privilégio de ver a profecia se cumprindo. Agora ele está preso em virtude do seu compromisso com o evangelho. O ministério de João baseava-se na crença de que Jesus Cristo estabeleceria a glória de Deus para o povo de Israel, mas o cárcere o impedia de contemplar o seu sonho tornando-se realidade.
Esta limitação trouxe-lhe uma dúvida: “Será que eu anunciei a mensagem correta? É Cristo aquele que deveria vir ou precisamos continuar esperando?”. O profeta não teve medo, mandou chamar Jesus para receber os esclarecimentos necessários.
As dúvidas fazem parte da natureza humana incompleta. Os questionamentos nem sempre são sinal de rebeldia, pois quem pergunta deseja obter uma resposta. Ao perguntar a pessoa sente-se a vontade para expressar o seu sentimento sem o medo de ser rejeitado.
“Será que Jesus é verdadeiramente o messias esperado? A resposta não é dada em palavras, porque o messianismo não é simples idéia ou teoria. É uma atividade concreta que realiza o que se espera da era messiânica: a libertação dos pobres e oprimidos.”1
O evangelho não pretende trazer apenas conforto para a alma, quer ir além. Ao mudar as condições de vida daqueles que não têm esperança. Cegos, paralíticos, leprosos e surdos não teriam qualquer possibilidade de obter uma vida digna nos tempos de Jesus. A cura das doenças os reinseria na comunidade. A nova vida espiritual correspondia tanto a uma esperança na eternidade quanto a novas perspectivas profissionais e familiares. Era uma ressurreição social que precisava ser testemunhada.
O Reino de Deus resgata pessoas das trevas trazendo-as para a luz da comunhão com Deus e do relacionamento com o seu próximo2. Não é possível pregar o evangelho do reino esquecendo-se da justiça social e do cuidado com os excluídos. Jesus deixou o exemplo que devemos seguir.
NOTAS
1 BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral P.1252
2 I Pedro 2.9 – “Vocês, porém, são raça eleita, sacerdócio régio, nação santa, povo adquirido por Deus, para proclamar as obras maravilhosas daquele que chamou vocês das trevas para a sua luz maravilhosa”
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
THOMPSOM, Frank Charles – Bíblia de Referência Thompson – Edição Contemporânea – Tradução de João Ferreira de Almeida – Ed. Vida – São Paulo 1999.
BOFF, Leonardo – Tempo de Transcendências – Ed. Sextante – Rio de Janeiro
NOUWEN, Henri J.M. A volta do filho pródigo: a história de um retorno para casa - Tradução Sonis S.R. Orberg - São Paulo - Ed. Paulinas - 1997 - Coleção sopro do espírito.
BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral – Tradução Ivo Storniolo, Euclides Martins Balancin – Paulus – SP – 1991.
Bíblia en Lenguaje Actual – Sociedades Bíblicas Unidas - Brasil