BUSCAR A DEUS É VIVER
“Buscai o bem e não o mal, e vivereis; e o Senhor Deus dos exércitos estará convosco, como o dizeis. Detestai o mal, amai o bem, fazei reinar a justiça nas vossas assembleias; talvez então o Senhor, o Deus dos exércitos, tenha piedade do que resta de José!” Amós 5.14-15
“Buscai o bem e não o mal, e vivereis; e o Senhor Deus dos exércitos estará convosco, como o dizeis. Detestai o mal, amai o bem, fazei reinar a justiça nas vossas assembleias; talvez então o Senhor, o Deus dos exércitos, tenha piedade do que resta de José!” Amós 5.14-15
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INTRODUÇÃO
O mês de Junho de 2013 chegou prometendo ser como
todos os outros junhos dos anos anteriores. O evento que chamava mais a atenção
era a copa das confederações, que não despertava muito o interesse das pessoas,
porque a seleção brasileira não estava empolgando ninguém com o futebol que
apresentava.
Até que as autoridades decidiram que já havia
chegado a hora de fazer o reajuste das passagens de ônibus, que estava
prometido desde 01/01, mas que havia sido adiado por conveniências político
econômicas. Seria um pequeno aumento, só R$ 0,20, quem iria se importar? Afinal
de contas o brasileiro é um povo acomodado que vê as coisas erradas acontecendo
e não toma nenhuma atitude.
Mas, a indignação estava se acumulando
silenciosamente, como numa panela de pressão. Gastos excessivos e remoções
forçadas por conta dos grandes eventos (Copa das Confederações, Copa do Mundo e
Olimpíadas), o péssimo estado dos transportes urbanos, o elevado índice de
corrupção nacional e tantas outras razões serviram de pano de fundo para que o
povo se levantasse e decidisse sair às ruas para buscar mudanças e respeito aos
seus direitos de cidadão.
O texto bíblico que acabamos de ler é uma palavra
de Amós, que enfrentou muita resistência e pagou um alto preço por decidir
permanecer fiel ao seu chamado. Como o exemplo do profeta pode nos ajudar a
lidar com uma estrutura social corrupta e avessa aos princípios divinos? Diante
da situação atual, qual deve ser o papel da igreja protestante, carioca e
brasileira?
Amós foi um exemplo, porque levantou a sua voz para
denunciar as injustiças cometidas no seu tempo. Ele clamava...
1. Contra a corrupção generalizada, que
produz a decadência de uma nação.
"Assim
diz Javé: Por três crimes de Israel e pelo quarto, eu não vou perdoar: porque
vendem o justo por dinheiro e o necessitado por um par de sandálias". Amós
2.6
·
A corrupção produz a decadência porque a riqueza
produzida fica concentrada na mão de poucos.
·
A corrupção estimula o egoísmo predatório, cada
um cuida do que é seu e ninguém olha para o próximo como um semelhante criado e
amado por Deus.
·
O outro é sempre uma ameaça que precisa ser
contida.
·
Dividida contra si mesma, a terra se enfraquece
e sofre.
·
Quando a riqueza é fruto do trabalho honesto,
ela estimula o amor do povo à sua terra, pois o indivíduo valorizará o lugar de
onde ele tira o seu sustento.
Amós
denunciava que...
2. Cada esfera da vida pública estava
contaminada e não conseguia desvincular-se da iniquidade.
"Não
sabem viver com honestidade – palavra do Senhor – aqueles que em seus palácios
entesouram violência e opressão". Amós 3.10
·
Os ricos não tinham mais pudor de enriquecerem a
custa da exploração dos mais pobres. O versículo sete do capítulo cinco afirma:
“Ai dos que transformam o direito em
veneno e atiram a justiça por terra”.
·
Os pesados tributos retiravam da mesa do
trabalhador o que ele produzia de melhor e o restante, não era suficiente para
alimentar a sua família.
·
De tão comum, a iniquidade já não causava
indignação. O jogo sujo dominava a conduta social e se alguém ousasse
discordar, sofreria as consequências.
·
Novamente o profeta observa que: O medo de falar
a verdade calava os justos. “Por isso o
prudente se cala neste tempo, porque é tempo mau”. (v 13).
·
Mas, é impossível suportar tanto desequilíbrio
indefinidamente.
Amós não se calava ao perceber que...
3. As escolhas políticas das lideranças não
buscavam a solução dos problemas, mas a manutenção do poder.
"Não
procurem Betel, não façam romarias a Guilgal, nem corram para Bersabéia. Pois
Guilgal irá toda para o exílio e Betel será reduzida a nada". Amós 5.5
·
Sentindo a ameaça das nações ao seu redor,
Israel buscou alianças políticas e militares com vizinhos que pudessem lhe
oferecer proteção contra os grandes e poderosos impérios inimigos.
·
O erro desta estratégia estava em se esquecer de
cuidar do principal problema: A injustiça social e o consequente afastamento de
Deus.
O profeta anunciava a mensagem que iria restaurar a
nação:
4. Ele dizia que: uma mudança radical era
mais do que necessária
"Assim
diz Javé à casa de Israel: Procurem a mim, e vocês viverão". Amós 5.4
·
“Buscai o
bem e não o mal”.
·
E não bastava somente buscar o bem, tinha que
haver uma mudança radical: “Detestai o
mal”.
·
Para que o Senhor voltasse a se agradar do seu
povo, eles precisariam estabelecer a justiça como o a regra máxima a orientar
as suas decisões.
·
As celebrações religiosas seriam inúteis se não
acontecessem como fruto de um verdadeiro arrependimento e do desejo de fazer
com que a justiça se tornasse a oferta principal a ser apresentada no altar.
·
Deus chama o seu povo para se afastar do mal e
buscar a justiça e a misericórdia como estilo de vida.
CONCLUSÃO
Desde a época de Amós, até os dias de hoje, o
anseio das pessoas permanece o mesmo. Todo o desenvolvimento econômico e
tecnológico ainda não foi capaz de produzir uma sociedade mais justa. Os
profetas ainda são necessários para denunciar os acordos fraudulentos que
enriquecem a poucos privilegiados à custa do sofrimento de muita gente.
É neste contexto que o ministério da igreja ganha
relevância. Ela precisa ser a voz daqueles que não têm força para clamar contra
os abusos que sofrem. Ela não pode acomodar-se à “zona de conforto” dos
conchavos políticos sob pena de perder tanto a credibilidade quanto o seu
espírito.
O livro do profeta Amós nos desafia a olhar para a
justiça social com mais atenção e com seriedade. Não é possível construir a
história de um país baseada na corrupção. Cedo ou tarde as consequências
aparecerão e não serão agradáveis.
A justiça é um assunto espiritual e não pode ser
desprezada pela igreja que deseja desempenhar um papel transformador neste
mundo. Que o exemplo de Israel, relatado na bíblia, nos leve a uma mudança de
atitude e a um compromisso maior com os princípios do evangelho.
Ainda é cedo para fazer a contabilidade dos erros e
dos acertos deste movimento, que tomou as ruas do Brasil, mas ele serviu para
dar um pequeno exemplo de que quando os cidadãos decidem se manifestar, eles
podem conquistar vitórias importantes para a sua comunidade e para o seu país.
Que o gigante realmente tenha despertado do seu
eterno sono no berço esplêndido e se levante decidido a melhorar o Brasil. E
que a igreja de Cristo, não perca a oportunidade de atender ao pedido de Jesus
para que ela seja “sal da terra e luz do mundo”.