sexta-feira, setembro 14, 2007

UM DIA DE ESCÁRNIO

UM DIA DE ESCÁRNIO


É revoltante contemplar o cinismo dos políticos, que agem como se o povo não existisse. Sempre que penso no conceito de cidadania, lembro da copa do mundo e de como os brasileiros participam, exigindo explicações dos jogadores, técnicos e dirigentes, em caso de má atuação do time. Quando há uma vitória todos saem às ruas com orgulho, para comemorar.


Imagine se esta dedicação à pátria fosse dirigida com a mesma intensidade aos políticos. Com certeza eles pensariam duas vezes antes de escarnecer escancaradamente a população, da forma como vêm fazendo.


Enquanto não nos mobilizamos para responder civicamente às provocações dos “representantes do povo”, volta e meia eles são surpreendidos por manifestações violentas, que lhes trazem à tona a realidade da qual eles procuram esconder-se dentro de seus gabinetes climatizados.


Num e-mail, meu amigo Cadu, relembrou dois destes acontecimentos e lamentou o resultado da sessão secreta que absolveu o senador Renan Calheiros.

Unindo-me a ele neste protesto, decidi publicar a sua carta neste blog.


Marcos Vichi


Em 13/09/07, sindicato sou escreveu:

Não tenho blog, e por isso mesmo aborreço meus parceiros com minhas inquietudes. Publíque-as. Ou não.

Ataque às Hordas do Poder

Ontem na sala de aula, antes de uma aula de exegese do Novo Testamento, fui questionado sobre a ‘canalhada’ promovida pelo (e no) senado sob a regência do Sr. Renan Calheiros. Meus olhos chispantes e segundos de silêncio – ulceroso - exatemático me denunciavam o ódio. Foi me subindo uma nevralgia, ânsia, ulcera ódio e mais ódio, ódio cíclico, ódio fecundo, agindo diretamente na central do meu rancor auto-inebriante. GRRRR!! Minha resposta foi mais ou menos assim: Nós perdemos a oportunidade da terceira parte da trilogia “Ataque às Hordas do Poder”.

Primeiro ataque:
  • ‘Presa em flagrante, mulher diz que esfaqueou ACM Neto por causa de reajuste. ’
    GABRIELA GUERREIRO. FELIPE NEVES da Folha On-line, em Brasília e São Paulo. A mulher que esfaqueou o deputado federal Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), na tarde desta segunda-feira, foi presa em flagrante e autuada por tentativa de homicídio, segundo o delegado titular do 16º DP de Salvador, Wilson Gomes. Em seu depoimento, Rita de Cássia Sampaio de Souza, 45, mencionou como razões para o ato: o reajuste de 91% concedido aos parlamentares e um descontentamento geral com relação aos políticos brasileiros...O incidente aconteceu às 12h40. Segundo o delegado, Rita usou uma peixeira para agredir o deputado. O golpe foi desferido pelas costas. Ele passa bem e está em observação no Hospital da Bahia.

Queria presenciar a cena, e aplaudir de pé a postura de beatitude da dona Rita, que pra mim é uma espécie de Che e Madre Teresa, numa só pessoa.

Segundo ataque:
  • Tiros atingem trem com ministros ao passar por favela no Rio - Plantão Publicada em 10/09/2007 às 14h37m - Reuters/Brasil On-line. Por Pedro Fonseca RIO DE JANEIRO (Reuters) - Um trem em que viajavam os ministros das Cidades, Márcio Fortes, e da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito, foi alvo de disparos de supostos traficantes, nesta segunda-feira, na zona norte do Rio de Janeiro, depois de a comitiva ter sido alertada por policias a evitar o local. O governador do Rio, Sérgio Cabral, esteve presente à solenidade de inauguração, mas deixou o local de helicóptero e não participou da viagem de trem. Houve tiros duas vezes na passagem do trem pela favela do Jacarezinho (zona norte), e as autoridades se jogaram no chão para se proteger, confirmou a polícia... Que descartou a possibilidade se tratar de balas perdidas. "É um absurdo o Estado não poder oferecer o próprio serviço. Não é cabível que um ministro de Estado não possa levar o serviço até aquela comunidade porque ele não pode passar ali que vai ser rechaçado a tiros", acrescentou. "Por isso, estamos fazendo um investimento maciço no Rio para a melhoria da qualidade de vida das favelas... de modo que se reverta esse ambiente considerado perigoso. Tem que ser um bairro como outro qualquer", acrescentou.

Vale acrescentar que em consonância com a fala do Senhor Ministro Márcio Fortes, o gov. do Rio Sérgio Cabral, exigiu uma diligência mal pensada e de estratégia atabalhoada (puro rechaço) da Força Nacional ao Jacarezinho, com o saldo inteligentíssimo de 1 morto e nenhum preso. Eu, ingenuamente achando que os caras olhariam para suas práticas e pensariam: ...’ as pessoas estão tão descontentes... Será que eu sou tão mal representante do povo assim?...’, não esperava que as autoridades agissem como ditadores que tratam o público como privado, como verdadeiros senhores-de-engenho, defendendo suas cercanias (que não são suas são roubos e despojos latifundiários). Lembrei-me de Augusto Pinochet.


A derradeira parte da trilogia ‘Ataque às Hordas do Poder’ seria com as pessoas nas ruas, desde cedo - para exigir a cassação e tramitação legítima no caso ‘Renan Calheiros’, que deveria ocorrer em sessão e com votação aberta, como convém à democracia – manifestando indignação pelo pacto social quebrado e corrompido por essas hordas, para então depô-las como traidores da nação. Pelo sim ou não das decisões, fecharíamos o Senado e voltaríamos pra casa com orgulho, civilizados e honrados.


Cadu

6 comentários:

Anônimo disse...

Então Cadu e Romão,
quem topa uma viagem pra Brasília?
A gente junta um pessoal e vai, pela fé...
Vamos?
Podemos começar a ir até a ALERJ e até a "gaiola de ouro" cobrar certas coisas, é mais perto. Mas Brasília tbm seria bom...

Abs,
Pedro.

Agnes Alencar disse...

Querido Marcos, obrigada pelo seu comentário.
Não tive oportunidade de ler o livro...queria muito..mas está esgotado não?
vc tem?

Agnes Alencar disse...

ps. gostei tanto do blog que linkei ele no meu =D

semeador disse...

fala marcos.. "cuíra", no uso paraense, significa algo como "agoniado", "aperreado", muitas vezes no sentido de "com pressa".

se você tiver um aurélio, procure a palavra, lá deve explicar melhor. e sim, é vocabulário regional, mas está lá que eu já vi. rsss.

usei no texto como substantivo, apesar de não ser bem esse o uso. o que eu quis dizer foi que por aqui as pessoas ficam incomodadas, esperando, querendo que a chuva passe logo.

no Pará a chuva gera outros tipos de sentimento. por exemplo:

- quando é a hora da sesta, ou mesmo de noite, nada melhor que uma chuva.. a gente já vai ficando mole de sono, liga o ventilador e às vezes consegue até puxar o lençol (lembre q belém é sempre quente);

- quando é hora de sair pro trabalho, e a chuva desaba, tão forte que não se vê mais que 20 metros adiante, é hora de ligar pro patrão e avisar: "tô preso na chuva, saio de casa assim que baixar o rio que tá passando na frente do meu prédio", rssssss...

- quando é em julho, e isso até novembro mais ou menos, diminuem as chuvas.. ficam mais curtas e fortes, como as chuvas de verão daqui.. na verdade, de junho/julho a novembro é que chamamos de verão lá em cima..

- mas quando vem chegando dezembro, o tempo vira completamente, e vêm os dias nublados e chuvosos, que têm cara de Natal! a temperatura média cai da casa dos 30 pra casa dos 20 (não menos que isso), e tudo fica muito mais confortável.. é tempo de viajar pelos rios do interior, visitar as praias da região das ilhas de belém (cutijuba, mosqueiro, outeiro..), etc..

- eh bom lembrar que no Pará ninguém deixa de sair de casa ou de ir à praia por causa de chuva.. e nada melhor, certas horas, do que tomar banho de chuva.

- quando se está voltando pra casa, do trabalho ou da aula, de repente começa a chover e vc descobre que esqueceu o guarda-chuva, logo aparece alguém pra recitar o velho ditado (paraense?): "quem vai pra casa, não se molha."

- mas sabe o que descobri, depois de dois anos morando aqui? que existe uma coisa da chuva lá em cima que não existe aqui. lá, a chuva vem, lava o céu, o ar, as árvores, a cidade, as pessoas, e depois, logo em seguida, abre um sol, mas um sol!!!! e tudo fica brilhante, limpo e bonito... como Belém é bonita depois da chuva!!!

rapaz, escrever isso tudo me deixou saudoso. ou "cheio de" saudade, como vcs dizem aqui...

vou indo. grande abraço. e valeu por me fazer trazer à tona estas lembranças nortistas.

semeador disse...

eu me amarro em chuva e em céu negro...
mas não nego o quão bonito é um dia de sol,
e quão bonitas ficam as pessoas, as árvores e a água no fim-de-tarde,
e também ao amanhecer, quando o espetáculo do sol no horizonte é dado a poucos.

aliás, ver o sol também me chama pra rua,
nem que seja pra ir na esquina comprar pão.
rssss...

grande abraço, romão.
obrigado pelo retorno.
andré

Anônimo disse...

Oi Marcos!
Fiquei surpresa com o seu comentário.. Adorei! Só li agora, como você viu, cada vez mais enrolada... Gostei muito do seu blog! Ainda não li tudo, mas assim que der leio! Devagar e sempre! Que bom que gostou do texto, por enquanto de interessante mesmo não teve muita coisa, mas aos poucos melhora. ;) Assim que conseguir me organizar começo a organizar o blog, inclusive linkando o seu! Parabéns!!!
Beijos...