segunda-feira, agosto 14, 2006

APROVEITE A VIDA


APROVEITE A VIDA

“Então examinei as coisas que se fazem debaixo do sol, e cheguei à conclusão de que tudo é fugaz, uma corrida atrás do vento.” Eclesiastes 1.14 (Edição Pastoral)

Diante de uma sociedade obcecada pelo acúmulo de poder e de riqueza, onde uma pessoa não vale pelo que é, mas pelo que tem ou pelo que faz, o Coélet(1) exprime a sua opinião: tudo é fugaz.

Em busca do reconhecimento de seu valor como pessoa, o indivíduo se submete a pressões cada vez maiores e assume tantas tarefas que, para dar conta de tudo, ele se afasta da família e dos amigos porque não tem tempo. Esta sede de realização pessoal pelo ativismo leva a uma inversão de valores: o poder torna-se mais importante que o amor, os colegas de trabalho substituem os amigos e a solidão transforma-se no resultado de uma vida exclusivamente voltada para o trabalho. Uma corrida atrás do vento!

Por mais que se tente ignorar este fato, a vida é fugaz. O ser humano deseja ser eterno e poderoso, ele tenta convencer-se de que tem o controle sobre a sua vida, sobre o outro, sobre a natureza, etc. Mas freqüentemente é surpreendido pela doença, pelas tragédias e pela morte, sobre as quais ele não possui nenhum controle.

A fraqueza é um defeito imperdoável neste mundo de fortes, ela precisa ser escondida a qualquer custo. Os fracos não são bem-vindos e devem ser excluídos. A idéia da morte incomoda porque apresenta a fraqueza essencial do homem: desde o poderoso chefe de Estado até o anônimo mendigo, ninguém pode fugir dela.

Visto que a vida é um bem tão precioso, mas ao mesmo tempo tão tênue, qual é o proveito de se acumular tanto poder, tanta riqueza e depois não ter com quem desfrutar os resultados do “trabalho com que se afadiga debaixo do sol”? (Ecl. 1.3)

A preocupação do Coélet é com a qualidade de vida. De que forma este dom, que é a vida, tem sido utilizado? Que futuro será construído a partir das escolhas que são feitas hoje? Qual é o sentido de toda essa agitação? A maneira como estas perguntas serão respondidas determinarão se uma vida é produtiva e feliz ou se está sendo desperdiçada numa rotina desgastante de acordar, alimentar-se, trabalhar, voltar para casa, dormir, acordar...

O dinheiro, o poder e o sucesso só fazem sentido quando podem ser compartilhados. Ter uma comunidade com quem celebrar conquistas obtidas como fruto do trabalho traz uma razão para todo o esforço, é dom de Deus (Ecl. 5.18). “Fomos criados para amar, para conviver em amizade e comunhão com o Criador e toda a sua criação.” (2) A vida é curta e não deve ser desperdiçada. Aproveite a oportunidade que você recebeu, aproveite o dia. Esta é a vontade de Deus.

NOTAS

(1)Coélet é a forma aportuguesada do hebraico Qohélet, termo utilizado pelo autor para referir-se a si mesmo.
(2) SOUZA, Ricardo Barbosa de. O Caminho do Coração, p. 61.

REFERÊNCIAS bIBLIOGRÁFICAS:

SOUZA, Ricardo Barbosa de. O Caminho do Coração – Ensaios sobre a Trindade e a Espiritualidade Cristã. Encontro Publicações - Curitiba – 2002

BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral – Tradução Ivo Storniolo, Euclides Martins Balancin – Paulus – SP – 1991

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