O FIM DO PERDÃO
"Dias virão - oráculo do Senhor Javé - em que vou mandar a fome sobre o país: não será fome de pão, nem sede de água, e sim fome de ouvir a palavra de Javé”. Amós 8.11
Fome e sede são sentimentos básicos. O pão e a água permitem que o corpo mantenha as funções vitais, mas a simples sobrevivência não é suficiente para trazer sentido à vida.
Para ser feliz, o ser humano precisa de algo que faça o seu trabalho valer a pena. O homem é capaz de grandes renúncias, ele pode se dedicar a tarefas extenuantes, desde que receba uma recompensa pelo esforço feito. Definitivamente, não havia recompensas na terra do profeta Amós.
A distância entre as classes sociais aprofundava a opressão Enquanto os ricos viviam nos palácios comendo o que havia de melhor e fazendo do desperdício o seu estilo de vida, os pobres eram vendidos como escravos para pagar as suas dívidas. "Para comprar os fracos por dinheiro, o necessitado por um par de sandálias, e vender o refugo do trigo?” (v.6)
A cesta de frutos apresentada ao profeta representava o fim da tolerância divina com os desmandos da classe dominante "Isto me mostrou o Senhor Javé: Vi uma cesta de frutas maduras” (v.1). A partir daquele momento, os profetas iriam se calar e não clamariam mais pelo arrependimento, pois a chance do perdão havia chegado ao fim. "E Javé me perguntou:” O que é que você está vendo, Amós?”Eu respondi:” Uma cesta de frutas maduras “. Ele me disse:” Está maduro o fim para o meu povo Israel; não o perdoarei mais “(v.2)”.
A invasão daquela terra conquistada após tanta luta, a captura do povo, que seria levado ao exílio para ser escravizado, interromperá o sono de soberania acalentado no coração de cada israelita.
De que adianta ter todo o dinheiro do mundo, se não há onde gastá-lo, se não há amigos com quem celebrar as conquistas, se o país está devastado? É neste momento que a palavra de deus faz a diferença. Ela toca o coração e fortalece o espírito cansado.
O pecado de Israel consistia em abandonar a misericórdia, transformar as pessoas em mercadorias e fazer planos para enriquecer fraudulentamente: "Escutem aqui, exploradores do necessitado, opressores dos pobres do país! Vocês ficam maquinando: Quando vai passar a festa da lua nova, para podermos pôr à venda o nosso trigo? Quando vai passar o sábado, para abrirmos o armazém, para diminuir as medidas, aumentar o peso e viciar a balança?” (v.4-5).
O castigo não seria o exílio, ou a escravidão, a verdadeira punição consistia em desejar encontrar a Deus e não conseguir, ter fome e sede da palavra e não poder saciá-las. "Irão cambaleando de um mar a outro, irão sem rumo do Norte para o Oriente, à procura da palavra de Javé, e não a encontrarão. Nesse dia, vão desmaiar de sede as jovens mais belas, e também os rapazes”.(v.12-13).
A fartura econômica que se apóia na exploração dos humildes ofende a Deus e precisa ser abandonada. O pouco produzido com justiça, será multiplicado e os que confiam no Senhor vão prosperar e viver em paz.